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A reação de deputados aos votos no Supremo contra Eduardo Cunha
Nexo
Seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal votaram nesta quarta-feira (2) pela abertura de ação penal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A decisão final será tomada nesta quinta-feira (3), mas é pouco provável que algum ministro mude de voto. Cunha deve virar réu em uma ação do Ministério Público Federal que o acusa de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de propina desviada de contratos da Petrobras.
Além disso, na noite de terça-feira (1º) foi aberto no Conselho de Ética da Câmara o processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha que o acusa de ter mentido à CPI da Petrobras ao declarar que não tinha contas no exterior.
O que foi dito nesta quarta-feira na Câmara sobre os dois fatos:
Eduardo Cunha
PMDB-RJ, PRESIDENTE DA CÂMARA
Quando a sessão do Supremo desta quarta-feira ainda não havia terminado, Cunha deu entrevista na Câmara e disse que será absolvido pelo Tribunal:
“Com o o tempo a verdade acaba surgindo. Em 2013 eu me tornei réu, uma decisão do pleno [do Supremo], por 5 a 3, e depois fui absolvido por unanimidade. Mesmo se eu me tornar réu, são indícios, e tudo o que está lá [na acusação] não tem condição nenhuma de ser provado”
Eduardo Cunha
Ele se refere a uma denúncia apresentada pelo Ministério Público que o acusava de ter usado documento falso para se defender num processo de fraudes em licitações da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro, arquivada pela Corte. Para Cunha, a eventual abertura de uma nova ação penal contra si no Supremo “não teria interferência nenhuma” no processo que corre no Conselho de Ética da Câmara.
Manoel Júnior
PMDB-PB, MEMBRO SUPLENTE DO CONSELHO DE ÉTICA E APOIADOR DE CUNHA
Aliado de Cunha, acha que ele não deve renunciar à presidência da Casa se vier a se tornar réu no Supremo. Ao Nexo, afirmou:
"Se você levantar quantos deputados respondem a processos no Supremo… São muitos”
Manoel Júnior
O deputado também não vê relação entre a abertura da ação penal no Supremo e o trâmite do processo de Eduardo Cunha no Conselho de Ética: “Ali é uma coisa, aqui é outra. Aqui, inclusive, restringimos o escopo à [declaração dele] na CPI da Petrobras”.
José Carlos Araújo
PSD-BA, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ÉTICA
Indagado se a eventual abertura de ação penal contra Cunha daria impulso à análise do processo contra ele no Conselho de Ética, disse ao Nexo:
“Com certeza, com certeza. O que deu lá, deu cá. O que o Supremo fará é abrir uma ação. É o que acabamos de fazer no Conselho”
José Carlos Araújo
Fausto Pinato
PRB-SP, INTEGRANTE DO CONSELHO DE ÉTICA
É cauteloso sobre a influência da eventual abertura de ação penal no processo contra Cunha no Conselho de Ética. Disse ao Nexo:
“Acredito que não influencia. Ele ainda é presidente da Casa, sabemos que todo tipo de recurso vai para análise do vice-presidente [Waldir Maranhão, PP-MA, aliado de Cunha]…Vamos sentir se haverá resultado nas próximas votações de requerimentos”
Fausto Pinatto
Antonio Imbassahy
PSDB-BA, LÍDER TUCANO NA CÂMARA
Pediu explicitamente a renúncia de Eduardo Cunha, em nome do PSDB e da “população brasileira”:
“Temos um presidente da Câmara dos Deputados que está sendo investigado pela própria Casa, pelo Conselho de Ética, e mais grave ainda, réu no Supremo Tribunal Federal. É um grave constrangimento. Para o PSDB e acredito também que para muitos partidos organizados nesta Casa e para a maioria da população brasileira, chegou no limite. Não resta outra alternativa senão o afastamento do presidente Eduardo Cunha. (…) Solicito que o presidente Eduardo Cunha renuncie”
Antonio Imbassahy
Paulo Teixeira
PT-SP
Questionado pelo Nexo, optou por uma declaração comedida, pedindo que o Supremo chegue rapidamente à decisão final sobre o caso de Eduardo Cunha:
“Já são seis votos a favor. A maioria dos ministros entendeu que é preciso investigar as suspeitas de irregularidades. O que se espera dos demais ministros é que não se tente protelar essa importante decisão”
Paulo Teixeira
Henrique Fontana
PT-RS
Fez um duro discurso no púlpito da Câmara dos Deputados no qual disse que Cunha não tinha mais condições de presidir a Casa:
“Estamos hoje sendo presididos por um dos políticos mais corruptos da história do Brasil”
Henrique Fontana