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Família denuncia que jovem perdeu um olho em ação policial em Maceió

G1

A família de um adolescente de 16 anos procurou a Corregedoria da Polícia Militar para denunciar que ele levou um tiro de bala de borracha disparada por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), no último dia 5 abril, quando se dirigia ao Estádio Rei Pelé para assistir ao clássico entre CRB e CSA.

A bala de borracha atingiu o olho esquerdo do adolescente e ficou alojada atrás do nariz. O jovem precisou fazer uma cirurgia, mas perdeu perdeu a visão do olho atingido.

A Polícia Militar informou à reportagem do G1que deve abrir um procedimento administrativo para investigar as denúncias realizadas pelos familiares da vítima.

Torcedor do CRB, o adolescente diz que sempre freta um ônibus com amigos para assistir aos jogos. “Estava próximo à Praça do Centenário, quando avistamos uma confusão entre torcedores da Mancha Azul [torcida organizada do CSA] e a polícia. Várias pessoas começaram a correr e bateram no nosso ônibus, foi quando a polícia começou a atirar".

"Fiquei sem reação e quando acabou o barulho dos disparos, eu encostei na janela e fui atingido. Foi tudo tão rápido e senti uma dor insuportável”, lembra o adolescente, que foi socorrido e ficou internado alguns dias no Hospital Geral do Estado (HGE).

De acordo com irmão da vítima, José Carlos Nascimento, um dia após o ocorrido, os familiares foram até a Central de Flagrantes, no bairro do Farol, para formalizar uma denúncia. “Nós também procuramos a Corregedoria da PM e disseram que dentro de 20 dias um oficial de justiça iria nos procurar. Estamos aguardando”, afirma.

A mãe dele, Riva Magda Leite do Nascimento, 45 anos, conta que perdeu o marido há pouco tempo e que ficou muito assustada quando recebeu a notícia.

“Os médicos disseram que o globo ocular dele ficou destruído e que era preciso retirá-lo. O impacto foi tão forte que o outro olho também foi atingido, mas graças a Deus a visão não foi comprometida. Os médicos disseram que ele precisa de um acompanhamento com um oftalmologista, mas não temos condições de pagar. Pelo SUS demora muito e ele precisa com urgência”, lamenta Riva.

A mãe do adolescente, que tem outros seis filhos, conta que ele vendia frutas e verduras na feira para garantir o sustento da família. “Ele está de repouso absoluto e eu preciso cuidar dele. Não temos como nos manter. Vivemos de doações dos vizinhos e de pessoas que se sensibilizaram com o caso”, diz.

Como o adolescente retirou o globo ocular, precisa trocar duas vezes por dia o curativo. “Não temos condições de arcar com isso. Precisamos de soro, gaze, luvas e esparadrapo para que possamos trocar os curativos e que ele não pegue uma infecção”, lamenta a mãe emocionada.

Para ajudá-lo, uma campanha foi iniciada nas redes sociais. A amiga da família, Izabelly Batista, diz que muitas pessoas ficam sensibilizadas com o que ocorreu. “Deixei minha conta disponível e tem muitas pessoas que estão indo até a casa dele para ajudar. Sou torcedora do CSA, maior rival do CRB, mas nesse momento as torcidas precisam se unir”, diz.

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