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Notícias / Educação

MST cobra da UFMT abertura de cursos voltados para assentados

Da Assessoria

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) solicitou ontem, em audiência no gabinete da reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lucia Cavalli Neder, cursos de formação para assentados. Conforme o MST, nos 23 estados onde o Movimento se encontra, a UFMT é uma das poucas instituições que ainda não abriram espaço a jovens do campo. A reitora sinalizou positivamente e ficou de colaborar com o Movimento no sentido de convidar professores da UFMT que se interessem pela causa e queiram compor a equipe docente e para compor um grupo de estudo que possa pensar, elaborar e coordenar os projetos em parceria com os movimentos sociais do campo

“Em outras épocas, a UFMT já esteve bem mais aberta ao movimento das mulheres, das crianças e do campo”, afirmou a sem-terra Solange Serafim, da coordenação estadual do MST, à reitora. Segundo Solange, o pedido de cursos especiais nesse momento é feito pelo MST, mas pode e deve se estender a todos os movimentos sociais do campo que precisem desse mesmo suporte pedagógico".

Para Solange, é importante que a reitoria assuma essa ação como uma política institucional, porque isso facilitaria a sensibilização das coordenações de cursos, já que a própria reitora reconheceu a resistência ao novo dentro da UFMT.

O MST propõe cursos que partam da realidade e necessidades do campo. “Que os educandos ao se formarem não fiquem apenas reproduzindo o conhecimento aprendido, mas possam, ao voltar para seus locais onde moram, atuar de forma crítica na realidade para transformá-la”, explica o sem-terra Antônio Carneiro, também da coordenação estadual do MST. Ele destacou que as federais são escolas públicas e, portanto, a produção do conhecimento nelas deve ser para todos, inclusive os que vivem no campo e em assentamentos.

Carneiro disse ainda que a UFMT tem enormes dificuldades em atender a públicos de movimentos sociais do campo. “A Unemat já vai para o segundo curso para assentados”, afirma Carneiro.

O professor doutor em energia Dorival Gonçalves Júnior, que é apoiador do MST e esteve na reunião, disse que há duas semanas foi à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em um curso do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O MAB tendo tido uma atenção dirigida da instituição carioca. Tanto é que no mesmo curso estiveram presentes o reitor e a pró-reitora da UFRJ.

A reitora viu alguns caminhos para favorecer a abertura de cursos de graduação voltados para o campo. Segundo ela, isso pode se dar por meio do programa Universidade Aberta, que abrirá 20 mil vagas só na UFMT. Mas adiantou que, por aí, não é possível abrir vagas protegidas. O que é diferente se der suporte aos cursos o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Maria Lúcia disse não ver problema em encontrar financiamento para cursos de especialização.

A reitora defendeu que os cursos a serem criados passem por todo o trâmite burocrático da UFMT, para que se enraíze na escola, o que, segundo ela, fortalecerá o projeto e impedirá que ele comece e pare, por exemplo.

Também participou da reunião o professor Vinícius Machado, do departamento de Matemática da UFMT, a ex-vereadora petista Enelinda Scala e a pró-reitora de Graduação, Miriam Tereza.

O próximo passo será marcar uma reunião, com outros professores que possam formar a equipe docente, até o final de agosto ou início de setembro.

Ficou ainda encaminhado que o MST vai apresentar nomes de professores para compor o grupo de estudo e a UFMT vai apoiar um encontro da juventude universitária e do campo que vai acontecer ainda este ano com aproximadamente 200 jovens.

Na avaliação do MST, a audiência foi positiva. "Ficamos animados com o compromisso político da reitora, porém, vamos continuar pautando e cobrando, pois não basta apenas o compromisso político, é preciso agora que esses compromissos se transformem em ações concretas", destaca Carneiro.
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