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Goleiro da seleção brasileira de polo é acusado de abuso sexual durante Pan

Globo Esporte

Thye Mattos Bezerra, goleiro reserva da seleção brasileira de polo aquático, foi acusado de abuso sexual durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto. Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, a polícia canadense afirmou que o atleta teria abusado de uma mulher de 22 anos em sua casa, no último dia 16, quinta-feira, um dia depois da derrota brasileira para os Estados Unidos na final da competição. A identidade da vítima foi preservada, e a ordem de prisão contra o brasileiro já foi emitida. Um cartaz divulgado pela polícia local exibe a seguinte informação: "A polícia acredita que podem ter outras vítimas".


De acordo com o coordenador da seleção brasileira de polo aquático, Ricardo Cabral, o goleiro admitiu ter se relacionado com a suposta vítima durante o Pan de Toronto. No entanto, afirmou ser inocente e que o contato teria sido consensual.

Segundo Joanna Beaven-Desjardins, inspetora de crimes sexuais da polícia de Toronto, Thye, acompanhado de um amigo, também atleta da seleção brasileira de polo aquático, teria ido à casa da vítima no dia 16 de julho. O horário não foi informado, mas o crime teria ocorrido durante a madrugada ou pela manhã. Lá, teria se aproveitado que a mulher estava dormindo e abusado sexualmente da vítima. Na sequência, ele e o colega teriam ido embora do local. O outro atleta que não é suspeito na investigação. A inspetora não quis dar outros detalhes do caso.


Thye não estaria usando o uniforme do Time Brasil no momento do crime. A vítima, no entanto, teria reconhecido o goleiro e feito a queixa. Segundo a inspetora, a polícia tem 100% de certeza sobre o envolvimento do atleta.


– Evidências nos levaram a essa acusação e a saber que ele era membro da equipe de polo aquático do Brasil – afirmou.


Joanna Beaven-Desjardins informou que já foram feitos contatos com as autoridades brasileiras e disse contar com o apoio delas para a extradição do jogador. A constituição brasileira, porém, não permite a extradição de brasileiros, exceto, em caso de tráfico de drogas.

Ao saber que ele está em Kazan, na Rússia, para a disputa do Mundial de esportes aquáticos, a inspetora da polícia canadense afirmou que vai se informar para avaliar uma possível prisão no local. Thye corre o risco ainda de ser detido caso, no retorno ao Brasil, passe por algum país que tenha acordo de extradição com o Canadá, como Itália, França, Alemanha, Argentina e Chile.


Caso se apresente ou seja extraditado ao Canadá, o atleta será levado a julgamento com júri, com pena máxima de 15 anos. Ao falar sobre a punição, a inspetora chegou a ironizar o tratamento dado pelo Brasil a casos de abuso sexual.


– Não sei como isso é tratado no Brasil, mas aqui no Canadá, é crime e muito sério. Punido com prisão e rigor - disse a inspetora da polícia canadense, que completou - pode ter havido outras vítimas. Por isso, as imagens dele estão sendo divulgadas. Caso alguém saiba de algo mais, entre em contato.


Logo após o Pan, Thye seguiu com a delegação brasileira para a Europa, onde o time inicia na próxima segunda-feira a disputa do Mundial. Nesta sexta, o goleiro treinou normalmente com a equipe, na Rússia. 


A Embaixada do Brasil no Canadá, sediada em Ottawa, no estado de Ontario, preferiu não se pronunciar. Por meio da assessoria de imprensa, o Itamaraty informou que está em contato permanente com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para acompanhar os desdobramentos jurídicos do caso. A Embaixada do Brasil na Rússia também já foi contactada.


Como em todos os grandes eventos esportivos, o COB contrata um escritório de advocacia para o período da competição. Os advogados canadenses já foram comunicados sobre o incidente, mas o COB preferiu não divulgar o nome da empresa. Thye, de 27 anos, nasceu no Rio de Janeiro. O goleiro da seleção atua pelo Clube Paulistano, de São Paulo.
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