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Criança abandona escola após ser agredida pela 3ª vez: 'É inaceitável'

G1

A transferência de uma escola particular para uma escola pública se tornou um processo dramático para um pai e um filho de Santos, no litoral de São Paulo. O representante comercial Charles Albert Garcia, de 45 anos, matriculou o filho de 11 anos na escola municipal Ayrton Senna, no bairro Campo Grande, e, desde fevereiro, o jovem sofreu três agressões. Segundo o pai, as agressões acontecem por causa da antiga escola do menino, que era particular.

Garcia explica que decidiu trocar o filho de escola por conta de problemas financeiros. "Minha ideia era colocá-lo na escola pública durante a 6ª e 7ª série e, se tudo desse certo, ele voltaria para uma unidade particular após esse período. Infelizmente, tivemos que interromper esse projeto", diz.

Pouco depois do início do ano letivo, em fevereiro, o jovem sofreu a primeira agressão, durante o recreio. De acordo com o representante comercial, a criança levou um soco de um colega sem motivo aparente.

Meses depois, veio a segunda agressão. Em meados de abril, alunos reclamavam com os professores que alguns colegas acendiam e apagavam as luzes da sala, incomodando aqueles que usavam óculos. Após autorização do professor, o aluno foi desligar o interruptor e levou uma rasteira de um dos colegas.

A terceira e última agressão ocorreu no início desse mês. Colegas de sala esconderam o caderno do filho de Charles que, ao tentar reavê-lo, foi agredido por outros alunos. O assistente comercial conta que tinha outra impressão da escola antes das agressões. "Fui recorrer ao sistema público de ensino por problemas financeiros. Encontrei uma boa escola, que tinha o quadro administrativo completo. Meu filho recebeu todo material escolar completo e uniforme em bom estado. Fomos recebidos muito bem por todos na escola", explica.

Na última sexta-feira (15), Charles afirmou ter participado de uma reunião de pais e alunos, onde foi informado que representantes da escola não haviam tomado conhecimento de algumas das agressões. "Isso me surpreendeu, pois meu filho foi até a diretoria em todos os casos. Ele nunca revidou uma agressão, nem ficou com medo de estudar", afirma.

O assistente comercial afirma ainda que parte dos professores também têm medo de agressões. "Uma professora me orientou a tirar o meu filho da escola, pois ela mesma já havia sofrido ameaças. Os professores gostavam dele, até mesmo por conta das notas. Ele é um bom aluno. Um outro pai me disse que esse tipo de agressão, envolvendo crianças oriundas de escolas particulares, era normal. Isso é inaceitável", desabafa.

Nesta segunda-feira (18), Charles matriculou o filho em uma escola particular. "Estou arrependido de ter colocado o meu filho lá. Eu sabia que não seria fácil, que teria algum bullying, mas não imaginei que ele chegaria a ser agredido com professor dentro de sala de aula, assistindo tudo. Não pude esperar uma nova agressão. E se fosse uma facada?", questiona.

Em nota, a Direção da UME Ayrton Senna informa que a direção e equipe técnica prestaram todo atendimento ao pai, realizando o acolhimento do aluno e auxiliando-o em seu processo de adaptação. Segundo a gestora, os incidentes registrados e citados pelo responsável foram devidamente apurados com convocação dos pais dos alunos envolvidos e acompanhamento pelo setor de Orientação Educacional. A Secretaria de Educação irá constituir uma comissão para apuração dos fatos e providências quanto a atuação e responsabilidade do professor e equipe técnica da Unidade.
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