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Empresas e entidades oferecem 1,8 mil vagas para pessoas com deficiência

G1

Obrigadas por lei a contratar pessoas com deficiência, muitas empresas se veem diante de uma barreira: faltam candidatos qualificados para as vagas, apontam as companhias.

Diante da situação, empresas e entidades criam programas de capacitação e qualificação para a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho.

O G1 listou abaixo algumas empresas que têm programas voltados a pessoas portadoras de deficiência. Juntas, elas oferecem pelo menos 1,8 mil vagas de emprego. 

A lei 8.213/1991 determina que empresas com mais de cem empregados tenham pelo menos 2% de funcionários com deficiência. O percentual, de acordo com o número de funcionários, pode chegar a 5% do quadro de funcionários para empresas com mais de mil empregados - veja tabela abaixo.

Para auxiliar as empresas a preencher a cota, a AACD criou o Programa Trabalho Eficiente, de capacitação a pessoas portadoras de deficiência. As empresas cadastram as vagas disponíveis e a entidade treina e encaminha os candidatos.

"Há grande procura pelas empresas porque elas têm uma cota a ser cumprida, mas também porque existe uma conscientização grante quanto a importância da integração dessas pessoas na sociedade", afirmou o superintendente institucional da entidade, Luiz Oderban Liporoni.

Segundo ele, há desafagem entre as vagas oferecidas e os candidatos encaminhados por conta da baixa qualificação e da falta de adaptação das empresas para a recepção dessas pessoas.

A AACD tem hoje um banco de dados com 3 mil currículos e atualmente tem mil vagas em aberto. A maioria das vagas é na área de telemarketing, auxiliar administrativo, área de vendas e de informática. A empresa que contrata por meio da entidade, paga 70% do valor do primeiro salário, mas não há nenhum desconto para o trabalhador.

O setor bancário é um dos que sofre com a falta de qualificação das pessoas com deficiência. Para tentar atingir a cota prevista em lei, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criou um programa para qualificar os trabalhadores. A estimativa é de que o setor precisa empregar ainda mais 4,5 mil pessoas com deficiência para atingir a cota.

A maioria das vagas é na área administrativa. A Vale, no entanto, inovou e criou em 2005 programa para capacitar trabalhadores para o setor de produção. Participam pessoas com mobilidade reduzida nos membros superiores e inferiores.

Desde a criação do programa, a Vale formou cerca de 280 pessoas, das quais 230 acabaram contratadas pela empresa. Neste ano, haverá novo programa voltado para a área operacional. É preciso que os interessados acompanhem o site da Vale, www.vale.com, a partir do fim de março, previsão para que se iniciem as inscrições para o programa.

1% dos trabalhadores

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego do fim do ano passado, as pessoas com deficiência são menos de 1% dos trabalhadores formais do Brasil - 348,8 mil pessoas. A remuneração média dos trabalhadores é R$ 1.389,66, um pouco superior à média nacional, de R$1.355,89.

Para Izabel Maior, chefe da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), ligada à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, as pessoas com deficiência têm desvantagem no mercado de trabalho.

"Durante muito tempo, não tiveram acesso ao sistema educacional. E agora é que a educação inclusiva chegou ao sistema público. Por isso, no futuro, teremos um grupo maior de pessoas com deficiência que ultrapassam o ensino médio", afirmou Izabel.

Izabel, que tem deficiência física, considera os selecionadores um gargalo. "Nas entrevistas, entra a questão da subjetividade. Algumas pessoas ainda têm um resquício de preconceito", avalia.

A coordenadora da Corde afirmou que um grupo de trabalho do governo federal está em fase final da formatação de novas regras para os critérios do ingresso na pessoa com deficiência no mercado de trabalho. O objetivo é que uma equipe multidisciplinar, formada por médicos e assistente social, conceda um certificação do grau de funcionalidade do deficiente.

O decreto 3298/1999 define os critérios que estipulam quais são as "pessoas com deficiência", nomenclatura adotada depois que o Brasil ratificou a convenção sobre o Direito das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do decreto 186/2008 do Senado. Veja abaixo as regras atuais.
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