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Presidente da Odebrecht S.A falará em nova tentativa de depoimento à PF

|G1

O depoimento de Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A, que tinha sido marcado para quinta (16), mas foi adiado, foi reagendado pela Polícia Federal (PF) para a manhã desta sexta-feira (17).

De acordo com a assessoria de imprensa da Odebrecht, ele será questionado sobre o bilhete que foi entregue à defesa dele com a mensagem "destruir e-mail sondas".

Marcelo também deve falar, em outro depoimento, sobre a relação da construtora com a Petrobras e a participação da empresa no pagamento de propinas, segundo a PF.

Ele é suspeito de participar de fraudes na Petrobras, que alimentaram um esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro bilionário na estatal por meio de manipulação de licitações. Esta será a primeira vez que ele será ouvido pelos policiais desde que foi preso, no dia 19 de junho, quando foi deflagrada a 14ª fase da Operação Lava Jato.

O e-mail citado no bilhete é considerado pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, uma prova da participação da Odebrecht no cartel montado pelas empresas prestadoras de serviços à Petrobras.

Neste e-mail, também é feita uma referência a sobrepreço de até R$ 25 mil por dia em um contrato de operação de sondas.

Advogada será ouvida
O depoimento de quinta-feira foi adiado porque a advogada Dora Cavalcanti, que representa o executivo, era uma das destinatárias da mensagem citada no bilhete e também será ouvida no inquérito.

"Fui informada que eu também serei ouvida neste inquérito policial que trata desta questão do bilhete e, portanto, no entendimento da presidência do inquérito, como eu serei ouvida, eu não poderia acompanhar o depoimento do meu próprio cliente”, disse. O depoimento dela também está previsto para esta sexta-feira.

Dora Cavalcanti estava acompanhada de outro advogado que integra a defesa de Marcelo Odebrecht, e a Polícia Federal afirmou ter dado a opção para que este segundo jurista acompanhasse o interrogatório de quinta, mas os dois não aceitaram.

Segundo a Polícia Federal, ainda será decidido se Dora Cavalcanti será ouvida na condição de testemunha ou investigada.

Crítica ao inquérito
Dora Cavalcati afirmou que ficou surpreendida com o adiamento da oitiva. Segundo ela, até o fim da tarde de quarta-feira (15), não tinha conhecimento de que seria ouvida.

A advogada disse que Marcelo Odebrecht estava disposto a esclarecer o teor do bilhete e reafirmou que as mensagens escritas pelo executivo tinham o intuito de ajudar a defesa na elaboração do pedido de habeas corpus.

“Embora Marcelo estivesse absolutamente tranquilo e preparado para esclarecer hoje, com relação ao bilhete, aquilo que nós, enquanto defesa, já havíamos esclarecido desde o primeiro momento (...). Aquele bilhete nada mais era do que anotações com relação ao decreto de prisão que Marcelo teve a oportunidade de ler, fez as observações dele para contribuir com a defesa”.

Para Cavalcanti, há problemas no encaminhamento das investigações. Ela fala que não existe a mesma disposição de "armas" entre a defesa e a acusação e que irá apresentar uma representação no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e na seccional paranaense.

“Estamos tratando aqui sim de uma questão de procedimento, de paridade de armas, de normalidade processual e, portanto, o sigilo de correspondência cliente advogado, direito do cliente preso de se entrevistar pessoalmente com seus defensores, tem que ser resguardado”, enfatizou Cavalcanti.

14ª fase da Lava Jato
As empreiteiras alvo desta fase da Lava Jato foram a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as empresas tinham esquema "sofisticado" de corrupção ligado à Petrobras, com depósitos no exterior.

O delegado Igor Romário de Paula afirmou que há indícios bem concretos, com documentos, de que os presidentes das empresas tinham "domínio completo" de atos que levaram à formação de cartel e fraude em licitações, além de pagamento de propinas.

Como a prisão de Marcelo Odebrecht é em caráter preventivo, não há data para que ele venha a responder às acusações em liberdade. Também não há uma denúncia formal contra o executivo.

A prisão preventiva difere da temporária, que tem prazo de cinco dias para ser encerrada, podendo ser prorrogada por outros cinco dias. Normalmente, a prisão preventiva é considerada quando o suspeito tem a possibilidade de interferir no andamento das investigações.
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