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Mãe diz se sentir culpada por ex ter agredido filha: 'Ela vai sair dessa'

G1

A costureira que teve a filha de 7 anos agredida a pauladas pelo pai está se “sentindo culpada” por ter deixado a estudante com o ex-marido, que se matou após bater na garota. A mãe, de 32 anos, afirma que a dor aumenta a cada dia que a criança passa internada, mas crê na recuperação da menina. “Ela é forte, vai sair dessa. Ela vai sobreviver com a força de Deus”, disse em entrevista ao G1 nesta terça-feira (5).

A meninda está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgências de Goiânia, em estado gravíssimo. A agressão ocorreu na madrugada de domingo (3), na casa em que o pai da menina morava no Setor Mansões Goianas. A Polícia Civil suspeita que o crime foi cometido porque o auxiliar de serviços gerais não aceitava o fim do casamento com a mãe da criança, que durou mais de dez anos.




Para a corporação, o homem tinha a intenção de matar a filha e acreditou ter consumado o homicídio devido a uma das frases que ele deixou na parede do quarto, antes de se enforcar. "O que é meu eu vou levar", escreveu.

No entanto, a menina foi socorrida e encaminhada ao Hugo. Na tarde de segunda-feira (4) ela passou por cirurgia neurológica. Conforme boletim médico divulgado nesta manhã, a paciente está sedada e respira com a ajuda de aparelhos.

A costureira só pode ficar com a filha durante os horários de visita. Ela conta que aproveita ao máximo esses momentos e se esforça para conter a emoção. “Eu faço oração todos os dias pegando na mãozinha dela, canto musiquinha que ela gostava. Falo para ela melhorar logo que a Júlia [prima] está esperando ela para andar pela roça”, revela.

De acordo com a costureira, ela "está tentando ser forte". "Queria estar no lugar dela. Ele [ex] podia ter feito isso comigo e não com ela", diz.

Carinhoso
Segundo a costureira, o ex-marido não era agressivo e nunca chegou a bater nela ou na filha. “Ele era um pai amoroso e carinhoso. Minha filha é apaixonada nele”, afirma.

Devido à conduta do ex-marido, a costureira “nunca imaginou” que ele pudesse fazer algo contra a menina. Por isso, a mãe não viu problema em deixar a filha passar o final de semana com o pai. Esta foi a primeira e única vez que ele ficou com a filha desde a separação do casal, há pouco mais de dois meses.

O homem morava em um cômodo da casa de parentes da ex-mulher. Ele estava sozinho com a estudante no local porque os outros moradores tinham ido a uma festa na chácara em que os pais da costureira moram emAragoiânia, na Região Metropolitana de Goiânia.

Crime
Segundo relato da costureira à polícia, o ex-marido ligou dizendo que a motocicleta do irmão dela havia sido roubada e pediu que ela voltasse para casa. Como todos estavam na chácara, apenas um primo da mulher foi à casa para checar o ocorrido.

O parente encontrou o imóvel trancado e acionou os demais familiares, que deixaram a festa e foram para Goiânia. Uma tia-avó da menina a achou no sofá com várias lesões. Também ficou constatado que nada havia sido roubado.

Outra mensagem que o auxiliar de serviços gerais deixou na parede do imóvel era o pedido para ser enterrado em Aragoiânia. No entanto, de acordo com a costureira, o corpo dele foi levado ao Tocantins, onde a família dele mora. O sepultamento ocorreu nesta manhã.

Ciúmes
O pai da estudante também escreveu a frase: "O gordo não é para você". Segundo o delegado Francisco Costa, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), "gordo" se trata do atual namorado da mãe da menina. Entretanto, a costureira reforça que não está namorando.

A mulher afirma que o homem a quem o ex se referiu foi o primeiro namorado dela, aos 14 anos. Na época, o relacionamento durou 1 ano e 9 meses. “A gente se conhece a vida toda. Agora ele voltou a conviver nos mesmos ambientes, ao convívio familiar, mas a gente não está namorando”, disse.

Inicialmente, o delegado responsável pelo caso era Francisco Costa, mas a investigação foi transferia para Matheus Costa Melo, também da DIH. A polícia segue colhendo o depoimento de testemunhas.
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