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Raio-X: talento, pé grande, treino... os segredos dos aéreos de Filipe Toledo

Globo Esporte

Durante a última semana, Filipe Toledo encantou a torcida que lotou as areias do Postinho, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com seu arsenal de aéreos espetaculares. E as impressionantes manobras lhe renderam duas notas 10 e foram fundamentais para a conquista do título da quarta etapa do Circuito Mundial. O show dado por Filipe Toledo na conquista só aumentou a sua fama de melhor “aerealista” do mundo. Tamanho reconhecimento foi construído em várias competições e treinamentos do jovem de 20 anos que vive a melhor fase da sua carreira. Além de ter a radicalidade correndo nas veias, Filipinho se aproveita do fato de ter um biotipo excelente para voar nos mares. 

Um dos expoentes de uma geração que lança mão de movimentos mais acrobáticos, o brasileiro se destaca dos demais em razão da intensidade de suas manobras. Diferentemente dos aéreos dos rivais, os de Filipinho são mais altos e verticais. Para tentar desvendar os segredos do novo xodó da torcida, o GloboEsporte.com pediu uma análise de outro grande nome do surfe brasileiro, Teco Padaratz, que assim como Toledo, também já venceu a etapa do Rio, em 1991. Segundo ele, a condição fisiológica, junto com a habilidade de jovem, são a chave para os voos. 

LEVEZA

Tem 1,73m e 71kg. Seu IMC (Índice de Massa Corporal) é de 23,72, dentro do peso ideal. A leveza é fundamental para o surfista conseguir voar mais alto.

TAMANHO DO PÉ

Toledo calça 41. O tamanho do pé, grande para sua altura, ajuda o surfista a ter um maior equilíbrio e uma maior área de aderência na prancha.

VELOCIDADE

Antes de executar o aéreo, Filipe Toledo consegue pegar muito embalo, chegando na parede da onda em alta velocidade, propiciando aéreos mais altos.  Um surfista pode chegar até 30 km/h em uma onda.

HABILIDADE

Toledo tem um domínio absoluto do centro de gravidade de seu corpo. Com isso, ele consegue finalizar os giros em uma posição ideal para a aterrissagem, aumento a porcentagem de acertos. “Ele tem uma habilidade incrível de dominar o centro de gravidade dele. Ele consegue mudar o centro de gravidade sem se perturbar com isso”, diz Teco.


VERTICALIDADE

Enquanto a maioria dos surfistas realiza aéreos completando giros horizontais com a prancha, as manobras de Filipe Toledo são muito mais verticais. Além de rodar horizontalmente, o brasileiro gira em seu próprio eixo levando a prancha acima do corpo. “Ele faz quase um mortal.  Ele vira de cabeça para baixo, dá o 360° e volta”, destaca Teco.

BASE

Ao executar os aéreos, Filipinho desloca o pé esquerdo mais para a frente da prancha, aumentando a distância entre os pés, o que ajuda na hora da aterrissagem. “Quando ele faz a manobra, ele pode dar o giro que ele quiser, porque ele está bem posicionado nas duas bases da prancha. Com o pé quase no bico, a turbulência na hora da queda mexe a prancha apenas entre os pés e ele aterrissa de forma estável”, explica Teco.


CONDIÇÃO DO MAR

Condições específicas do mar são fundamentais para os aéreos. Ondas menores, que formam rampas, como as encontradas no Postinho durante o Rio Pro, são ideais para executar as acrobacias. Já ondas pesadas ou tubulares, como as de Fiji, Teahupoo e Pipeline, também no calendário do mundial, não propiciam este tipo de manobra, mas sim os tubos.

TIPO DE PRANCHA

Nos dias com ondas maiores, Filipe optou por uma prancha 5'9. Nos dias em que o mar estava menor, usou uma 5'8. Ambas são pequenas e leves, o que faz com que ele possa ganhar mais velocidade para deslizar sobre a rampa até a decolagem. A “pranchinha” também torna mais fácil o momento do toque de novo na água, para muitos a parte mais difícil de um aéreo. A rotação pode ser perfeita no ar, mas se a finalização não é ideal, com uma queda, por exemplo, a nota dificilmente passará de 7. 

TREINO

E claro, apesar de toda condição fisiológica favorável, nenhuma manobra seria possível sem muitas e muitas horas de treino. Inspirado no irmão mais velho Matheus, Filipe Toledo treina aéreos desde pequeno. E como diz o ditado: “A repetição leva à perfeição”.
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