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Milan defende 0% de reajuste para servidor e Avalone revela R$ 1 bi “escondido” em folha salarial na LOA

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco

Defensor intransigente do “Estado mínimo”, o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), empresário Jandir Milan, deu o tom da reunião do governador José Pedro Taques (PSDB) com dezenas de dirigentes de entidades empresariais, responsáveis pela geração de quase 80% dos empregos na iniciativa privada, nesta segunda-feira (27), no Salão Cloves Vettorato do Palácio Paiaguás.
 
 “O senhor [governador] deveria retirar esse projeto de reajuste de 6% da Assembleia Legislativa e não dar nada. Porque não tem condições de pagar. Se o Estado fosse uma empresa, estaria quebrado”, afirmou Milan, apontando para Taques, alertando para o risco de se transformar numa bola de neve e a folha de pagamento se tornar impagável, em pouco tempo.
 
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O presidente da Fiemt observou que o Brasil vive grave crise econômica e que o governo do Estado não deveria conceder nem 1% de Revisão Geral Anual (RGA) de 6% para os servidores públicos, neste ano. O funcionalismo estadual exige o reajuste de 11,28% – percentual da perda inflacionária de 2015 – medida pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor (INPC).
 
Jandir Milian chegou a comparar a situação de suas empresas com o Estado. “Se eu desse a opção aos meus funcionários dizendo a eles que eu vou reduzir os salários deles em 11%, para lhes manter o emprego, o que a lei não permite, eu tenho certeza de que todos iriam aceitar. E estou vendo aqui os servidores não aceitando os 6%”, criticou o presidente da Fiemt.
 
Pedro Taques ouviu outras revelações aterradoras de alguns empresários. O diretor do Sindicato da Construção, Geração e Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia-MT), Carlos Avalone Júnior, recordou que, em 2013, quando era deputado estadual e foi relator da Lei Orçamentária anual (LOA) para 2014, advertiu o então governador Silval Barbosa (PMDB) sobre falhas graves na legislação. “Tinha ocultação de mais de R$ 1 bilhão na folha de pagamento dos servidores, além de R$ 500 milhões em dívidas ‘escondidos’ na Lei Orçamentária. Foram votadas várias leis de carreira em um dia e incentivos fiscais pouco claros”, denunciou Avalone Júnior.  
 
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Júlio Flávio Miranda, disse que a categoria concedeu 6% de reajuste, mesmo índice oferecido por Taques ao servidores estaduais. “Deixamos claro [para os sindicatos de trabalhadores] que não termos condições de pagar mais do que isso. O momento é de greve crise”, observou Júlio Flávio.
 
O mesmo pensamento tem o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (CDL), Paulo Gasparotto, ao alertar sobre os possíveis prejuízos que a greve já tem trazido ao setor em Mato Grosso. “O comércio depende do funcionalismo público, mas entendemos que não podemos deixar o governo em uma situação extremamente delicada e comprometida. Creio que a proposta de 6% é conveniente e acredito que os servidores deveriam entender essa situação de gravidade e contemplar os interesses da população de Mato Grosso”, justificou Gasparotto.
 
  
“Receber salário em dia já é um ponto a ser comemorado. Um governo que trabalha com 49% do seu faturamento voltado para pagamento de folha já é visto por nós de forma insustentável. Nas nossas empresas, se isso passar de 20% nós já fechamos as portas”, avaliou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Mato Grosso (Abrasel), Fernando Medeiros.
 
“Sabemos da importância do setor produtivo e precisamos do apoio de vocês neste momento que é de crise. Precisamos fazer um pacto pelo Estado e estamos conversando com todos”, argumentou Pedro Taques.

“Junto aos Poderes já apresentamos a redução do duodécimo; para a classe comercial definimos mudanças por meio do Decreto 380, que terá inicio a partir de 2017. Com os frigoríficos também estão sendo discutidas novas medidas. O Governo não se faz sozinho, precisamos de todos neste momento”, completou o chefe do Poder Executivo.
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