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Cunha diz que rompimento com Planalto não gera 'crise institucional'

G1

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira (21) que seu rompimento com o Palácio do Planalto não representa uma “crise institucional” no país. O peemedebista reforçou ainda que a posição de afastamento do Executivo é “pessoal”. Ele anunciou no final da última semana quepassaria a integrar a oposição.

Nesta segunda (20), o vice-presidente da República, Michel Temer, classificou de “crisezinha” o impasse entre o presidente da Câmara e a presidente Dilma Rousseff. Questionado sobre a fala de Temer, Cunha afirmou:

“A pergunta foi se haveria uma crise institucional. Ele [Temer] disse que não havia uma crise institucional, que tinha uma crisezinha. A palavra crise institucional é muito forte, é muito dura. OBrasil não está vivendo uma crise institucional.”

O peemedebista também reforçou que a decisão de integrar a oposição ao governo Dilma no Congresso Nacional é “pessoal” e não afeta as atribuições como presidente daCâmara.

“A minha posição é de natureza sempre pessoal. Eu não provoco [adesão da bancada do PMDB]. A minha tese [de romper aliança com o PT] vou defender no Congresso do partido, na minha militância, e não tem nada a ver com a minha posição de presidente da Câmara. Acho que o PMDB tem que rever a aliança”, disse.

Apesar do tom mais ameno adotado pelo peemedebista nesta terça, o governo enfrentará pautas incômodas na retomada do recesso legislativo, como o projeto que altera a correção do FGTS, e terá pela frente duas novas comissões parlamentares de inquérito que abordam temas delicados – uma investigará contratos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e outra tratará de supostas irregularidades nos fundos de pensão das estatais.

A autorização para criar as duas CPIs foi assinada por Cunha na última sexta, horas após romper com o Planalto e foi vista como retaliação ao governo federal.

O peemedebista acusa o Palácio do Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Na quinta (16), o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo relatou à Justiça Federal do Paraná que o presidente da Câmara lhe pediu propina de US$ 5 milhões.

CPI do BNDES
Na segunda, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que a instituição financeira é “transparente” não “tem nada a esconder”. “Nós temos nos esforçado em esclarecer. Não temos nada a esconder, tanto é que o resumo de todas as operações já está na internet para acesso a todos os interessados. E, como banco público, temos obrigação de prestar todos os esclarecimentos. Então, é com tranquilidade [que recebo a informação sobre a CPI]”, afirmou.

O requerimento de criação da CPI do BNDES pede que sejam investigadas supostas irregularidades envolvendo o banco entre os anos de 2003 e 2015 relacionadas à concessão de empréstimos a países como Angola e Cuba que estavam com a classificação de "secretos".

Pressionado, o banco passou a disponibilizar desde junho mais dados sobre seus contratos, como o valor da taxa de juros cobrada nas operações de crédito no exterior. Até então, o banco divulgava somente o valor dos contratos, nome do beneficiário, localização geográfica e descrição do projeto.

Coutinho afirmou que as decisões sobre financiamento são tomadas com fundamentação “técnica” e disse demonstrar a “contribuição do BNDES para o desenvolvimento do país”.
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