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CPI da Petrobras aprova convocação de José Dirceu e Marcelo Odebrecht

G1

A CPI da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (27) a convocação do ex-ministro José Dirceu e do presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, os dois estão presos no Paraná.

Dirceu terá de prestar depoimento para esclarecer a suspeita de que recebeu propina de fornecedores da estatal do petróleo por meio de sua empresa, a JD Consultoria. O ex-chefe da Casa Civil, que está preso na Superintendência da Polícia Federal desde o início do mês, deverá ser ouvido pelos deputados federais na próxima segunda-feira (31), em Curitiba, segundo o cronograma da CPI.

Já Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho, deve ser ouvido pelos integrantes da CPI na terça-feira (1º) ao lado de outros dois executivos da construtora.

Os depoimentos de Dirceu e Marcelo Odebrecht serão prestados a uma comitiva de deputados que estará na capital paranaense na semana que vem, entre segunda (31) e quinta-feira (3).

A previsão é que as audiências ocorram no prédio da Justiça Federal no Paraná, onde o juiz federal Sérgio Moro despacha. Apesar de o ex-ministro e o dirigente da construtora estarem detidos por ordem de Moro, o magistrado paranaense, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, não precisa autorizar os depoimentos à comissão de inquérito.

De acordo com a assessoria da Justiça Federal, para Dirceu e Odebrecht serem ouvidos pelos parlamentares basta que a comissão comunique formalmente à 13ª Vara Criminal o dia em que a CPI pretende ouvi-los. Então, o juiz irá solicitar que a Polícia Federal (PF) providencie escolta para o ex-ministro e o presidente do Grupo Odebrecht se deslocarem até o local da oitiva.

Os requerimentos de convocação de Dirceu e de Marcelo Odebrecht foram aprovados na manhã desta quinta de maneira simbólica (sem a contagem de votos) junto com outros pedidos de convocação para ouvir, entre outros, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e o ex-gerente de projetos da estatal Celso Araripe de Oliveira.

Condenado no processo do mensalão do PT por corrupção ativa, Dirceu cumpria em regime domiciliar, desde novembro do ano passado, a pena de 7 anos e 11 meses de prisão. No mensalão, ele foi apontado como o mentor do esquema de compra de apoio político operado no Congresso Nacional durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Ministério Público Federal investiga se a consultoria de Dirceu prestou serviços a empresas que desviaram dinheiro da Petrobras ou se os contratos eram apenas uma maneira de disfarçar repasses de dinheiro desviado da estatal. Para a defesa de Dirceu, o petista é um "bode expiatório" e a prisão dele tem "justificativa política".

Em janeiro, Sérgio Moro decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-ministro da Casa Civil e da JD. A consultoria de Dirceu faturou R$ 29 milhões em contratos com cerca de 50 empresas nos últimos nove anos, segundo informações da defesa do petista. A JD declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os negócios investigados pela Petrobras.

Em depoimento à PF, o ex-representante da Toyo Setal Júlio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, contou que Dirceu usou “diversas vezes” seu avião após ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005.

Camargo também relatou às autoridades que o petista interveio junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli para que a multinacional japonesa Toyo garantisse contratos com a petroleira.
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