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Obra milionária na Câmara, em plena crise, causa polêmica em Ribeirão

G1

A construção de um anexo de R$ 6,5 milhões no prédio da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto (SP) é motivo de polêmica entre os moradores da cidade. A obra milionária, que começou na semana passada, é feita com recursos liberados pela administração municipal, que passa por grave crise e acumula dívidas de mais de R$ 760 milhões.

O presidente da Câmara, o vereador Walter Gomes (PR) afirmou que a reforma já estava prevista em orçamento e é necessária, por questões de segurança.

A retirada dos toldos para a montagem do canteiro de obras, onde hoje fica o estacionamento dos fundos da Câmara, começou na quinta-feira (20). Atualmente, a Câmara tem apenas dois banheiros, sem acessibilidade para deficientes e o almoxarifado ficou apertado. O refeitório também é improvisado e tem lugar para dez pessoas sentadas.

Mas em vez de reformar o prédio que já existe, começará a ser erguida uma unidade anexa, onde vão funcionar os 22 novos gabinetes dos vereadores de Ribeirão. O investimento na primeira etapa é de R$ 6,5 milhões e a previsão é de que a construção fique pronta até agosto do ano que vem.

“Eu acho que é muito desperdício de dinheiro, eu trabalho em hospital e a saúde precisa de um tanto de coisa”, comentou a técnica de enfermagem Célia Lúcia Mariano. “Estão deixando um tanto de coisa de lado para fazer o que não precisa ser feito neste momento”, afirmou.

A mesma opinião tem o radialista Fabiano Cavallari, que relembra outras polêmicas recentes envolvendo decisões dos vereadores em Ribeirão. “Eles queriam aprovar aumento, tanto de cadeiras como de salário, e acho que é inviável”, disse. “No momento em que o país está, em crise, com desemprego, não é momento para isso”.

O problema, segundo os vereadores, é que a Câmara não possui alvará de funcionamento, já que não tem licença do Corpo de Bombeiros. No local, há muitas construções com compensado. No plenário, o piso é de carpete, considerado altamente inflamável. Também há apenas uma saída de emergência no local.

“Aqui não cabem reformas, os próprios bombeiros falaram para nós que isso aqui tem que ser derrubado, são todos materiais inflamáveis, que pode pegar fogo e queimar em cerca de 20 minutos toda a Câmara Municipal”, disse o presidente Walter Gomes.

Para ele, não deveria haver polêmica sobre os gastos com a construção e reforma, porque o dinheiro repassado pela Prefeitura para as contas da Câmara foi poupado. “A Prefeitura tem um compromisso com a Câmara. A Constituição Federal fala que a Prefeitura tem que passar 4,5%, não interessa se a Prefeitura está com dívida ou não. Isso é dinheiro da Câmara. É o orçamento da Câmara que não tem nada a ver com o orçamento da Prefeitura”, explicou.

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