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Governo aposta em acordo com Fiocruz para vencer judicialização e problemas crônicos da saúde em MT

Da Redação - Lucas Bólico

Nenhuma entrevista ou pronunciamento foi feito sem o uso da palavra “expertise” durante a assinatura do Termo de Cooperação Técnica firmado entre o Governo do Estado de Mato Grosso e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na tarde desta terça-feira (24), em Cuiabá. Porque essa é aposta da Secretaria de Saúde do Estado para superar problemas crônicos e históricos da saúde em Mato Grosso: o know-how da maior instituição do país em pesquisa, ensino, produção e inovação em serviços de saúde.

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 Os desafios a ser superados pela parceria foram definidos pelo Governo do Estado em janeiro, com base nas informações obtidas desde a transição do governo até o período que sucedeu a posse. A “judicilização” da saúde é um dos obstáculos que precisam ser vencidos, além da qualificação de recursos humanos, a análise do setor para a apresentação de propostas de intervenção, o fortalecimento das gestões hospitalares e uma avaliação da rede de alta e média complexidade.

O secretário estadual de Saúde, Marcos Bertúlio, explicou como a parceria poderá ajudar a resolver a judicialização da saúde. “Um dos motivos da judicialização é a falta de medicamentos, a Fiocruz tem um laboratório próprio, então tem toda uma expertise que a gente precisaria para poder conhecer essas necessidades, os produtos equivalentes que poderão ser trabalhados pelo Estado e em suporte para os municípios, porque alguns medicamentos hoje são de responsabilidade dos municípios”, alega. “Independentemente disso estamos trabalhando em parceria com a Secretaria de Estado de São Paulo, que está nesse momento aqui com um coordenador e um procurador que atende essa judicialização lá, exatamente para poder prestar-nos assessoria de como implementar essa organização para reduzir a judicialização no estado de Mato Grosso”, completa.

Quadro vergonhoso

O governador Pedro Taques (PDT) aproveitou a oportunidade para renovar compromissos de campanha e se disse envergonhado a maneira como a saúde era tratada em Mato Grosso. “Eu disse durante a campanha eleitoral muitas vezes que Mato Grosso é campeão de soja, algodão, milho, girassol, ouro, diamante e também de gado bovino. Mas ao lado disso Mato Grosso é campeão nacional de lepra [hanseníase]. Nenhum estado tem mais leprospos que Mato Grosso. Nós somos campeões nacionais de leishmaniose, tuberculose. Temos muitos morrendo de câncer de próstata. Temos muitos a pior atenção primária do Brasil, portanto eu sou governador do Estado de Mato Grosso com muito orgulho, mas eu tenho vergonha de viver em um estado em que não se dá valor a saúde pública necessário e que nós todos desejamos”, discursou.

O médico sanitarista Ziadir Francisco Coutinho, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, comentou em entrevista ao Olhar Direto que o quadro da saúde em Mato Grosso é preocupante, segundo as informações passadas pela gestão estadual. “Eles mesmo [governo] nos passam nesse momento um quadro bastante calamitoso. Seja de desorganização na área de medicamentos, de desorganização da área de assistência hospitalar e outros precisando definir encima de esqueletos o que fazer”, explica.

“Na área de doenças negligenciadas, como hanseníase, o estado de Mato Grosso é o primeiro no país, com 10 vezes mais do que se encontra a média dos estados brasileiros. Outras doenças como leishmaniose e malária que precisam de uma intervenção na área. No que tiver ao nosso alcance, vamos ajudar Mato Grosso na sua reconstrução”, finaliza. 

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha destacou a celeridade com que o convênio foi providenciado e a seriedade e credibilidade do projeto. “Quando o Marcos [Bertúlio] nos procurou na Fiocruz trazendo esse desafio de estabelecer uma cooperação com Mato Grosso trazendo já delineamentos daquilo que ele já considerava mais relevante dos desafios que estaria enfrentando a partir de um novo governo, pós sentimos que ali se colocava uma oportunidade muito rica, porque primeiro percebemos uma lucidez em relação a um bom diagnóstico e uma boa direcionalidade que uma boa gestão se coloca os desafios em um estado tão importante , mas com desafios tão importantes”, alegou.
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