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Após pressão de Cunha, votação da reforma política é adiada para a próxima segunda-feira

O Globo

Depois das críticas e da pressão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a comissão especial da reforma política adiou para a próxima segunda-feira a votação do tema. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo presidente da comissão, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e gerou reações dos integrantes da comissão, que estão preocupados com a possibilidade de Cunha inviabilizar a votação no colegiado, levando a proposta diretamente ao plenário.

Maia explicou que o adiamento foi combinado com Cunha, que garantiu que os integrantes da comissão terão a segunda-feira à noite e terça-feira para tentar aprovar o relatório.

— Nós temos a segunda-feira à noite e a terça-feira para tentar aprovar uma proposta, antes de ela ser levada ao plenário — garantiu Rodrigo Maia.

A informação foi confirmada pelo relator da proposta, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), informando que ele e Maia estiveram reunidos nesta manhã com o presidente da Casa e os líderes do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e do DEM, Mendonça Filho.

— Nós conversamos e acertamos votar na próxima segunda-feira. Meu relatório é a expressão do que pensa a comissão, mas temos que tentar encontrar um texto que permita a viabilização da votação da reforma política — afirmou Castro.

O relator disse entender que já respondeu, à altura, às críticas feitas ao relatório por Cunha e que está empenhado em buscar um entendimento para aprovar o texto na comissão. O relatório de Castro prevê a adoção do voto distrital e o financiamento misto das campanhas, permitindo a doação de empresas aos partidos, dois pontos defendidos pelo PMDB. Juntos, PT e PSDB articulam a derrubada do distritão do texto. O PT luta para acabar com a doação feita por empresas.

O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) fez questão de indagar se a decisão de adiar a votação para a próxima segunda não daria margem para que Cunha avocasse o texto diretamente ao plenário. Mas Rodrigo Maia explicou que o acordo feito com o presidente da Câmara evitaria essa atitude.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que o partido defende o voto em lista e o sistema proporcional, mas, para evitar a aprovação do distritão, afirmou que irá apoiar o movimento para a aprovação do distrital misto e tentará modificar o relatório. O distritão é o sistema pelo qual os deputados e vereadores mais votados nos estados e nos municípios são eleitos. Já no sistema distrital misto, o eleitor tem dois votos: um no partido e outro no candidato do distrito. A formação do parlamento é proporcional, soma o conjunto de deputados distritais com os eleitos pela legenda.

— Marcelo, me desculpe, esse relatório tem sua lavra, mas discordamos dele. Vamos tentar modificar — disse o petista.
A comissão continua reunida para a discussão do relatório. Até segunda-feira, o presidente e o relator tentarão construir um texto alternativo que permita a votação na comissão. Deputadas e senadoras fizeram uma intervenção agora há pouco na comissão da reforma política para pressionar pela aprovação de cota de 30% de vagas no parlamento para as mulheres.

Além de deputadas da comissão, como Moema Gramacho (PT-BA), também falaram em defesa da causa as senadoras Marta Suplicy (sem partido-SP) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Na comissão, várias faixas defendiam a paridade de mulheres e homens no parlamento.

— A política no Brasil é feita pelos homens, mas o mundo mudou e a mulher foi chamada a agir. Hoje, representamos 40% da força de trabalho, mas, no parlamento, somos 9,98%. Dizem que as mulheres não têm interesse, mas o que não temos é tempo de TV e dinheiro do fundo — criticou a senadora Vanessa, pedindo a abertura do diálogo com a comissão para que as cotas sejam incluídas no relatório.

 
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