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Movimentos sindicais se reúnem contra governo interino e 'Escola Sem Partido'

Da Redação - Naiara Leonor

Com paralisação das aulas, docentes, técnicos e estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) iniciaram a mobilização nacional em Cuiabá e realizaram desde as 14h, ato e carreata fúnebre do governo interino de Michel Temer em protesto a redução de 45% no orçamento das universidades federais a partir de 2017, além de posição contrária a PL 257/16 e a PEC 241/16 e a 'Escola sem Partido'. Os manifestantes finalizaram o trajeto na Praça Ipiranga, quando se uniram à mobilização nacional convocada pelas centrais sindicais brasileiras. O protesto foi realizado na terça-feira, 16.

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Reunindo cerca de 80 pessoas na Praça Ipiranga, a manifestação organizada pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) se uniu a mobilização nacional, que dentre as pautas comuns está a não aprovação da PL 257/16 que negocia novamente as dívidas dos estados com a União e congela investimentos no setor público, impedindo novos concursos e reajustes salariais.
 
A Assistente Social de Saúde do Estado, Luzinete Bispo, se posicionou contrária a implantação da “Escola Sem Partido”, pauta que foi destaque da manifestação. “Na verdade não é uma escola sem partido, é uma escola sem pensamento crítico, sem você poder ter uma opinião, discutir uma ideologia. Porque a filosofia ensina você a pensar e isso não é interessante”.
 
A servidora estadual ainda afirmou que é preciso lutar pe3los direitos trabalhistas conquistados até hoje com muito sacrifício. “Eu acho que com o congresso sendo a maioria de latifundiários, empresários e bancada evangélica, então é muito difícil não passar [Escola Sem Partido]. As manifestações ajudam, mas têm que ter mais pessoas, mais movimentos sociais. Porque a gente esta vendo que os movimentos sociais estão sendo combatidos nesse governo. O que a gente esta perdendo em direitos aqui não é só em educação, é direito trabalhista, são pessoas que lutaram há muito tempo, deram o sangue e o suor, muitos morreram por direitos trabalhistas, fundo de garantia e a gente esta deixando isso de lado, não lutando”, finalizou Luzinete.

O presidente da Adufmat, Reginaldo Araújo, evidenciou que o corte de orçamento comprometerá as ações da universidade. “Nossa universidade tem uma série de programas, de bolsas para estudantes, está num momento de expansão, com novos cursos nos campi de Sinop, Araguaia, Rondonópolis. Temos o campus de Várzea Grande, que ainda está em processo de construção. Um corte de 45% nos recursos da UFMT representaria ter de administrar com pouco mais de R$ 400 milhões o mesmo espaço que antes era administrado com R$ 750 milhões. Com certeza isso comprometerá a qualidade das nossas pesquisas, dos nossos cursos de extensão e ensino”, afirma o presidente. 
 
O professor do Departamento de Matemática da UFMT, Aldi Nestor Souza, concorda que a redução no orçamento vai prejudicar o ensino e desenvolvimento de ações da universidade. “A paralisação de hoje tem a vercom essa mobilização nacional dos projetos de leis discutidos no congresso. A redução no orçamento vai afetar a universidade inteira, influenciar em todos os departamentos”, disse Aldi.
 
O professor ainda completa comentando a importância dessas manifestações para continuar garantindo os direitos dos trabalhadores. “A manifestação, uma ação conjunta com vários sindicatos tem o mesmo pensamento, de lutar contra o golpe primeiramente e essas séries de coisas que afetam a vida do trabalhador, que são visíveis esse projetos de leis que tiram os direitos conquistados teoricamente. Essa manifestação foi bastante proveitosa, se vai resolver é outra história. Poderia ter mais gente, mas acho que foi bom”.
 
Outra pauta comum é não aprovação da PEC 241/16 que reduzirá as despesas primárias da União, limitando os gastos públicos com relação ao ano anterior, corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso significa congelar os gastos públicos, não realizar novos investimentos, sem novos concursos públicos, sem reajustes, colocando em xeque, por exemplo, o último acordo feito entre Governo do Estado e servidores da rede estadual de educação de Mato Grosso. O governo defende que isso vigore por pelo menos vinte anos.  
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