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Presidente do PT nega crise e diz que partido se reunirá para debater conjuntura

R7

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, negou que haja qualquer tipo de crise no partido, mas disse que pretende aproveitar o debate em torno do 5º Congresso Nacional do PT - que ocorrerá nos dias 11 e 14 de junho - para fortalecer a legenda. Em conversa com jornalistas neste sábado (14), ao chegar a evento na capital gaúcha, o presidente afirmou que o PT irá tomar medidas de ajuste

—Vamos tomar medidas de ajuste, renová-lo. O Brasil muda, o PT muda com o Brasil.

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Falcão disse que o partido vai se reunir após os protestos deste domingo (15) para avaliar os próximos passos a serem tomados.

—Existe um calendário, sim, no final do mês eu pretendo chamar todos os presidentes estaduais (do PT) para uma reflexão sobre a conjuntura, e nós vamos multiplicar esses atos. O nosso povo está indo para a rua.

Ele explicou que também existe a intenção de construir um "bloco político maior do que o PT", com a participação de entidades, organizações e partidos de esquerda, para avançar na reforma política e em outros projetos que o partido apoia, como a democratização dos meios de comunicação.

—Nós não vamos ser nunca linha auxiliar da oposição, mas também não somos beija-mão da situação. Temos nossa independência, nossa autonomia, e queremos ajudar o governo a avançar.

Perguntado sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre os rumos do partido, Falcão disse que Lula é a maior liderança nacional do Brasil.

—Ele é a maior liderança que o País já produziu. Ele tem dialogado conosco, com a presidente (Dilma Rousseff), tem uma intuição política notável.

Popularidade

Falcão afirmou que não vê crise econômica nem política no Brasil. Sobre o quadro político, avaliou que, diferentemente de uma crise, o que ocorre é um "jogo do Congresso com o Executivo". Algo que, segundo ele, já está sendo solucionado. E tratou a crise econômica como "dificuldades passageiras" que decorrem de uma crise mundial da qual o governo petista protegeu os brasileiros nos últimos 12 anos. "Essas dificuldades serão vencidas", disse.

Ele afirmou que considera natural que a popularidade da presidente Dilma Rousseff tenha caído nas pesquisas feitas no início do ano.

—No momento tínhamos uma conjugação de crise de falta de água em São Paulo e outras regiões, aumento natural que ocorre todo ano no IPVA, IPTU, nas tarifas de transporte e de energia. Era natural que houvesse um declínio da popularidade. Mas estamos confiantes, pelas políticas que nosso governo vem fazendo, pelo tratamento que está dando à crise e pela perspectiva de futuro para o nosso País, de que certamente ela vai retomar a popularidade.

Segundo Falcão, Dilma tem se dedicado a ouvir a população e "vai continuar a fazer isso, seja em Brasília ou nos eventos de que participa". Na sexta-feira (13), em um ato de defesa da Petrobras, no Rio de Janeiro, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, desafiou a presidente a sair "do palácio" e "ouvir o povo". Stédile é esperado neste sábado (14) à tarde no seminário do PT gaúcho, para participar do painel denominado "As lutas sociais no Brasil no atual momento político e o Recrudescimento Conservador". O evento é fechado à imprensa.

Perguntado sobre a citação de políticos petistas no âmbito da investigação Lava Jato, Falcão voltou a dizer que a "simples menção numa lista apontada por delatores não é sinal de culpa". Segundo ele, o PT defende que todos os políticos, independentemente do partido, supostamente envolvidos sejam ouvidos e tenham direito à defesa. Segundo ele, o PT não é um partido corrupto e não aceitará esse "tipo de estigma".

—No caso do PT, acreditamos na inocência de todos que foram citados. Caso se comprove com relação a qualquer militante culpa formada e condenação, o PT tem um estatuto que prevê punições, e a mais grave é a expulsão.

Impeachment

O presidente nacional do PT afirmou que o partido não está "apreensivo" com os protestos previstos para este domingo (15) no País contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a legenda encara esse tipo de manifestação com naturalidade.

—O que nós achamos que não podemos permitir é que haja violência, estímulo ao quebra-quebra e rompimento da legalidade, porque houve uma eleição. Quem quiser mudar a presidente deve esperar 2018.

Falcão argumentou que não existe "nenhuma base" para se discutir um processo de impeachment e que as instituições do Brasil estão trabalhando para punir os corruptos e os corruptores.

—Não há um fato jurídico, um fato concreto que motive qualquer pedido de impedimento, e do ponto de vista político menos ainda porque as pessoas relutam em falar nisso. Quem não quer a presidente, quem não quer o nosso governo, espere até 2018 para disputar nas urnas.

As declarações seguem o mesmo tom adotado pelo presidente petista em vídeo publicado na quinta-feira (12) direcionado à militância. Em Porto Alegre, ele elogiou os atos pró-Dilma realizados nesta sexta-feira (13) em 24 Estados pelo fato de terem ocorrido pacificamente. "No País todo houve manifestações. Em São Paulo ocorreu a maior delas, com mais de 50 mil pessoas, sem conflito, violência ou quebradeira", disse. Falcão ressaltou que os manifestantes defenderam a democracia, a reforma política e a Petrobras, mas também questionaram algumas políticas que o governo federal vem implementando e sobre as quais está "dialogando" com a sociedade.

Sobre a expectativa para os protestos anti-Dilma programados para este domingo (15), organizados pelas redes sociais, Rui Falcão afirmou que parecem ter "várias bandeiras". Ele disse acreditar que o engajamento de artistas e a divulgação por parte da imprensa pode levar a uma participação de grandes dimensões. Segundo ele, no entanto, a popularidade da presidente não se mede por esse tipo de evento.

—O fato de as pessoas poderem ir às ruas é sinal de que nosso governo e a presidente garantem a democracia no País.

Falcão chegou à capital gaúcha na manhã deste sábado (14) para participar de um seminário organizado pelo PT do Rio Grande do Sul. O ex-governador gaúcho Tarso Genro também está presente, assim como deputados federais e estaduais. O evento é fechado à imprensa.

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