Imprimir

Notícias / Esportes

Victor Penalber vence líder do ranking e leva o bronze no Mundial de Astana

Globo Esporte

Após três vitórias por ippon nas preliminares, Victor Penalber viu nesta quinta-feira a chance de disputar o ouro do peso-meio-médio (até 81kg) no Mundial de Astana escapar com uma derrota na semifinal para o francês Loic Pietri, que lutava pelo bi mundial. Mas o carioca de 25 anos ergueu a cabeça e foi buscar a importante medalha de bronze com um respeitável triunfo sobre o georgiano Avtandili Tchrikishvili, número 1 do ranking mundial e defensor do título. É o segundo pódio do Brasil passados quatro de sete dias de competição, no Cazaquistão – o país tambémganhou um bronze com Érika Miranda (até 52kg), na terça-feira. 

Em seu terceiro Mundial, o sexto colocado do ranking mundial e medalhista de bronze no Pan de Toronto chegou pela primeira vez na disputa por medalhas. Ele tinha terminado em nono lugar, em 2013, no Rio de Janeiro, e em sétimo, no ano passado, em Chelyabinsk, na Rússia.

Quem levou o ouro na categoria foi o japonês Takanori Nagase, que bateu o algoz de Victor e namorado de Sarah Menezes, Loic Pietri, na final. O outro bronze acabou no peito do canadense Antoine Valois-Fortier.

O resultado de Victor deixa ele muito perto da vaga brasileira do peso-meio-médio nas Olimpíadas do Rio 2016. Isso porque ele teve um desempenho bem superior ao de Leandro Guilheiro, com quem ele disputa o posto nos Jogos do ano que vem. O experiente medalhista olímpico de bronze em duas oportunidades (Atenas 2004 e Pequim 2008) foi eliminado nas oitavas de final do Mundial de Astana, após perder para o sul-coreano Seungsu Lee. O judoca de 31 anos, que tem duas medalhas em mundiais, precisava de um grande resultado no Cazaquistão para convencer a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) que ele merece ir para a sua quarta edição das Olimpíadas.

Quem também esteve ação defendendo a bandeira do Brasil neste quarto dia de Mundial foi a peso-meio-médio (até 63kg) Mariana Silva. Medalhista de bronze no Pan de Toronto, a paulista foi eliminada logo na primeira rodada, imobilizada pela chinesa Junxia Yang. O pódio desta categoria foi formado pela eslovena Tina Trstenjak (ouro), a francesa Clarisse Agbegnenou (prata)

O Mundial de Astana tem transmissão ao vivo diariamente pelo SporTV, às 2h (de Brasília). Os assinantes do Canal Campeão também podem acompanhar tudo pelo SporTV Play. As semifinais, repescagem e finais desta quinta-feira serão transmitidas pelo SporTV 3, às 8h. O GloboEsporte.com também acompanhará a fase decisiva em Tempo Real. Nesta sexta-feira, no quinto dia de disputas no Cazaquistão, os brasileiros Mayra Aguiar (até 78kg) e Tiago Camilo (até 90kg) vão tentar o bicampeonato mundial. Também estará em ação Maria Portela (até 70kg).

A CAMPANHA DE PENALBER

Penalber entrou direto na segunda rodada e passou pela primeira luta com um golpe de mestre, após uma primeira metade bastante estudada no duelo com Sergiu Toma, dos Emirados Árabes Unidos. Os dois tinham dois shidos na conta. Logo depois de se defender bem numa tentativa de projeção feita pelo número 10 do mundo, o brasileiro foi esperto no solo. Ele segurou firme o estrangulamento enquanto prendia a perna do oponente e fez o giro para conquistar o ippon.

Na rodada seguinte, Penalber não teve trabalho diante do moçambicano Marlon Acacio. Ao mesmo tempo em que Leandro Guilheiro se classificava para as oitavas de final, ele derrotou o adversário por ippon em pouco mais de um minuto de luta.

Penalber encarou outro top 20 e mais uma vez levou a melhor. O combate com Yakhyo Imamov, 18º do ranking, começou já com um shido para cada lado, mas não demorou muito para que o uzbeque sofresse mais uma punição. O brasileiro depois ainda teve um wazari retirado pela arbitragem, mas ficou em boa vantagem quando o adversário levou o terceiro shido. Depois que Imamov recebeu atendimento, o judoca paulista aplicou um belo ippon para ficar com a vitória.

Restava a Penalber buscar a vaga nas semifinais, e o combate foi com o francês Loic Pietri, namorado da campeã olímpica Sarah Menezes. O campeão mundial de 2013 saiu na frente com um yuko, e o brasileiro passou o restante do confronto correndo atrás do prejuízo. Pietri sofreu um shido por postura passiva, mas, a pouco mais de um minuto do fim, obteve o segundo yuko. Penalber chegou a sofrer duas advertências e não conseguiu a virada, lhe restando a vaga na repescagem.

O moldavo Valeriu Duminica foi o adversário de Victor na primeira luta da repescagem. O gringo começou melhor, tendo mais facilidade para encaixar a pegada e tentando algumas técnicas de sacrifício. Mas o carioca estava se defendendo bem.  Quando faltavam pouco mais de três minutos, Duminica bateu a cabeça no tatame e ficou meio zonzo.  Ele ficou alguns segundos respirando e voltou para a luta. Paciente, Victor aplicou um eficiente tai otoshi e conseguiu um ippon para bater o perigoso moldavo e avançar pela primeira vez na sua carreira à disputa de medalha em um Mundial. 

Não seria nada fácil encarar na luta pelo bronze o georgiano Avtandili Tchrikishvili, então campeão mundial e número 1 do mundo. Victor começou a luta demonstrando que estava muito bem fisicamente, ao contrário do rival, que parecia cansado pela sequência de lutas nesta quinta-feira. Ele foi forçando punições do forte oponente, se defendeu muito bem, soube lutar taticamente e esperou os cinco minutos de combate para vibrar muito com o bronze, conquistando porque Tchrikishvili levou três shidos.   

A CAMPANHA DE GUILHEIRO

Bronze nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008, Guilheiro não disputava um Mundial há quatro anos - ele foi prata na edição de 2010 e bronze em 2011. O atleta paulista passou dois anos fora das competições por conta de uma lesão grave no joelho.Na luta que marcou seu retorno aos Mundiais após quatro anos, Leandro Guilheiro abusou da experiência contra o grego Roman Moustopoulos, 16º do ranking, pela segunda rodada. Os dois travaram um duelo duro pela melhor pegada, tanto que três shidos para cada lado foram dados pela falta de combatividade com quase três minutos. O judoca brasileiro procurou mais o ataque e faturou a vitória quando o grego levou mais uma advertência, devido a uma pegada cruzada sem ataque imediato, e acabou eliminado pelo acúmulo de quatro shidos.

Guilheiro teve uma luta mais tranquila na terceira rodada, contra o polonês Jakub Kubieniec. Apesar de ter começado com um shido por ter pisado fora da área amarela, o atleta paulista foi bastante superior e obteve um yuko com um uchi-mata. Um segundo shido no final dos cinco minutos de combate não fez diferença, e o brasileiro avançou para as oitavas de final.

A caminhada de Guilheiro chegou ao fim em sua terceira luta, contra o sul-coreano Seungsu Lee. O brasileiro estava à frente com uma advertência a menos que o oponente, mas levou outras duas que o deixaram em situação complicada. Mais um shido e ele estaria eliminado. Foi o que aconteceu. Com a quarta punição, Guilheiro acabou perdendo o combate.

MARIANA SILVA CAI NA ESTREIA

Mariana Silva pouco fez contra a adversária de estreia, a chinesa Junxia Yang. A brasileira encontrou dificuldade na pegada e chegou até a levar uma advertência por ter bloqueado mão com mão a pegada da adversária. Quando a disputa foi para o solo, Mariana bobeou e deu espaço para que a chinesa encaixasse a imobilização. Yang então manteve a posição por 20 segundos para garantir o ippon e eliminar a atleta paulista.

A paulista foi medalhista de bronze no Pan de Toronto e buscava avançar ao menos até a terceira luta neste Mundial. Fica para as Olimpíadas do Rio 2016 a oportunidade dela tentar deslanchar no cenário internacional.

PROGRAMAÇÃO DO MUNDIAL

24 de agosto (segunda-feira) - 60kg (Felipe Kitadai e Eric Takabatake) e 48kg (Sarah Menezes e Nathália Brigida) - veja como foi
25 de agosto (terça-feira) - 66kg (Charles Chibana) e 52kg (Érika Miranda) - veja como foi
26 de agosto (quarta-feira) - 73kg (Marcelo Contini) e 57kg (Rafaela Silva) - veja como foi
27 de agosto (quinta-feira) – 81kg (Victor Penalber e Leandro Guilheiro) e 63kg (Mariana Silva)
28 de agosto (sexta-feira) – 90kg (Tiago Camilo), 70kg (Maria Portela) e 78kg (Mayra Aguiar)
29 de agosto (sábado) – 100kg (Luciano Corrêa), +100kg (David Moura) e +78kg (Maria Suelen Altheman e Rochele Nunes)
30 de agosto (domingo) – competição por equipes 

HISTÓRICO DO BRASIL EM MUNDIAIS

O Brasil conquistou 40 medalhas em Mundiais. São seis ouros, 11 pratas e 23 bronzes desde a edição de 1971 da competição. Confira a seguir:

1971 (Ludwigshafen/ALE): Chiaki Ishii (93kg/bronze);
1979 (Paris/FRA): Walter Carmona (86kg/bronze);
1987 (Essen /ALE): Aurélio Miguel (95kg/bronze);
1993 (Hamilton/CAN): Aurélio Miguel (95kg/prata) e Rogério Sampaio (71kg/bronze);
1995 (Tóquio/JAP): Danielle Zangrando (56kg/bronze);
1997 (Paris/FRA): Aurélio Miguel (95kg/prata), Edinanci Silva (72kg/bronze) e Fulvio Miyata (60kg/bronze); 
1999 (Birmingham/ING): Sebastian Pereira (73kg/bronze);
2003 (Osaka/JAP): Mario Sabino (100kg/bronze), Edinanci Silva (78kg/bronze) e Carlos Honorato (90kg/bronze);
2005 (Cairo/EGI): João Derly (66kg/ouro) e Luciano Corrêa (100kg/bronze);
2007 (Rio de Janeiro/BRA): João Derly (66kg/ouro), Tiago Camilo (81kg/ouro), Luciano Corrêa (100kg/ouro) e João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze);
2010 (Tóquio/JAP): Mayra Aguiar (78kg/prata), Leandro Guilheiro (81kg/prata), Leandro Cunha (66kg/prata) e Sarah Menezes (48kg/bronze);
2011 (Paris/FRA): Leandro Cunha (66kg/prata), Rafaela Silva (57kg/prata), Sarah Menezes (48kg/bronze), Leandro Guilheiro (81kg/bronze) e Mayra Aguiar (78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA): Rafaela Silva (57kg/ouro), Érika Miranda (52kg/prata), Maria Suelen Altheman (+78kg/prata), Rafael Silva (+100kg/prata), Sarah Menezes (48kg/bronze) e Mayra Aguiar (78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS): Mayra Aguiar (78kg/ouro), Maria Suelen Altheman (+78kg/prata), Érika Miranda (52kg/bronze) e Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ): Érika Miranda (52kg/bronze), Victor Penalber (81kg/bronze)
Imprimir