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Inflação acumulada em 12 meses deve recuar mais e chegar a 5%, diz FGV

Folha Online

A taxa de inflação acumulada em 12 meses poderá chegar a 5% "com facilidade" em meados deste ano, de acordo com expectativas do coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. O patamar de 5% deixaria a inflação dentro da meta do governo para este ano --de 4,5% com variação de dois pontos percentuais para mais ou para menos--, após preocupações com a disparada de preços no primeiro semestre do ano passado.

A inflação medida pelo IGP - DI (Índice Geral de Preços ao Consumidor, pela Disponibilidade Interna) apresentou taxa de 7,5% no acumulado de 12 meses até fevereiro, no menor índice desde novembro de 2007, quando atingiu os 6,6% --a trajetória é descendente desde julho de 2008.

"A taxa em 12 meses está caindo e vai continuar baixando. Tem muito espaço, muita gordura para perder", disse Quadros. O IGP-DI mensal, em fevereiro, registrou deflação de 0,13%. No ano passado, a inflação medida pelo índice chegou a ultrapassar os 2% em um único mês, sendo que a média para o ano ficou acima de 1% ao mês.

Para o economista da FGV, taxas mensais em torno de 1% estão fora de cogitação no curto prazo. "Isso é outro cenário, não tem como se repetir", disse. 

A maior queda dentro do IGP foi registrada pelos preços no atacado, de 0,31% em fevereiro. Quem inverteu a tendência e ajudou a aprofundar a queda foram as matérias-primas brutas, com taxa menor que 0,55%, ante alta de 1,03% em janeiro. Neste setor, os produtos agrícolas puxaram a queda.

Os produtos agropecuários do IPA passaram de alta de 2,01% em janeiro para queda de 0,36% no mês passado. Já os produtos industrializados reduziram o ritmo de queda, de menos 1,16% para queda de 0,29%.

A soja, por exemplo, passou de alta de 9,24% em janeiro para queda de 0,58% no mês passado. O milho, que registrou avanço de 14,31% em janeiro, caiu 1,93% em fevereiro. Ambos sofreram com a seca na Argentina e no Sul do país no início do ano.

Já os bens finais, outro setor do IPA, acentuaram a alta de 0,28% em janeiro e passaram a subir 0,85% no mês passado. Os automóveis, que tinham caído 6,17% em janeiro com a redução de IPI, passaram para alta de 0,18%, sem novo impacto de redução de imposto.

Os alimentos processados continuam exercendo pressão, tendo passado de alta de 1,87% para 1,43% em fevereiro. A principal pressão veio do açúcar, cuja produção concorre com o álcool nas plantações de cana. O açúcar refinado subiu 13,87%, ante 7,74% de janeiro, e o cristal, 16,8%, após subir 15,23% no mês anterior.

Segundo Quadros, porém, há mais produtos em queda do que em alta nos alimentos processados. Alguns exemplos são carne bovina (-5,27%), aves abatidas (-5,03%), arroz beneficiado (-1,29%) e óleo de soja refinado (-1,14%).

Consumidor
A alimentação foi um dos itens que mais influenciou no IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que passou de alta de 0,83% no início do ano para 0,21% em fevereiro.

O subitem alimentação, porém, caiu 0,12%, após alta de 1% em janeiro. "A alimentação foi a que mais influenciou, mas a desaceleração foi geral", disse Salomão Quadros. O item tem maior peso, por exemplo, do que educação, leitura e recreação, que desacelerou da alta de 3,53% em janeiro para mais 0,49% no mês passado.

O INCC, que mede a inflação do setor de construção civil, passou de inflação de 0,33% em janeiro para 0,27% no mês passado. Os materiais subiram 0,3%, ante 0,38% em janeiro, e a mão-de-obra cresceu 0,23%, depois da alta de 0,28% no mês anterior.
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