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Economistas do Banco Fibra apostam em redução da Selic para 11,25%

ABr

O acirramento da crise financeira internacional e as perspectivas de aprofundamento de seus impactos na economia real, tanto no Brasil quanto no exterior, justificam uma aceleração no ritmo de cortes da taxa básica de juros (Selic) na reunião que o Comitê de Política Monetária (Copom) fará na semana que vem.

O diagnóstico é da economista Maristella Ansanelli, do Banco Fibra, que acredita em uma redução da taxa de 12,75% para 11,25% ao ano, com os juros retornando aos níveis de março do ano passado. Flávio Mendes, também economista do Banco Fibra, concorda com Maristella e diz que o colegiado de diretores do Banco Central deve seguir linha idêntica à de países que reduziram significativamente suas taxas de juros.

Ambos acreditam que se repitam em alguns países neste início de ano as expressivas quedas registradas no quarto trimestre de 2008, principalmente nos mais ricos, como os Estados Unidos. Para eles, tal perspectiva sustenta as expectativas negativas para o crescimento econômico deste ano e alimenta temores de contaminação também para o crescimento do ano que vem.

Nesse contexto, Maristela diz que “a economia brasileira continuará sentindo os efeitos da desaceleração mundial, com chances muito reduzidas de retomada no curto prazo”. A economista lembra que os resultados da produção industrial de janeiro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram “muito negativos”, com queda de 17% na comparação com janeiro de 2008, apesar da recuperação do setor automotivo.

“Em um cenário de fortes quedas do ritmo de atividade e da inflação mundial, parece pouco provável um aumento das pressões inflacionárias domésticas”, acrescenta Flávio Mendes. Ele ressalta, entretanto, que o componente inercial da inflação é maior no Brasil que em outros países, como observa o Banco Central sempre que tenta explicar a resistência a quedas bruscas dos índices de preços brasileiros.

Para ele, esse componente não deve, porém, impedir a inflação brasileira de caminhar para patamares inferiores à meta anual de 4,5% nos próximos meses. “Todo esse contexto nos leva a acreditar em uma aceleração do ritmo de cortes da Selic”, diz ele.

Flávio Mendes evitou adiantar quais seriam as reduções na taxa de juros ao longo do ano, por causa das “incertezas no cenário externo”, mas trabalha com a perspectiva de taxa de juros de um dígito antes do final do ano.
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