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Invasores de prédio no Rio dizem que usam web para achar imóveis vazios

G1

Um dos responsáveis pelo prédio onde funcionou o Hotel Planalto, no Centro do Rio, invadido há sete dias, disse nesta segunda-feira (11) que tentou negociar pacificamente com os ocupantes do imóvel, mas eles afirmaram que não iriam sair.

"Eu vim aqui falar com eles numa boa, para evitar que venha polícia e dê confusão, mas o grupo disse que vai permanecer. Avisaram que vão continuar invadindo porque querem ter visibilidade", disse Eduardo Licurci, um dos sócios do imóvel.

Segundo ele, o prédio foi arrendado por um grupo da Bélgica. "Nossa advogada entraria hoje com um pedido de reintegração, e eu vim conversar com uma intenção positiva. Eu expliquei que o imóvel não está abandonado, compramos esse imóvel há sete meses. Há um projeto aqui, eu vim para evitar qualquer tipo de violência. Soube ontem dessa invasão pela imprensa", afirmou Licurci.

Na manhã desta segunda, os ocupantes do imóvel confirmaram que entre eles há integrantes do grupo que invadiu o prédio no Flamengo sob responsabilidade do grupo do empresário Eike Batista e outro imóvel no Centro do Rio posteriormente.

Também nesta segunda, moradores relataram ao G1 alguns detalhes da rotina do grupo.  Eles afirmam que souberam que o prédio estava vazio ao pesquisar pela internet.

"Eu vendo bala na rua e continuo trabalhando. Estou aqui com meu filho e dois netos. Cada um que bate na porta a gente tem medo. Estamos aqui há uma semana, pesquisamos na internet e vimos que estava vazio. Chegamos, abrimos a porta e entramos. Agora queremos colocar um fogão aqui para cozinhar. Se chegar uma ordem judicial, a gente vai sair pacificamente", disse Ana Célia, uma das representantes do grupo.

No domingo (10), a PM afirmou que não havia informação confirmada do número de pessoas dentro do edifício.

Funcionários de um hotel vizinho ao local informaram ao G1 que o Hotel Planalto está fechado há cerca de sete meses. Segundo eles, no final da tarde de domingo, não havia movimento na região, e apenas um carro do 5º BPM estava parado na rua. Em nota, a PM informou que ainda não houve pedido de reintegração de posse.

Invasões recentes
Entre os meses de março e abril, outros prédios foram ocupados por diversas famílias no Centro e na Zona Sul do Rio. Em março,famílias ocuparam um terreno da Companhia de Águas e Esgoto (Cedae), no bairro do Santo Cristo, na Zona Portuária.

Eles deixaram o local após uma ação de reintegração de posse do terreno de 5 mil metros quadrados onde funcionava o depósito de garagem da Cedae.

Alguns dias depois o mesmo grupo ocupou um edifício abandonado, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, Zona Sul, onde funcionava a antiga sede do Clube de Regatas do Flamengo, pertencente ao grupo do empresário Eike Batista.

Uma semana depois o prédio Hilton Santos foi desocupado com tumulto e correria. Na ação, três pessoas foram detidas: duas envolvidas no tumulto com a polícia e um policial denunciado por usar spray de pimenta perto de uma criança.

Após sair do prédio na Avenida Rui Barbosa, os sem-teto chegaram a dormir na Cinelândia e na Praça da Cruz Vermelha.  Nesse período, eles se envolveram em uma confusão e assalto que terminou com confronto com agentes da guarda municipal e depredação de um protótipo do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

No dia 25 de abril, um grupo de cerca de 40 pessoas ocupou um prédio na Rua do Resende, também no Centro da cidade. Do grupo fazem parte invasores que deixaram o prédio no Flamengo. O imóvel ocupado é um prédio de dois andares, com quatro apartamentos e uma loja no térreo.

O edifício estava vazio e está bastante deteriorado, pois uma reforma no local foi interrompida em agosto de 2004 em razão de uma disputa judicial, segundo informou o advogado João Cruz, que representa o proprietário do imóvel. O mesmo grupo já tinha tentado invadir um prédio na Avenida Venezuela, na Gamboa, Zona Portuária.
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