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Notícias / Educação

AL monta programa para debater com municípios de Mato Grosso nova forma de ensino

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco

  
Os avanços tecnológicos das últimas décadas chegaram com maior rapidez às diferentes camadas da sociedade do que à sala de aula, em especial no ensino público de Mato Grosso e do Brasil. Os professores, em sua esmagadora maioria, mantêm o velho estilo de repassador do conhecimento, enquanto os estudantes de hoje estão cada vez mais ávidos por novidades e, não raras vezes, aplicam “saias justas” nos mestres.
 
É a partir dessa constatação que o Núcleo Social da Assembléia Legislativa de Mato Grosso lançou o Programa “A Modernidade Líquida e a Educação”, coordenado pelo professor Sérgio Cintra – profissional com mais de três décadas de sala de aula, ministrando diferentes disciplinas. A ideia é envolver os municípios, no debate.
 
“A parceria da Assembléia Legislativa com as prefeituras é para provocar reflexão e fomentar o debate, não existe pretensão de trazer qualquer verdade absoluta. A educação prussiana, onde a escola é um aparelho ideológico do Estado, praticamente ruiu”, argumentou ele, em entrevista à reportagem do Olhar Direto.
 
“Porque o professor de hoje vive estressado? A tecnologia mudou a posição do professor, que foi formado pela sociedade sólida e relações duradouras, detentor do conhecimento. No mundo líquido, tudo é amorfo, é instantâneo”, pontuou Cintra, que ajudou fundar vários cursinhos pré-vestibular (hoje pré-Enem), em Mato Grosso, inclusive o Cuiabá Vest, extinto em 2014.
 
 
Para elaborar o programa, Sérgio Cintra estudou vários pensadores contemporâneos, como Nick Couldry, Edgar Morin e Zygmunt Bauman, entre outros. “No chamado mundo liquido tudo é instantâneo, porque o que importa é o agora e o conhecimento não para sempre”, citou o educador.
 
Partindo dessa premissa, Cintra considera o essencial que o professor do século 21 aprenda logo: ser, conhecer, fazer e viver juntos. “O aluno consegue fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, como ouvir som, estudar e responder ao whatsapp. É por isso que Nick Couldry diz que a impossibilidade [do cidadão comum] em ser ouvido trouxe a ditadura do capital. E dita costumes, hábitos, alterando o jeito de vestir. Só existe democracia quando todas as vozes podem se manifestar”, ensina o coordenador do Núcleo Social da Assembléia.
 
Desta forma, o pensamento dominante para o trabalho a ser desenvolvido com os municípios tem como alicerce ensinamentos do nonagenário Zygmunt Bauman. “É quem melhor faz a transição do estágio sólido para a  modernidade líquida: tudo que é sagrado deve ser profanado; nada permanece estático”, dispara Sérgio Cintra.
 
“Na nova educação, o professor não é detentor do conhecimento e, sim, viabilizador do conhecimento. Indutor do estímulo à reflexão da inteligência. A sociedade descartável exige isso. O professor vai mostrar ao aluno que, entre as milhares de informações existentes [ao alcance de um clic], qual a melhor referência científica e a mais confiável”, sintetizou o educador.
 
“A tecnologia acabou com a relação de pólo ativo e pólo passivo, em sala de aula. O professor terá de ser eficaz para demonstrar noções de cidadania e capaz de resolver problemas de relacionamento e em conviver com o diferente. Assim a modernidade estará sempre presente em todo o processo educacional. Com proveito substancial para todos”, completou o coordenador do Núcleo Social do Poder Legislativo.   
 
As prefeituras que tiverem interesse em receber o Programa “A Modernidade Líquida e a Educação” devem entrar em contato com Núcleo Social da Assembleia (065) 3313-6915. E vão aprender que todos os dias são jogados fora toneladas de conhecimento para dar lugar a novas informações, por causa do conhecimento volátil.
  
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