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Após polêmica, criador do Chapolin Brasil das Olímpiadas revela sua intenção: "apoiar os atletas"

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Tudo começou na final do vôlei de praia feminino na quarta-feira, quando um dos funcionários alegou ser proibido distribuir bonecos que não fossem os mascotes oficiais da Rio 2016 aos atletas. No mesmo dia, de acordo com reportagem da ESPN.com.br, um Medalhito dado de presente para uma jornalista mexicana foi retirado pela organização. Na noite de quinta-feira, após o final do torneio masculino, um vídeo feito das arquibancadas flagrou um funcionário da organização retirando um boneco que seria dado ao jogador Alison, campeão ao lado de Bruno Schimidt. 

Ainda segundo o Espn.com.br, a organização do evento está irritada com a repercussão dos Chapolins, pois todos medalhistas brasileiros estão posando para fotos com eles. O caso mais emblemático foi o do atleta Thiago Braz, do salto com vara, que segurou um Medalhito durante a foto ao lado da imagem de seu recorde olímpico.

O Torcedores.com entrevistou, com exclusividade, Rubens Tófolo, médico de 45 anos de Belém, criador da torcida e que mandou confeccionar mais 500 bonecos, financiando tudo com dinheiro do próprio bolso. Ele explicou um pouco sobre a torcida e os mascotes. Além dele, também conversamos com outros integrantes da torcida, que contam como foi a abordagem pelos organizadores da competição.

Torcedores.com – De onde surgiu a ideia da torcida e dos bonecos distribuídos aos atletas?

Rubens – Tudo começou no Pan Americano de Guadalajara, em 2011, quando eu e mais dois amigos fomos assistir às competições fantasiados de Chapolins para ganhar apoio da torcida local mexicana, fã do Chapolin. A experiência foi legal e então decidi criar uma torcida e passei a ir a uma série de competições internacionais, como os Jogos de Londres, Campeonato Mundial de Handebol e o Pan Americano de Toronto para apoiar os atletas brasileiros. O grupo hoje conta com mais ou menos 15 pessoas de diferentes estados do Brasil. 12 estão aqui no Rio.

T – O grupo é patrocinado por alguém? Alguma marca ajuda os Chapolins?

R – Absolutamente, não. Todo o grupo é financiado por mim pela minha admiração ao esporte e aos atletas brasileiros. Dinheiro que é fruto do nosso trabalho pessoal e da ajuda dos nossos amigos. Desde janeiro, fizemos uma organização e planejamento para estar presente na Rio 2016 e apoiar os atletas do Time Brasil da melhor maneira possível.

T – Da onde surgiu a ideia do mascote?

R – Alex, um dos nossos integrantes, estava andando por São Paulo e viu uma moça vendendo na Rua 25 de Março um boneco e perguntou se era possível criar um protótipo com a fantasia da nossa torcida. A princípio, seria mais uma coisa interna, somente para os integrantes da torcida. No Mundial de Handebol, entretanto, resolvemos presentear as jogadoras com ele. Temos uma relação muito legal com o handebol. Fomos os únicos torcedores presentes no ginásio no inédito título brasileiro no Mundial de 2013, na Sérvia. Fez tanto sucesso que decidimos expandir a ideia para a Rio 2016. Criamos inclusive um concurso para nomear o mascote. Demos a vencedora uma viagem paga conosco para assistir ao Pan Americano de Handebol, na Argentina.

T – A intenção era de algum modo rivalizar com os mascotes oficiais da Rio 2016?

R – De maneira alguma. Como disse, já distribuímos os bonecos para alguns atletas bem antes do início dos Jogos Olímpicos. No Pan de Toronto, posamos para fotos com o Ginga (mascote do Time Brasil). Também distribuímos os bonecos para pessoas ligadas ao Time Brasil, como Marcus Vinícius Freire, diretor executivo do COB, e para Toni Garrido, um dos padrinhos do Time Brasil na Rio 2016. Compramos inclusive os bonecos oficiais e tiramos fotos com as pessoas que nos abordam nas competições com eles na mão. Não há intenção nenhuma em rivalizar.

T – Vocês já tiveram algum problema com as organizações das competições nas quais estiveram?

R – No Pan Americano de 2015, no Canadá, tivemos problemas com o logotipo da nossa fantasia. Achavam que o BRA inscrito dentro do coração do Chapolin fosse uma ação de guerrilha do Banco Bradesco (patrocinador do esporte brasileiro cujo slogan à época era “Agora é BRA). Depois disso, passaram a não mais nos filmar. Para evitar problemas, decidimos tirar o BRA e colocamos a bandeira do Brasil no lugar.

Aqui na Rio 2016, não tivemos problema algum até a última quarta-feira, na final do vôlei de praia feminino. Um dos nossos integrantes foi abordado por um funcionário responsável pela área de marketing do evento dizendo que “era proibido a entrega do boneco a qualquer atleta”. Além disso, deixou três pessoas responsáveis para impedir que déssemos o boneco para algum atleta, além de afirmar que “estávamos fazendo um jogo de marketing”. Isso é mentira. Novamente, todo o dinheiro gasto foi fruto dos nossos bolsos.

T – Quanto o grupo gastou para vir ao Rio e qual foi o custo dos bonecos? Eles podem ser adquiridos por alguém?

R – Gastei mais de R$ 200 mil reais para vir ao Rio. Foram R$ 150 mil apenas em ingressos e conseguimos mais de 720 no total. Banquei metade do valor e o pessoal ajudou no resto. Gastamos 30 mil reais com os bonecos e produzimos mais de 500 unidades, sendo que nenhum deles é comercializado. Damos os bonecos aos atletas brasileiros e estrangeiros, e para pessoas no Parque Olímpico, principalmente crianças. Repito: não temos lucro algum com a torcida. Os bonecos são dados por nós aos atletas e a quem nos pedem. Muitas pessoas nos oferecem dinheiro por eles, mas não é a nossa intenção.

T – Como se sente sabendo que a Organização dos Jogos está retirando os bonecos distribuídos?

R – Decepcionado, porque na verdade os bonecos servem apenas para apoiar os nossos atletas, sem outro intuito. Pelo menos nas redes sociais temos tido bastante apoio. As pessoas estão criticando a organização e entendido que nossa ação é de boa fé

T – O que aconteceu com a jornalista mexicana da ESPN que teve os bonecos apreendidos?

R – Ela nos abordou na saída do jogo da Bárbara e Ághata para uma entrevista. Demos o boneco de presente para ela e também para o câmera que a filmava. Ela ficou feliz com o presente e tirou uma foto conosco. Não sabíamos que havia sido retirado. Se ela quiser outro, basta nos procurar novamente.
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