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Após cirurgia de separação, gêmeos seguem em estado grave em hospital

G1

Um dia após serem separados, os gêmeos Arthur e Heitor, de 5 anos, seguem internados em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. Segundo boletim médico divulgado nesta quinta-feira (26), os meninos, que nasceram siameses, apresentam febre e não têm previsão de alta médica.

Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Eles foram separados em uma cirurgia que começou às 10h30 de terça-feira (24) e terminou cerca de 15 horas depois, às 1h50 do dia seguinte. Desde que nasceram, eles eram preparados para passar pelo procedimento.

Os médicos informaram que a operação transcorreu dentro do esperado. Inclusive, eles tiveram uma boa notícia, pois, diferentemente do que acreditavam, cada um dos gêmeos têm um intestino, uma bexiga e uma vesícula. No entanto, segundo o cirurgião pediatra Zacharias Calil, a bexiga de um deles não estava funcionando.

De acordo com o médico, Arthur está em um quadro mais delicado que Heitor. “Apesar de ser maior, ele era dependente do Heitor. Isso em relação a gêmeos conjugados é muito comum, sempre um puxa o outro, os alimentos e os nutrientes do menor. Por isso que o menor não desenvolve. Então, no momento da separação, que eles foram colocados em camas separadas, houve uma alteração abrupta e de difícil controle, mas o pessoal da anestesia conseguiu recuperar em minutos e ele voltou ao normal”, conta o pediatra.

O cirurgião reforçou que os próximos dias são fundamentais para a recuperação dos gêmeos. “Esses próximos dias são cruciais porque agora é uma outra etapa, passaram por uma etapa cirúrgica e agora uma etapa clínica que eu também acho difícil porque são dois pacientes graves internados e tem que estar com assistência integral”, pondera.

Emoção
Os pais dos meninos disseram que o momento mais difícil que a família passou nos últimos dias foi ver os meninos entrarem no centro cirúrgico. “Foi um momento tenso porque estava entregando meus filhos para uma cirurgia muito complexa", disse o pai, Delson Brandão.

Em contrapartida, eles se emocionaram muito ao ver os filhos saírem em camas separadas do centro cirúrgico. "Se por um lado um momento tenso foi a entrada para o centro cirúrgico, o momento mais emocionante foi a saída, quando a gente viu cada um saindo em uma caminha separada, tranquilo, com batimento cardíaco, a gente ficou muito feliz”, relatou o pai.

O pais dos gêmeos divulgaram um vídeo dos irmãos, antes da cirurgia, em que eles agradecem às mensagens de apoio. A mãe dos meninos, a professora Eliana Ledo Rocha Brandão, também agradeceu ao apoio e pediu que as pessoas continuem torcendo pela recuperação dos filhos.

Caso
Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, a mãe dos siameses veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuam no Nordeste.

Eliana afirma que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuem nenhum problema cognitivo. Inclusive, ela os alfabetizou: "Eles já sabem ler e escrever, aliás, são avançados para a idade deles".

Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia, segundo a mãe. "Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro", disse a mãe antes do procedimento.
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