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Apesar da queda no PIB, Brasil pode sair rápido da crise, diz Meirelles

Folha Online

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que, apesar da retração da economia no último trimestre de 2008, o Brasil tem condições para superar rapidamente a crise econômica.De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB, soma das riquezas produzidas no país, teve uma queda de 3,6% no quarto trimestre do ano passado, em relação ao trimestre anterior. No acumulado do ano, houve um crescimento de 5,1%.

"Apesar da queda do último trimestre, fortemente influenciada por ajuste de estoques em alguns setores, o crescimento do PIB de 5,1% em 2008, impulsionado pela demanda doméstica e crescimento da renda, mostra que a economia brasileira tem fundamentos econômicos sólidos. Isso ajudará na retomada, fazendo com que o Brasil tenha condições de sair mais rapidamente da crise", disse Meirelles por meio de nota.

O presidente do BC ressaltou que o resultado do quarto trimestre mostra também "que a economia brasileira não está imune à crise no mercado globalizado".

Meirelles participa hoje do primeiro dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que anuncia amanhã uma nova queda nos juros.

Depois da divulgação do PIB, aumentaram as apostas de um corte de 1,5 ponto percentual na taxa Selic, que está hoje em 12,75% ao ano. Se confirmado, será o maior corte de juros em cinco anos e meio.

PIB

O PIB é formado pela indústria, agropecuária e serviços, mas também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido (demanda). Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.

A crise global fez a economia brasileira registrar no quarto trimestre do ano passado uma queda de 3,6% em relação ao terceiro trimestre, o maior recuo da série histórica do PIB, iniciada em 1996. Já em relação ao quarto trimestre de 2007, houve expansão de 1,3%.

No acumulado de 2008, o crescimento do PIB chegou a 5,1% em relação a 2007, sustentado pelo bom desempenho dos trimestres anteriores. A preços de mercado, a economia movimentou R$ 747,152 bilhões no quarto trimestre; no ano, o PIB em valores correntes foi de R$ 2,889 trilhões.

Os números divulgados nesta terça-feira mostram uma brusca desaceleração da economia brasileira, que assim como todos os países do mundo reflete a crise econômica. A parada no crescimento ocorre depois de uma alta de 6,8% no PIB terceiro trimestre --à época, o PIB anual estava em 6,3% (dado revisado) sobre 2007.

A crise começou a se acentuar em setembro, depois que a quebra de bancos nos EUA fizeram a confiança no sistema financeiro desaparecer e o crédito mundial secar. Com isso, as empresas passaram a ter dificuldade em obter financiamentos e investir no setor produtivo. As pessoas físicas, por sua vez, também com menos crédito em circulação, começaram a consumir menos. Gerou-se, assim, uma crise de demanda: com menos gente querendo comprar, menos as empresas produziam. Automaticamente, menos empregos e contratações alimentaram a queda do consumo. No final, a crise financeira se transformou em crise econômica, com reflexos na chamada economia real.

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