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Suíça pede a EUA que não pressionem banco suíço em caso de suspeita de sonegação

EFE

A ministra de Assuntos Exteriores da Suíça, Micheline Calmy-Rey, disse nesta sexta-feira à secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que se os Estados Unidos continuarem a pressionar o banco UBS pela revelação dos nomes de clientes que estariam envolvidos em casos de sonegação, as relações bilaterais e muitos empregos ficariam em perigo.

"Disse à secretária de Estado que não é fácil para a Suíça aceitar essa pressão sobre o UBS que vai contra da lei suíça, e que devemos evitar que aumente a tensão porque o UBS tem 30 mil empregos nos Estados Unidos e muitos mais na Suíça", disse a ministra suíça após encontro com Hillary.

O IRS (a Receita Federal dos Estados Unidos) pediu informações sobre 52 mil titulares de contas secretas, depois que o órgão descobriu fraudes em declarações de renda. A polêmica entre as autoridades suíças e americanas abriu uma discussão sobre sigilo bancário em relação a esquemas financeiros.

Segundo Calmy-Rey, ambas concordaram que se deve evitar toda escalada sobre o assunto para evitar maiores problemas. A ministra ressaltou que a Suíça "mantém uma tradição de cooperar judicialmente com as autoridades americanas [no terreno das contas secretas] quando aconteceram casos de suspeitas de financiamento do terrorismo".

Ela afirmou, no entanto, que se a pressão sobre o UBS continuar todo o sistema econômico suíço e mundial pode sofrer abalos.

Ontem, presidente da Suíça, Hans Rudolf Merz, disse que não é interesse do país "aceitar fundos de origem ilícita" e manifestou a disposição de cooperar com outros países, especialmente com a UE (União Europeia) e os Estados Unidos, em fiscalização para impedir que seu sistema bancário seja utilizado por potenciais fraudadores de impostos e, sobretudo, para evitar eventuais sanções contra eles.

O UBS já teve que revelar à Justiça americana os nomes de cerca de 300 clientes contra os quais havia fundadas suspeitas de fraude fiscal, crime com o qual banqueiros da filial do banco nos EUA teriam colaborado ativamente, segundo as investigações.

Merz sustentou que seu governo está disposto a ampliar a fiscalização, mas considerou que antes os membros da UE devem "chegar a um entendimento entre eles mesmos".

Ele também ponderou que preservará a figura do sigilo bancário, "que é parte da mentalidade [dos suíços], uma forma de proteger a esfera privada. Não vejo nenhuma razão para que tenhamos que renunciar a isso". O presidente suíço ainda lembrou que países como Áustria e Luxemburgo também aplicam o sigilo bancário.
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