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Audiência pública debate situação do Inca na Câmara de Vereadores do Rio

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil

Após uma visita de nove deputados federais da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, na manhã de hoje (14), ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), na Praça da Cruz Vermelha, centro do Rio de Janeiro, a Câmara de Vereadores promoveu um debate sobre a situação da instituição. De acordo com o deputado Doutor João (PR-RJ), a comissão tem acompanhado a crise de gestão e desabastecimento vivida pela instituição.

“A visita esclareceu muita coisa. Foi confirmado que algumas denúncias eram verdadeiras, mas que essa nova direção mostrou que tem capacidade, tem aval dos funcionários e do sindicato. Junto com o ministério, agora com a comissão, tenho certeza que num tempo bem curto nós vamos conseguir tirar o Inca dessa situação que se encontra no momento”.

O diretor do Núcleo Sindical do Inca Pedro Henrique Ferreira, disse que faltam materiais básicos para atendimento aos pacientes e os trabalhadores estão sobrecarregados, resultado de uma gestão “desastrosa” que durou dez anos.

“Essa nova direção já sinalizou com o diálogo com os servidores e estamos buscando, através do controle externo, uma aproximação maior também com o governo federal. A gente passa por desabastecimento de recursos humanos e materiais. O servidor do Inca trabalha de forma sobrecarregada, com deficit de pessoal e com carga horária acima do apontado pela Organização Mundial da Saúde”.

A diretora de Divulgação da Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes com Câncer (Abrapac), Solange Gomes de Oliveira, disse que a associação recebe denúncias diariamente sobre a deficiência no atendimento e acesso a exames no Inca.

“A tomografia está quebrada, o paciente tem que procurar a rede básica para fazer o exame. Não é cumprida a lei dos 60 dias, que determina esse prazo para início do tratamento após o diagnóstico. A demanda é crescente e a estrutura não acompanha. Então, só vem piorando o atendimento e o acesso ao tratamento. Essas queixas só vêm aumentando”.

O direto-geral do Inca, Paulo Mendonça, que está à frente do instituto há dois meses, reconhece que há problemas e garante que eles estão sendo resolvidos na medida do possível. “Crise é todo momento que tem uma janela de oportunidade para repensar, se reposicionar e reestabelecer o que pretende fazer. Então não há nenhum susto. Os problemas têm sido decrescentes, a gente vai vendo a instituição entrando no eixo, o que já significa uma redução no tempo de aquisição, melhor organização, e hoje eu posso garantir que não falta nenhum item essencial que poderia paralisar as atividades do Inca. Não quer dizer que não falte nada”.

De acordo com ele, a crise internacional também contribui para que falte suprimento, pois alguns fornecedores não estão conseguindo entregar os insumos. Quanto à falta de pessoal, Mendonça disse que está em andamento a troca de pessoal terceirizado que prestava serviços por meio de uma fundação por servidores concursados. Além disso, está em análise no Ministério do Planejamento a aprovação de 613 novas vagas para a instituição.

O orçamento direto do Inca para 2015 é igual ao do ano passado, em torno de R$ 300 milhões, o que, segundo o diretor, comparando com o SUS, é bem importante. “Nós temos uma situação de conforto melhor do que muitas redes municipais, estaduais”, disse. O Inca recebe cerca de 8 mil novos pacientes por ano, que são acompanhados até o fim da vida. “Mesmo os curados precisam periodicamente fazer uma revisão do seu status de remissão completa”, afirmou Mendonça, ressaltando que o Inca faz 240 mil consultas por ano.
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