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Para matar ‘sede’, ex-diretor da Petrobras usava senhas 'drinque' e 'charuto' como sinais de propina

O Globo

- Toda vez que queria matar a “sede” por propina, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque ligava para o lobista Milton Pascowitch e o convidava para “tomar um drinque”. O convite era a senha para que o operador separasse vultosas quantias de dinheiro, entregues pessoalmente ao ex-diretor. Por mês, Duque chegou a receber R$ 280 mil. A informação consta da delação do próprio Pascowitch.

Em junho, o lobista explicou como eram marcados os encontros com Duque. Pascowitch disse que todas as vezes que precisava de dinheiro o ex-diretor o chamava para beber ou, então, “fumar um charuto”. As frases eram as senhas combinadas entre eles para o pagamento de propina. Os encontros aconteciam na casa do ex-diretor, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, ou na sede da sua empresa.

Duque ainda convidava Pascowitch para visitar galerias renomadas na Zona Sul carioca. Durante o passeio, o ex-diretor apontava quadros e esculturas que seriam compradas pelo lobista para quitar dívidas de propinas relativas à Diretoria de Serviços, da qual Duque era o titular.No escritório do marchand Max Perlingeiro, Pascowitch adquiriu um quadro de Guignard de US$ 380 mil. Na galeria Aloisio Cravo, Duque exigiu que o lobista fizesse um lance numa obra de Franz Krajcberg de R$ 220 mil. As obras foram apreendidas pela PF.Pascowitch é apontado pela Polícia Federal como um dos operadores dos interesses do ex-ministro José Dirceu e do PT em contratos com o poder público, o que o ex-ministro e o partido negam.

O operador mantinha a empresa Jamp Engenheiros Associados para pagar propina a agentes públicos. Em delação premiada, ele afirmou à Justiça que entregou pelo menos R$ 10,5 milhões de propina em dinheiro vivo na sede do PT em São Paulo.

O delator também afirmou ter pago uma série de serviços pessoais ao ex-ministro José Dirceu e seus familiares como forma de repassar propina das empresas que ele representava. Pascowitch teria gasto pelo menos R$ 4,5 milhões com o ex-ministro. Além disso, a Jamp Engenheiros, de Pascowitch, pagou R$ 1,4 milhão a Dirceu a titulo de “consultoria” em 2011.

 
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