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Ságuas Moraes diz que Temer não é firme e critica ministério político

Da Redação - Jardel P. Arruda

“Fraco”. Com essa palavra o deputado federal Ságuas Moraes (PT) define a composição do ministério do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), a qual ele considera contraditória a promessa de uma composição de “notáveis”, como havia sido ventilado pelo peemedebista.

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“Ele [Temer] não e muito firme, ainda mais da forma que ele chegou ao poder. Primeiro, ele disse que montaria um ministério só com notáveis. Depois disse que montaria um ministério com metade de notáveis e outra metade de indicações politicas. Agora, onde estão os notáveis desse ministério?”, afirmou Ságuas, à reportagem do Olhar Direto.

Para o deputado petista, o único membro notável é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o qual ocupou cargo de presidente do Branco Central durante a gestão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Nem mesmo o senador Blairo Maggi (PP), que é um dos grandes nomes do agronegócio, foi elencado como notável para o Ministério da Agricultura.

Ságuas acredita que o ministério do governo interino foi montado inteiramente como forma de retribuição política aos partidos com atuação decisiva no afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), em decorrência do processo de impeachment. “É um ministério fraco. Uma composição exclusivamente politica”.

O deputado lembra o fato de sete ministros de Temer serem citados nas delações da Operação Lava Jato, sendo Romero Jucá alvo de inquérito, Henrique Alves alvo de pedido de inquérito, e outros cinco citados em listas ou conversas telefônicas como possíveis beneficiados pelo esquema criminoso.

Sem efeito

Ainda segundo Ságuas, a extinção de nove ministérios feita por Michel Temer como um dos primeiros atos durante a presidência – entre eles o Ministério da Cultura -, foi inócua no que diz respeito a economia na máquina estatal. Isso porque os cargos e a estrutura delas não foram extintas, apenas sendo anexadas a outras pastas.

“A extinção dos ministérios é pro forma. Os cargos continuam existindo, não gera economia nenhuma. É só conversa. Só vai ter economia se extinguirem os cargo”, argumentou. “Além disso, esses ministérios tem meia dúzia de funcionário”, completou, para enfatizar o quão pouco essas repartições farão diferença nas contas públicas.

Voz da oposição

Se antes do processo de impeachement contra a presidente Dilma Rousseff ser aberto a bancada federal de Mato Grosso era dividida entre oposicionistas e situacionistas, atualmente Ságuas Moraes é voz solitária como oposição ao governo interino de Michel Temer.

Os partidos dos membros da bancada de Mato Grosso que antes apoiavam a gestão de Dilma, o PP, de Ezequiel Fonseca e Blairo Maggi, e o PR, de Wellington Fagundes, passaram a apoiar a Michel Temer, bem como a própria bancada do PMDB, formada por Carlos Bezerra e Valtenir Pereira. Além disso, o PSB de Fábio Garcia e Adilton Sachetti, independente no início do segundo mandato da petista, passou para a base do presidente interino.

Contudo, isso não deverá alterar a relação com o restante da bancada, com a qual espera continuar a trabalhar em conjunto pela melhoria do Estado. Para ele, a culpa não está nas pessoas individualmente, mas no fisiologismo dos partidos, estimulados pelo atual sistema, o qual só pode ser revisto através de reforma política.

“No conjunto, os partidos, há um grande fisiologismo. Articularam com os dois lados, com os golpistas e conosco. O PP e o PR tem demonstrado serem fisiológicos. Eles estavam junto ao governo, eles tem de ser responsabilizados também. Eles negociaram com os golpistas e com o PT até o último momento”, ponderou.
“Nosso sistema político está fragilizado e fragmentado. Tem uma grande quantidade de siglas que só serve para negociatas. Eles têm ideologia? Não há um mínimo de convicção nas filiações. Isso enfraquece a democracia.”
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