Imprimir

Notícias / Brasil

Polícia identifica homem que aparece com fuzil em apresentação de MC

G1

A Polícia Civil já identificou o rapaz que aparece em um vídeo segurando um fuzil durante uma apresentação de funk em Praia Grande, no litoral de São Paulo. O cantor Alexandre Alves, o MC Barriga, e Marcos Cajaiba Ribeiro, suposto organizador da festa, prestaram depoimento às autoridades na tarde desta sexta-feira (31).

As imagens foram gravadas durante uma apresentação do MC Barriga, no baile do bairro Vila Mirim, dentro de uma quermesse, no dia 18 de julho. A festa seria uma homenagem à mortede Thiago Bispo dos Anjos, vulgo TH.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Flávio Maximo, a identidade do suspeito não será revelada por enquanto, para não atrapalhar as investigações. "O rapaz que estava ostentando o fuzil foi identificado e, no momento, estamos realizando diligências para localizá-lo", explica.

Ainda segundo o delegado, os envolvidos, inicialmente, poderão assinar um Termo Circunstanciado (TC) por apologia ao crime.

Suposto organizador do evento, Ribeiro negou seu envolvimento. "Eu fui contratado para realizar o serviço de som da festa. Trabalhei como DJ, apenas auxiliando", explica. De acordo com o rapaz, o responsável pela organização do baile seria o TH, que era conhecido por ser uma das lideranças do tráfico na comunidade.

Cantor lamenta
Alexandre Alves, o "MC Barriga", de 33 anos, lamentou a situação durante seu show. O G1conversou com o MC, na sua casa em São Vicente, nesta quinta-feira (30). "Estava cantando uma música romântica, não tinha nada relacionado a crime e, de repente, vi o rapaz com o fuzil. Me assustei na hora, no entanto, ele estava no território dele. Não tinha o controle naquela situação para tirar ele do palco, mas creio que não havia A necessidade dele ficar colocando a arma para o alto", afirma.

Barriga é conhecido por suas letras "conscientes", retratando histórias de comunidades da Baixada Santista. Por conta das mortes de cantores de funk entre os anos 2009 e 2012, o músico se mudou com a família para o Rio de Janeiro por medo da violência. "Minhas letras são pesadas, mas não faço apologia, nem mexo onde não devo", afirma.

Para o advogado Victor Nagib Aguiar, de 31 anos, membro da Comissão de Direito Penal da OAB-Santos, a conduta do cantor não configura nenhum crime. "O rapaz com fuzil está completamente errado. Nesse contexto, creio que seria demais imputar um crime de apologia ou qualquer outro crime sobre o MC", diz Aguiar.

O músico também lamenta a falta de espaço para o ritmo na cidade. "Infelizmente, não existem tantos espaços para os jovens se divertirem com funk. E, nesses lugares, existe uma omissão por parte no estado, pois, com certeza, esse não é o primeiro nem o último baile funk com uma pessoa armada no meio da multidão", desabafa Alves.
Imprimir