Emerson Leão foi anunciado como substituto de Nelsinho Baptista e visto pelo Sport como o nome ideal para manter o time como um dos principais do país. Menos de dois meses depois, a presença na zona de rebaixamento do Brasileiro e um desafio público ao diretor de futebol Álvaro Figueira, a demissão do ex-goleiro é considerada natural pela diretoria, que já busca nomes como Cuca, Vagner Mancini e Péricles Chamusca.

Um dos mais empolgados com a contratação de Leão - possível graças a um parcelamento da dívida de quase R$ 3 milhões do clube com o técnico -, o presidente Silvio Guimarães acreditava que o comandante poderia repetir o sucesso de suas duas passagens anteriores, quando foi campeão brasileiro em 1987 e chegou às fases finais da Copa João Havelange em 2000. Mas mudou de ideia sem ter de pensar muito.

"A Era Leão acabou. Ele tem um passado de vitória no clube e, quando o Nelsinho saiu, pesquisas o indicavam como o nome que todos os torcedores queriam. É um treinador caro, mas não vinha dando certo. Teve muito mais derrotas e empates do que vitórias. Como futebol é resultado, é praxe tomar essa decisão de demissão", minimizou Guimarães.

O treinador se despediu com cinco derrotas, dois empates e três vitórias - incluindo a virada por 4 a 2 sobre o Flamengo, quando o ex-goleiro estava suspenso e acompanhou o jogo das tribunas da Ilha do Retiro. Além do retrospecto, pesou contra Leão sua postura diante da contratação de Marcelo Ramos. Enquanto o diretor Álvaro Figueira dizia que o acerto estava próximo, o técnico deu até risada gritando repetidos "não" ao ser perguntado sobre o assunto na entrevista depois do empate por 3 a 3 com o Náutico, no último domingo.

Marcelo Ramos, hoje no Ipatinga, ainda não está confirmado no clube, mas a discordância pública aumentou a convicção na troca de comando. "O desconforto com o Álvaro foi a gota d'água. Na minha gestão, os diretores estão sempre prestigiados. Nem fui eu que os indiquei, mas eles são de gabarito. Não aceito que contestem uma diretoria vencedora", discursou Silvio Guimarães.

Passada a turbulência, o mandatário já tem até alguns nomes para assumir o time. Entre os candidatos, estão Cuca, demitido na quinta-feira pelo Flamengo, Vagner Mancini, dispensado pelo Santos há duas semanas, e Péricles Chamusca, despedido pela diretoria do Oita Trinita, do Japão.

"Confirmo que estes três estão na lista, mas isso não significa que será um deles. Tenho cinco nomes em pauta. Quero um técnico que goste de trabalhar com jovens e queira crescer na carreira", explicou Guimarães, descartando tirar Geninho do Náutico. "Não sou antiético para tirar o treinador de um co-irmão", garantiu.

A intenção da diretoria é anunciar o substituto de Leão até quarta-feira. Contudo, já está confirmado que Levi Gomes, técnico das categorias de base, estará à frente da equipe nesta quarta-feira, contra o Cruzeiro, no Mineirão. O interino já comandou o time neste Brasileiro no empate por 2 a 2 com o Botafogo, no Engenhão, e esteve no banco de reservas recebendo ordens de Leão nos 4 a 2 sobre o Flamengo.