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Manual do bixo' incentiva violência e consumo de bebida alcoólica na USP

G1

Um manual supostamente produzido por veteranos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP), com conteúdo discriminatório e ofensivo estava sendo vendido dentro da instituição aos calouros até essa terça-feira (10). Frases como "Bixo NÃO ACHA nada; Doutor NUNCA foi bixo; Bixo NUNCA será doutor" compõem o livreto, que teve o conteúdo denunciado à diretoria da universidade.

O professor doutor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, que constatou a venda, pediu a instalação de uma sindicância para identificar os responsáveis pela publicação. "Como pode, em um espaço onde o debate e a liberdade de expressão devem ser incentivadas, um estudante ser impedido de ter uma opinião e dizer o que pensa?", questionou. A Esalq afirmou, nesta quarta-feira (11), que abriu a sindicância para apurar o caso. (Confira abaixo trechos da publicação).

O material, que integra um "Kit Bixo" vendido por R$ 80, também dá direito a dois ingressos para a "Maratoma", uma competição entre os alunos para ver quem consegue ingerir mais bedida alcoólica. "Eu tive acesso ao manual depois de receber denúncias de alunos que também ficaram indignados com o conteúdo. Isso é uma apologia ao consumo exagerado de álcool", relatou Almeida Junior.

O pesquisador da USP destacou que na página 99 do manual, o convite aos calouros para integrar a Torcida Baixaria Luiz de Queiroz (To.Ba.LQ) da atlética da universidade traz palavras agressivas, insultos e incentiva o sexo sem camisinha. O texto diz: "Com o intuito de incentivar nossos atletas, beber e ofender pessoas, a bateria mais antiga do Brasil, a To.Ba.LQ, tem o imenso (des) prazer em recebê-los em nosso seleto grupo de (des) ritmistas, vikings e (...). Aqui o único pré-requisito é a baixaria!".

O G1 teve acesso à publicação assinada pelo Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (Calq) e pela Comissão de Integração 2015 (CI). O manual apresenta também páginas de publicidade de empresas, como banco e copiadoras, bares e restaurantes, além de informações sobre grupos de pesquisa oficiais da Esalq com citações de nomes de docentes da universidade. "Esse é um dos motivos pelos quais solicitei a sindicância, para ver se os professores mencionados tinham conhecimento do conteúdo do material e se apoiam ou repudiam o que tem nele", afirmou Almeida Junior.

Esalq
A assessoria de imprensa da Esalq informou que a diretoria da universidade tomou conhecimento da existência da referida publicação, mas que não patrocinou e não esteve envolvida com a produção editorial e gráfica do texto, nem autorizou sua publicação.

A direção da instituição afirmou ainda que, depois da denúncia, deu início ao procedimento de sindicância.

A Esalq também explicou que a Comissão de Integração que assinou o manual não pertence à universidade, mas ao próprio Centro Acadêmico, que realizou a Semana de Recepção de Calouros.

Já o Centro Acadêmico publicou uma nota de esclarecimento sobre o manual do "Bixo 2015" na página do grupo em que se isenta da responsabilidade pelo livreto e afirma ter divergências com  o conteúdo. O Calq informou ainda que a Comissão de Integração é uma autarquia do Centro Acadêmico. A Comissão de Integração ainda não se manifestou sobre o assunto.
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