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Quase 21 milhões de "escravos modernos" ainda são explorados no mundo

R7

Escondidos em fábricas, fazendas e casas de família, quase 21 milhões de “escravos modernos” estão espalhados pelo mundo, segundo estimativas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).   

Apesar de a escravidão que remete às senzalas e ao tráfico negreiro ter sido abolida durante o século 19, muitos trabalhadores vivem ainda hoje em condições análogas à escravidão, recebendo pouco ou nenhum pagamento por seus serviços ou sendo vítima de exploração sexual.
Em números absolutos, a Ásia é o continente com a maior porcentagem de escravos modernos do mundo, seguida da África. 

Ásia - 11,7 milhões – 56% 
África - 3,7 milhões – 18% 
América Latina e Caribe - 1,8 milhão – 9% 
Países desenvolvidos e União Europeia – 1,5 milhão – 7%
Apesar de a Ásia ter o maior número de escravos modernos, “se analisarmos a prevalência do fenômeno por habitantes, encontraremos uma maior proporção nos países do Leste Europeu, seguidos da África e do Oriente Médio”, afirma Fernanda de Castro Carvalho, oficial nacional de projetos da OIT no Brasil.
De acordo com dados da OIT, do número total de escravos modernos que, estima-se, existam atualmente, 11,4 milhões são mulheres e meninas e 9,5 milhões são homens e meninos,
Quase 19 milhões das vítimas são exploradas por indivíduos ou empresas privadas e mais de 2 milhões por grupos estatais ou grupos rebeldes.
Entre as vítimas que são exploradas por indivíduos ou empresas, 4,5 milhões (22%) sofrem exploração sexual.
Os setores que mais possuem escravos modernos são: agricultura, construção, trabalho doméstico, indústria e entretenimento. Cada vítima gera entre R$ 11 mil e R$ 104 mil por ano em lucros ilegais .

Os lucros ilegais com o trabalho escravo em todo o mundo chegam a R$ 450 bilhões em por ano. 

R$ 153 bilhões – Ásia 
R$ 138 bilhões – Países desenvolvidos e União Europeia 
R$ 39 bilhões – África 
R$ 36 bilhões – América Latina e Caribe
Grande parte das vítimas de exploração do trabalho é coagida a trabalhar por meio do uso de violência, intimidação, tráfico humano, cobrança de dívidas, retenção de documentos ou ainda ameaças de denúncia às autoridades de imigração. 

“Os trabalhadores migrantes e os povos indígenas são particularmente vulneráveis ao trabalho forçado”, afirma a OIT.
No Brasil, Fernanda, representante da OIT, afirma que não existe uma estimativa do número de trabalhadores escravos. 

— Os dados atualmente disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, desde 1995, quando o Brasil oficialmente reconheceu a escravidão moderna no país e quando os Grupos Móveis de Fiscalização foram criados, mais de 47 mil trabalhadores foram resgatados dessa condição.
Como não existem estimativas oficiais, não há parâmetros para indicar se o fenômeno tem diminuído ou não no país. 

— O que os dados mostram é que o número de trabalhadores resgatados por ano tem se mantido estável na última década, com destaque para alguns anos em que houve um número maior de resgates.
Diversas ONGs e organizações internacionais apontam o Brasil como um dos países que melhor tem combatido a escravidão moderna. 

Entre os fatores que levaram o País a ter esse conceito, está, em primeiro lugar, o fato de o governo brasileiro ter reconhecido a existência do problema, em 1995, e, consequentemente, ter criado os Grupos Móveis de Fiscalização, a Comissão Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e suas Comissões Estaduais, bem como a edição de dois Planos Nacionais de Combate ao Trabalho Escravo.
Mais recentemente, a Lista Suja (de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão) se tornou um instrumento de grande importância no combate ao trabalho escravo no Brasil. 

“A partir da lista, instituições públicas e privadas tem feito restrições comerciais a quem faz uso desta prática, como forma de diminuir riscos em suas cadeias produtivas e dar sua parcela de contribuição para a erradicação desse problema do país”, explica Fernanda.
“Com esse intuito é que surgiu o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo: uma iniciativa única no mundo que engajou o setor empresarial no enfrentamento a essa grave violação de direitos humanos, chegando a reunir mais de 400 empresas que representam cerca de 35% do PIB brasileiro”, completa a representante da OIT. 

— Essa iniciativa é reconhecida pela OIT como uma boa prática internacional e que contribui para o comprometimento do setor privado com a causa. Recentemente, o Pacto tornou-se um Instituto.
Vários países do mundo e, especificamente da América Latina, como Peru, Argentina, Paraguai, Colômbia, Bolívia e Equador tem demonstrado interesse nas boas práticas promovidas no Brasil.
 
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