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Ságuas classifica aprovação de impeachment como "ruptura com a democracia" e teme retorno de governo para elites

Da Redação - André Garcia Santana/ Da Reportagem Local - Laíse Lucatelli

O deputado Ságuas Moraes (PT) avaliou a aprovação do pedido de impeachment como preocupante, uma vez que o resultado, aprovado sem a análise do crime de responsabilidade atribuído à presidente, não resolverá os problemas do país. Ságuas votou pelo não ao impedimento, e defendeu ainda que a possibilidade de o Brasil seja governado por eles é temerária e representa uma ruptura com a democracia. Dos oito deputados federais que representam Mato Grosso, ele e Valtenir Pereira (PMDB), foram os únicos a se posicionar a favor da continuidade da gestão. 

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Ao final da votação na Câmara dos Deputados, na noite domingo (17), ele afirmou à repórter Laíse Lucatelli, do Olhar Direto, que o fato de o processo ser conduzido por Eduardo Cunha, réu na Operação Lava Jato, em conjunto com o vice-presidente Michel Temer e outros deputados investigados por corrupção, configuram como golpe.

“Obviamente que esse processo ainda vai pro Senado e não se encerrou aindan NO entanto a presidente pode ser afastada e o Temer assumirá com todo esse “acordão”. Isso que presenciamos foi à negação da democracia, foi ignorar os 54 milhões de votos que Dilma recebeu.” Uma tentativa de impedir a administração de Roussef desde 2014, diante da derrota nas eleições, também foi atribuída à oposição, que, em sua opinião, se utiliza de um instrumento legal, o impeachment, por meio de atos ilegais.

Ele também lembra que o governo anterior à instauração da ditadura também tinha caráter popular e defendia reformas de base como a agrária e trabalhista, e alerta que, embora vivamos em tempos diferentes, o comportamento dos responsáveis pelo rito de impedimento deixa muitas dúvidas com relação ao futuro.

“No golpe de 64, não disseram que iam torturar e perseguir, que não haveria mortes e cerceamento da imprensa. A desculpa era criar um Estado democrático para o desenvolvimento do Brasil. Na melhor das hipóteses vão instaurar o estado mínimo e diminuir os programas sociais até que acabem. Será um governo para poucos. Voltará a ser um governo para os ricos, para as elites do Brasil.”

Com relação à votação no Senado, o deputado diz que será necessário observar a reação da população, já que os votos de seu partido e aliados não foram suficientes para barrar a aprovação do pedido. Ságuas também diz que o Partido dos Trabalhadores está preparado para voltar ao enfrentamento como oposição, já que foi assim que o partido nasceu.

“Nós não imaginávamos que em pleno século XXI caberia a possibilidade de um golpe, de não se acatar o resultados das urnas. Então, para nossa democracia que é muito jovem e está em processo de consolidação, seria importante se trabalhássemos cada vez mais a sua concretização. Infelizmente, essa Casa, que é a mais conservadora desde 64, entende que o golpe é melhor caminho”, finaliza.
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