Imprimir

Notícias / Brasil

Mulheres se acorrentam no Planalto em ato contra afastamento de Dilma

G1

Mulheres se acorrentaram às grades de contenção instaladas no Palácio do Planalto no início da tarde desta quinta-feira (12) em protesto contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Elas seguravam faixas e cartazes, além de letras, que juntas formavam a mensagem “resistência contra o golpe”. O grupo disse não ter previsão para deixar o local.

O ato aconteceu pouco depois de Dilma discursar junto a apoiadores e deixar o palácio. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a nomeação como ministro da Casa Civil  barrada pelo Supremo Tribunal Federal, acompanhou a presidente afastada no contato com os manifestantes.

Havia 28 mulheres no local. A maioria usava roupas vermelhas. Elas recebiam água e protetor solar de outros manifestantes. Indígenas, turistas e representantes de movimentos sociais também estavam no local.

O grupo gritava “caraca, a mulherada chegou forte. Está mobilizada, para barrar o golpe”. "Vamos ficar aqui até nos tirarem daqui. Vai ser difícil nos tirar", afirmou uma manifestante que não quis se identificar.

As manifestantes também cantavam "mulheres na rua, a luta continua". Policiais militares e seguranças do Palácio do Planalto acompanharam o protesto sem fazer intervenções.

A militante Juliana de Sousa criticou o processo de impeachment. "Não ter mulher no governo é mais um motivo para nós estarmos aqui. Eles não estão comprometidos com os direitos das mulheres. Nós vamos resistir porque não é um golpe contra presidente dilma, é um golpe contra todas as mulheres e a democracia."

Ela também disse que, no governo de Dilma, houve a construção de uma "política de enfrentamento" a violências contra mulheres. Ela afirma ter medo de que essas conquistas sejam perdidas durante o tempo em que Michel Temer estiver como presidente da República em exercício.

A deputada Moema Gramacho (PT-BA) esteve no local para prestar apoio às mulheres. "Nós vamos lutar nas ruas e no parlamento. Nós vamos tentar convencer deputados e senadores que não estão envolvidos na Lava Jato, porque os que estão na Lava Jato fizeram um pacto com [o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo] Cunha, e ele prometeu o céu para eles, prometeu livrá-los da Lava Jato."

"As mulheres se sentiram empoderadas com Dilma na presidência. Dilma foi tirada à força, e elas serão retiradas à força daqui. O [Michel] Temer está entrando no Palácio pela força e vai governar pela força contra o povo", completou.

Afastamento da presidência
O pronunciamento da presidente afastada durou 14 minutos e ocorreu pouco depois de ela ser notificada pelo primeiro-secretário do Senado, Vicentinho Alves (PR-TO). Dilma classificou a decisão como "a maior das brutalidades que pode ser cometida contra um ser humano: puní-lo por um crime que não cometeu".

Ela voltou a chamar o processo de impeachment de “golpe” e afirmou que não praticou nenhum crime. Também disse que o que “está em jogo” é o “respeito às urnas” e acrescentou que tentam “tomar à força” o seu mandato, que, segundo ela, é alvo de “sabotagem”.

A Polícia Militar montou estruturas metálicas para delimitar o acesso à rampa do Palácio do Planalto. De acordo com a corporação, havia cerca de 4 mil manifestantes do lado externo do palácio por volta das 12h30.

Houve um pequeno conflito no local entre apoiadores da petista e seguranças do Palácio do Planalto: os manifestantes retiraram as grades para facilitar o acesso de mais pessoas, mas foram repreendidos. A estrutura chegou a cair, mas foi recolocada no local.

A sessão do Senado que votou pelo afastamento de Dilma, que ocorre por até 180 dias, durou 21 horas. A medida foi aprovada com 55 votos a favor e 22 contra. Com a decisão, o vice Michel Temer passou a ser o presidente em exercício.

Logo após Temer ser notificado da decisão, a assessoria do vice-presidente anunciou os nomes dos ministros que integrarão o ministério do novo governo. Entre eles estão Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, Romero Jucá no Ministério do Planejamento, Eliseu Padilha na Casa Civil e Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo.
Imprimir