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Notícias / Brasil

Doadores de campanha estão na lista do HSBC

O Globo

Ao menos 16 pessoas que doaram mais de R$ 50 mil na campanha eleitoral de 2014 também aparecem na lista dos brasileiros que eram correntistas do HSBC na Suíça em 2006/2007. Juntas, elas deram R$ 5,824 milhões para políticos de 12 partidos. Esta é a conclusão do cruzamento entre as pessoas físicas que mais dinheiro doaram às campanhas com os registros do HSBC vazados por um ex-técnico de informática do banco. Consultados, os doadores negaram irregularidades. Dois deles apresentaram provas de que declararam suas contas às autoridades brasileiras.

Ao todo, os tucanos foram os que mais receberam do grupo analisado. Aécio, outros candidatos do PSDB e diretórios do partido foram beneficiados como R$ 2,925 milhões. Já o PT e seus candidatos tiveram R$ 1,505 milhão de doações.

As planilhas do HSBC revelam que 10 dos 16 doadores analisados têm relação com empresas abertas em paraísos fiscais. Há uma preferência por Panamá e Ilhas Virgens Britânicas, mas também aparecem Uruguai e Bahamas.

Dos 16 clientes do HSBC que também foram doadores, dez ainda apareciam com contas abertas e em operação no período 2006/2007, pouco antes de os dados serem vazados.

DOADORES NEGAM PROBLEMAS

Quatorze dos 16 doadores de campanha que aparecem na lista do HSBC suíço disseram que não são donos de contas numeradas, que não estão envolvidos em irregularidades, ou preferiram não comentar o caso. Perguntados sobre provas documentais, nenhum deles apresentou ao GLOBO qualquer registro comprovatório da declaração dessas contas aos organismos oficiais.

O empresário Benjamin Seinbruch disse, por sua assessoria, que: “Todos os bens da família Steinbruch no exterior são legais. E a doação realizada em 2014 foi declarada à Justiça Eleitoral”. Jacks Rabinovich foi procurado através da CSN, mas a empresa informou que não poderia responder por ele.

Cláudio Szajman afirmou, por meio de sua assessoria, que “os ativos no exterior foram e são devidamente declarados à Receita Federal e ao Banco Central”. Francisco Humberto Bezerra enviou nota negando ter sido correntista do HSBC na Suíça. “Nego veementemente que eu tenha ou tenha tido, em qualquer época, conta corrente no banco, seja no Brasil, seja na Suíça”.

A assessoria de Hilda Diruhy Burmaian disse que “toda a vida financeira de Hilda é legal e declarada. Ela desconhece relação com o HSBC, mas reafirma que, se houve, era regular”. Carlos Roberto Massa informou que todos seus bens e valores “foram devidamente declarados aos órgãos competentes”. Paulo Roberto Cesso confirmou que teve conta corrente no HSBC da Suíça no período informado.

Justiça eleitoral
O advogado Miguel Ricardo Gatti Calmon Nogueira da Gama afirmou que nunca teve conta no HSBC do Brasil ou da Suíça. Disse ter mantido somente uma conta no exterior, no Banco do Brasil de Miami, declarada à Receita e ao BC.

Os empresários Alceu Elias Feldmann, Edmundo Rossi Cuppoloni, Roberto Balls Sallouti e Cesar Ades disseram, por suas assessorias, que não comentariam. José Antônio de Magalhães Lins e Gabriel Gananian não retornaram.

Os políticos que receberam dinheiro para suas campanhas em 2014 disseram que o financiamento foi declarado ao TSE.


 
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