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Mulher que perdeu boca, nariz e olho poderá reconstruir face, diz marido

G1

O rosto da dona de casa Leia da Conceição, de 41 anos, poderá ser reconstruído, segundo o marido dela, o auxiliar de serviços gerais Benedito dos Santos, de 40 anos. O casal retornou no sábado (11) para Macapá após ficar dois meses e 14 dias em Belém, no Pará, onde Leia passou por tratamento contra o câncer de pele. Em 2014, ela perdeu a boca, o nariz e o olho direito, de acordo com a família, enquanto esperava por tratamento oncológico no Amapá. A retirada de parte do rosto aconteceu em um período de seis meses, para evitar que o câncer se espalhasse para outras regiões da face.

A dona de casa viajou depois que a família e amigos mobilizaram-se em redes sociais para pedir ajuda. Ela chegou em 20 de janeiro em Belém, onde realizou exames e fez 16 sessões de radioterapia no Hospital do Câncer Ophir Loyola. Benedito contou que o retorno para Macapá aconteceu pela possibilidade de a mulher continuar o tratamento com a quimioterapia na rede pública de saúde amapaense. Ela foi encaminhada para o Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL).




Benedito disse que além do começo do tratamento, a informação da possibilidade de reconstrução da face da mulher foi recebida com alegria pela família. O casal ficou sem ver filhos e netos para partir em busca da cura contra o câncer de pele. Os momentos longe dos parentes foram considerados difíceis por causa da saudade que a casal sentia, segundo Benedito. Ambos se emocionaram quando lembraram os dias na capital paraense.

“Ela fez radioterapias e foi um momento muito difícil porque o tratamento é forte, estávamos longe da família, mas mesmo com tudo isso, foi gratificante pelo fato de as dores terem diminuído. Mas o que deixou a gente alegre foi a chance de reconstruir o rosto. Procurei informação sobre a possibilidade e fiquei feliz em saber”, comemorou o marido. Ele e a mulher ficaram na casa de apoio a doentes oncológicos, em Belém. O imóvel é alugado pelo governo do Amapá para pacientes em tratamento no estado do Pará.

A impossibilidade de reconstrução da face da autônoma era um dos medos da família. A cirurgia deverá ser requisitada ao Sistema Único de Saúde (SUS) por causa da dificuldade financeira da família, sustentada com um salário mínimo, na periferia da Zona Sul de Macapá.

Tratamento
O início do tratamento em Belém resultou em mudanças na vida da dona de casa, tanto na rotina quanto na aparência. Durante o período na capital paraense, Leia perdeu quase dez quilos. Ela também passou a respirar por um tubo na traqueia e se alimentar através de sonda. As medidas, segundo o marido, foram necessárias para preservar a face da mulher. As sessões fortes de radioterapia também resultaram na perda de parte do cabelo da mulher.

O marido de Leia falou que na estadia em Belém, o casal manteve-se com as doações de amigos e familiares. "Gastamos muito com remédios e táxis. Como passamos mais tempo no hospital do que na casa de apoio, nem usamos o dinheiro com outras coisas", contou.

A próxima etapa do tratamento será a quimioterapia. Segundo o marido, a fase seguinte será necessária para o alcance da cura do câncer, critério para reconstrução do rosto da dona de casa.

Câncer
O drama da autônoma Leia da Conceição começou depois do aparecimento de dores no nariz provocadas inicialmente por uma sinusite. Após exames mais aprofundados, a paciente foi diagnosticada com câncer de pele, em 2014.

A família diz que uma cirurgia naquela época seria a solução para a doença, mas a demora na emissão de passagens aéreas pelo governo do Amapá para tratamento da paciente em outro estado teria agravado o problema, resultando na perda da boca, nariz e o olho direito.

Sem dinheiro para a viagem, a autônoma aguardava pelo benefício do Tratamento Fora do Domicílio (TFD). A demora na liberação das passagens resultou na mutilação da paciente, afirma a família.

A primeira cirurgia no rosto da mulher aconteceu em agosto de 2014 e retirou o céu da boca e a cartilagem do nariz da paciente. A segunda ocorreu em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, o olho direito da autônoma foi retirado. A família teme que o câncer atinja outras partes do rosto de Leia.

A família conta que todos na casa voltaram as atenções para a autônoma, que necessita de cuidados especiais por causa da perda da fala como resultado da retirada da boca. A mulher se comunica por gestos. A família diz que apesar do sofrimento, ainda é possível ouvi-la sorrir.
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