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'Quero reencontrá-lo vivo', diz mãe de bebê desaparecido há um ano, em RO

G1

Um ano após o recém-nascido Nicolas Naitz desaparecer durante uma transferência entre hospitais em Porto Velho, a mãe da criança, Marcieli Naitz, ainda espera encontrá-lo vivo. Na casa da família, em Cujubim (RO), o quarto e o berço do bebê permanecem decorados. A criança, supostamente já morta, sumiu em maio de 2014. Seis meses depois, a Polícia Civil concluiu que Nicolas morreu um dia após o nascimento e que o corpo dele foi incinerado por engano. Os pais não aceitam a versão e pediram ao Ministério Público a reabertura dasinvestigações.

Desde a notícia da morte do filho, Marcieli não se conforma, principalmente, porque nunca viu o corpo do filho. Ela guarda todas as roupas e o enxoval completo do bebê com carinho, na expectativa de ter Nicolas na casa. "Tenho esperanças sim de reencontrá-lo, de vê-lo chegando em casa, de ouvir ele me chamando de mamãe pela primeira vez. Quero reencontrá-lo vivo", afirma. 

O caso Nicolas teve início no dia 22 de maio de 2014, no hospital de Cujubim, quando os médicos solicitaram a transferência de Marcieli para a capital. Na viagem, a ambulância teve que parar em Candeias do Jamari (RO), porque a mãe já estava em trabalho de parto avançado. O nascimento ocorreu no hospital da cidade, e, de lá, Marcieli e Nicolas foram encaminhados para Porto Velho. A mãe foi direto para o Hospital de Base (HB) e o bebê foi internado no Hospital Infantil Cosme Damião.

Desde a internação no HB, Marcieli não viu mais o filho. A avó do recém-nascido, Irenilda Naitz, acompanhou a criança desde a chegada à capital. Do Hospital Cosme Damião, Nicolas foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da maternidade Regina Pacis, onde Nicolas teria falecido às 18h. Iranilda conta que, quando foi informada do falecimento, apenas recebeu o atestado de óbito, foi autorizada a ver o neto somente de longe e logo foi retirada da sala. Essa foi a última vez que a família viu a criança.

Em seguida, uma enfermeira informou a avó que o corpo deveria ser levado para o Hospital de Base, já que a maternidade não possui câmara fria. "Quando chegou a ambulância, a enfermeira desceu com supostamente um feto enrolado em um pano branco, não deixando a minha mãe encostar ou ver se era mesmo meu bebê lá dentro", relata Marcieli sobre a suposta morte de Nicolas.

No dia seguinte, quando a mãe teve alta e foi buscar o corpo do bebê, juntamente com funcionário da funerária contratada pela família, foi informada de que não foi registrada a entrada de qualquer criança no necrotério do HB. Marcieli diz que um funcionário do local confirmou a chegada de um lençol, mas sem um corpo.

A Polícia Civil investigou o caso por seis meses e chegou à conclusão de que o corpo de Nicolas foi recolhido e incinerado por engano por funcionários de uma empresa terceirizada do Hospital de Base. O inquérito montado pela polícia nunca convenceu a mãe.  "Eu espero que esse caso seja resolvido, pois até agora está todo mundo de boa e eu sem o meu filho. Não tem cabimento a história contada", rebate Marcieli.

Além de não se conformar com o resultado das investigações da polícia, a mãe diz que a dor de estar longe do filho não passa. "Sempre me lembro dele à noite. Acordo pensando nele. Nunca passou a vontade de reencontrá-lo, por isso nem mandei desmanchar o quarto", diz, emocionada.

Novas apurações
O inquérito concluído da Polícia Civil, com a versão de que o cadáver de Nicolas foi incinerado por engano, foi encaminhado ao Ministério Público de Rondônia (MPRO). A família do bebê procurou o órgão para pedir a reabertura do caso. O MPRO também entende que o sumiço do recém-nascido ainda não foi esclarecido, por isso acatou o pedido e determinou novas apurações. De acordo com o órgão, a polícia precisa provar que o bebê realmente não desapareceu após dar entrada no Hospital de Base.

O diretor-geral da Polícia Civil em Rondônia, Pedro Mancebo, informou que o caso, antes investigado pela Delegacia de Homicídios, agora foi repassado para a Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA). "Posso falar que é cedo para dar qualquer resultado. Ele [o delegado] vai fazer o levantamento das linhas de investigação para dar procedimento, pois os autos não são pequenos", afirma.

Mancebo lembra que a DPCA iniciou as investigações assim que o sumiço de Nicolas foi comunicado. "O inquérito teve início na DPCA e com certeza foi feito um brilhante trabalho. Foram tomados diversos depoimentos e interrogatórios com pessoas da maternidade", explica. Devido à repercussão do caso, a polícia decidiu passar as apurações para a Delegacia de Homícidios.

Segundo o diretor, a hipótese de desaparecimento foi descartada na primeira investigação após os depoimentos de funcionários da empresa terceirizada do HB que convenceram o delegado sobre a incineração da criança. "Durante a investigação na Delegacia de Homicídio, o delegado ficou convencido na investigação em que deu procedimento, de que as pessoas que falaram sobre a incineração estavam realmente dizendo a verdade", ressalta.

Mas, para o Ministério Público, o desaparecimento não pode ser totalmente descartado. Mancebo garante que o novo delegado vai atender a determinação do MP e tentar esgotar todas as outras linhas possíveis de investigação.

O novo inquérito sobre o caso Nicolas deve ser concluído até o final de junho.
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