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Desconstruindo Preta Gil: 'Celulite não mede o caráter de ninguém'

Ego

Em cima do palco, ela continua a mesma espoleta que surgiu em 2003, nua na capa de seu primeiro CD, criando muita polêmica. Fora dele, Preta Maria Gadelha Gil Moreira, ou simplesmente Preta Gil, já não é mais assim. Agora, ela reflete mais sobre um tema e pensa duas vezes antes de falar. Neste sábado, 8, dia em que faz 35 anos, abriu o verbo para o site EGO. Não aquele carregado de gracinhas e declarações bombásticas que ela ainda faz uso no palco, mas um que decreta: “Estou mais madura agora”. Preta também foi alvo de nossas lentes através de um ensaio inspiradíssimo nas ruínas de uma casa em São Cristóvão, no subúrbio do Rio de Janeiro. Confira!

"A proximidade dos 40 não me assusta. Vou a uma astróloga há muitos anos e ela sempre me disse que minha vida começaria de novo aos 40. Porque nessa idade eu seria uma mulher muito rica, muito bem-sucedida na minha profissão e tudo o mais. Como hoje, aos 35, me encontro em uma fase de expansão, vivendo exclusivamente do meu trabalho, com um público bacana e fazendo show pelo Brasil todo, acredito nessa previsão (risos)."

Maturidade
"Maturidade é fundamental para qualquer coisa. Comecei de uma maneira

imatura, mas dou muito valor a isso. Foi esse frescor do começo, de quem dá a cara a tapa, que serviu para a construção da minha história. De lá para cá, amadureci. Sou a mesma pessoa na minha essência, mas alguns erros eu tento não cometer mais. Me sinto muito mais segura, forte e feliz. Minha ansiedade inicial fez com que eu falasse muito, que eu não medisse bem o que eu falava, juntamente com uma certa ingenuidade."

Novos Erros

"Eu ainda falo demais, mas já tenho uma autocensura natural. Não sou mais um poço de informações ou pseudopolêmica. Há muito tempo que a minha é trabalhar, cuidar do meu filho e buscar realizações pessoais. É óbvio que tenho tiradas, mas isso eu deixo exclusivamente para o palco. Na vida e nas entrevistas, eu tento dialogar. Não tenho mais a necessidade, nem a ansiedade de que as pessoas me conheçam. Não preciso mais de nenhuma declaração bombástica para chamar atenção. No fundo, no fundo, tudo o que eu falei foi uma necessidade de me expor e de chamar atenção para mim. Mas paguei um preço alto por isso. Algumas declarações que para mim soam com naturalidade, como as minhas opções sexuais, minhas experiências, para outras pessoas não são.Ainda existe muito preconceito. Mas também tiveram aqueles que compreenderam e me abraçaram. É o público que me acolheu e gostou do meu som, da minha atitude."

Mágoa
"A coisa mais distorcida e que me magoa até hoje é a coisa com o meu corpo. Quando fiz o disco ‘Prêt-à-Porter’, vi uma raiva das pessoas, da imprensa, um preconceito muito grande por eu não fazer parte dos padrões vigentes de beleza. As pessoas falaram que era estratégia de marketing, mas tanto não foi que, as fotos nuas, naquele momento, foi um tiro no meu próprio pé. Eu estava lançando um disco. Mas as pessoas não queriam saber da música, queriam saber porque eu havia posado nua, se eu estava gorda, se eu não estava, se eu não tinha

vergonha. A partir dali, criou-se um mito muito grande de que eu sou uma mulher gorda. Não me vejo assim. Sei que não sou a Gisele Bündchen, nem nunca vou ser, mas também não sou essa obesa que as pessoas pintam. Costumo dizer que caráter não se mede por celulite. Não é a quantidade de celulite que vai dizer se você tem mais ou menos caráter. É preciso separar o indivíduo de sua forma física."

Gracinhas no palco
"Não tenho medo de falar minhas gracinhas no palco. Ali, sou eu na minha essência. Em qualquer lugar, vão ter pessoas que vão achar bom e outras ruins. Às vezes, tento ser um pouco mais séria, falar menos palavrão no palco. No último show que fiz no Rio, na ‘The Week’, lembro que não falei nenhum ‘cu’, por exemplo. ‘Cu’ é como vírgula para mim. Falo aquilo tudo muito naturalmente. Tenho que fazer uma força contrária, para não falar. Mas sei que muita coisa que eu falei no palco virou manchete como a história da ‘Mulher Rodízio’ ou de ser ‘Total Flex’."

Corpo a corpo
"Para mim é muito complicado malhar. Quando estou lá, sinto um prazer enorme. Mas até chegar na academia, que é no meu prédio, parece que estou sendo agredida fisicamente. Não gosto. Mas tenho que malhar por conta dos shows, para ter preparo físico. Também precisava fechar a boca também. Tenho muito prazer em comer. Por exemplo, adoro estrogonofe, poderia escrever um guia sobre os melhores estrogonofes do país. Tem também o fato de estar praticamente casada com um homem que me aceita do jeito que eu sou (Preta é noiva do mergulhador Carlos Henrique Lima). No último ano, engordei 10 kg. Não acho isso digno(risos). Há um ano atrás me achava gorda com meus 74kg. Ai que saudades dos meus 74kg!"

"Eu ainda sou a mesma pessoa com 35 anos. Não teve um momento ‘a bunda caiu’ ou nasceram pés-de-galinha. Eu ainda estou conservada no formol(risos)."

Sexo
"Também melhorou com a idade. Não tenho mais a ansiedade de satisfazer aquela libido à flor da pele o tempo todo. Você vai ficando mais sereno, principalmente quando você tem um parceiro. As descobertas tem um gostinho melhor. Você vai se permitindo descobrir coisas que não conhecia. Também não deixo mais a vida me levar. Sou uma mulher dedicada, cuido do relacionamento. Cuido da casa, da comida na mesa, da roupa passada. Essas coisas que homem gosta.

Maternidade I
"É o maior orgulho que eu tenho na vida é o meu filho. A gente cresceu juntos. Eu tive ele com 20 anos, então a gente cresceu juntos. Ele se transformou em um homem que eu me orgulho muito. É um garoto gentil, educado, sensível para arte. Ele me surpreende a cada dia. Temos nossos problemas no dia-a-dia com a escola, com a teimosia de um adolescente típico, mas isso me dá muito prazer."

Maternidade II
"Não!Cada dia menos vontade de ter outro. Hoje, na minha vida, só vejo meus sobrinhos. Eu ainda me realizo muito com o Francisco, como mãe, e pensar em ter um bebê hoje em dia dá preguiça. Até tentei ter depois do Francisco, mas perdi duas vezes. Se não veio é porque não era para vir. Não vou me considerar uma mulher feliz se eu tiver um filho hoje. Não cabe um bebê na minha vida."

Saudades dos vinte?
"Não tenho saudade nenhuma dos 20 anos. Era muito difícil para mim ter 20. Eu tinha uma vida muito difícil. Eu era casada com o Otávio (Otávio Muller, ator), era duraça, a gente ralava à beça. Era tudo muito difícil. Sinto saudades do Francisco bebê. Só."
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