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Dunga diz que Neymar está voando, mas pede: "Tem que ter harmonia"

Globo Esporte

À beira do Rio Guaíba, Dunga se soltou. Muito à vontade na companhia de Mauro Naves e Eric Faria, o técnico da seleção brasileira de futebol falou sobre ter barrado Jefferson e Thiago Silva, a sonhada medalha olímpica, sobre seus números à frente da equipe e também revelou ter recebido ameaças em seu celular vindas de empresários de jogadores preteridos em suas convocações.
Dunga diz que nunca recebeu propostas para convocar jogadores em troca de benefícios. Porém, revela ameaças por parte de empresários por ter preterido determinados atletas. 


- Nós tivemos problemas de não convocarmos os atletas e sermos ameaçados por mensagens. A mensagem dizia que eles (os empresários) comandam o futebol e não adianta nós querermos fazer as coisas certas que eles vão se reunir e vir contra nós. Felizmente, foi só um episódio. Mas os outros entenderam que não adianta vir empresário ou o assessor que o jogador precisa mostrar serviço em campo. 


Dunga prefere não revelar de onde partiram as ameaças. 

- Tudo que se trata de Neymar extrapola. Tudo que se trata de Messi extrapola. Então, os jogadores têm que ter essa percepção, o grupo todo; e o jogador também precisa ter essa percepção de que ele faz parte de um coletivo, mas tem que ter essa harmonia. 


Neymar foi indicado ao prêmio Bola de Ouro, da Fifa. Dunga, que tem direito a votar, abriu o jogo e revelou que escolheu o brasileiro.


- Eu votei no Neymar. Esse é o momento do Neymar, mas todos eles estão no mesmo nível. O Cristiano Ronaldo no ano passado foi fantástico, ele fez uma temporada fabulosa, porque o Real Madri estava em um momento ótimo. Esse ano, ele não teve o mesmo rendimento. Não é que ele não esteja jogando bem, ele não está no mesmo nível do ano passado. O Messi estava bem, machucou e o Neymar nesse momento, voando, assumiu a postura de líder da equipe. Então, eu acho que é o momento dele. 

Jefferson e Thiago Silva perderam espaço com Dunga. Os dois jogadores que foram titulares durante a Copa América ficaram fora dos últimos amistosos contra Costa Rica e Estados Unidos. Em entrevista ao SporTV, Jefferson afirmou que esperava mais consideração do técnico. Dunga discorda. 

- Para mim é normal, é sinal de que ele quer jogar. Mas ele teve as oportunidades dele. Na época, o Grohe, o Alisson e o Neto não estavam, aceitaram e continuaram trabalhando. Agora é a vez de ele aceitar e respeitar o colega que está jogando. Pode até ficar bravo com o treinador, é normal. Eu não quero que ninguém fique feliz e contente, mas tem que lutar para voltar - afirma o técnico.

Já o zagueiro deixou claro o desconforto por ter perdido espaço. Dunga não se incomoda com as declarações públicas de Thiago Silva.

- No futebol brasileiro, nós temos que parar de tratar os jogadores com paternalismo. Nós temos que tratar eles como profissionais, com respeito. Mas se busca sempre um paternalismo. Coisa que eles não têm na Europa e não têm que ter no Brasil. Nós precisamos evoluir nisso também.

Dunga é avesso a bagunças na concentração. E não gosta muito da rotina dos jogadores de brincadeiras quando deveriam estar descansando. Apesar de saber que o futebol não é mais como no seu tempo, o técnico afirma que é preciso ir com cautela e fazer as modificações gradativamente. Outro ponto comentado pelo treinador foi a pressão para abrirem os portões para que o publico assistisse ao treino da equipe um dia antes do amistoso na Bahia. Dunga não esconde seu incômodo. 


- O que mais se divulga é que o futebol brasileiro é desorganizado. E quando nós tentamos organizar, as pessoas querem desorganizar. É contraditório. Então, eu tenho o direito de fazer o treinamento. Porque, depois, conforme o resultado, vocês da imprensa e o torcedor vão nos cobrar. Então, isso precisa ser organizado
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