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Brasileiro e polonês são baleados em ataque a acampamento em Guaratiba

Rafael Nascimento, O Globo

Um grupo de oito pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, que acampava em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, passou por momentos de terror, na noite desta terça-feira. Eles estavam em uma região de mata próximo à Praia Funda e à trilha que dá acesso à Pedra do Telégrafo, quando, conforme relatos das testemunhas, foram atacados por um homem armado. Na ação, duas pessoas, um brasileiro e um polonês, foram baleados. O guia do grupo, Valcleodes Alves Ferreira, de 28 anos, foi atingido por três tiros, um em cada perna e outro no abdômen; e Pawel Gan Gravyboweki, da mesma idade, foi ferido em um dos ombros.

De difícil acesso, o local é bastante escuro, o que dificultou o trabalho do Corpo de Bombeiros, acionado por volta das 20h. A ação de resgate também contou com a Polícia Militar. Foi necessária a utilização de dois helicópteros do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) para a retirada de vítimas do local. Conhecido como Baiano, Valcelodes foi levado para o quartel dos bombeiros de Guaratiba na aeronave, junto com duas mulheres, uma americana e uma brasileira. Depois de receber o primeiro atendimento no local, ele foi encaminhado para o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, também na Zona Oeste.

Já o polonês foi levado de helicóptero para o Hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Durante a madrugada, as duas mulheres que foram resgatadas com Baiano estiveram na delegacia do Recreio dos Bandeirantes, onde o caso foi registrado, para serem ouvidas. Uma delas era a vendedora Thamirys Rocha, de 20 anos. Bastante assustada, ela contou que precisou ficar cerca de duas horas escondida na mata, depois dos disparos.

— Fomos acampar como fazemos sempre. Estávamos nos preparando para jantar e do nada surgiu um rapaz do meio do mato e atirou em Baiano, que é nosso amigo. Foi muito rápido. A gente correu para o mato. Fiquei duas horas deitada, sem poder falar, nem reagir. Não sabíamos o que estava atrás de nós. Foi horrível — disse Thamirys, sem conseguir segurar as lágrimas. — Depois, Baiano apareceu do meu lado, todo ensaguentado. Então, ele começou a assobiar, que é o jeito de falar com a gente, quando estamos na mata durante a noite. Achamos o resto do pessoal.

Para Thamirys, os disparos seriam para atingir o guia, mas não sabe por qual motivo.

— É um lugar que a gente procura a paz e a tranquilidade, e depois isso acontece! Nunca mais vou querer voltar. Achei que ninguém ia me achar e que eu ficaria ali. Foi só quando ele (o Baiano) apareceu que a gente conseguiu encontrar o resto do pessoal. Isso nunca havia acontecido — afirmou. — (Nos momentos de tensão) só pensei na minha avó, que falou o tempo todo para eu não sair, mas eu acabei indo. Perdi muito sangue, porque eu tenho uma doença crônica. Graças a Deus, estou aqui — disse Thamirys, que não quis dizer o nome da doença.

Também na delegacia, estava a americana Marie Theresa Bull, de 53 anos. Ela contou que estava prestes a ir dormir, quando foi surpreendida pela ação do criminoso.

— Eu ouvi disparos, então Baiano disse para deitarmos no chão. Talvez meu amigo polonês não tenha entendido e acabou baleado. Vi um homem entrar com uma máscara preta, vestindo uma roupa camuflada, que começou a bater no Baiano. Corri para a mata. Depois vi os helicópteros e naquele momento, percebi que estávamos a salvo. Foi muito assustador — relatou a americana, bastante assustada com o crime.

Ela explicou que é filha de uma brasileira, que morreu em março deste ano. E veio para o país para requerer a dupla nacionalidade, além de realizar um trabalho voluntário.

— Isso ter acontecido não significa que eu pense coisas ruins sobre o Brasil. Existem crimes em todos os lugares. Nada havia acontecido comigo antes por aqui. Não posso culpar o país.

Os dois homens que foram baleados, de acordo com as duas mulheres na delegacia, não correm risco de morrer. Ainda não há informações sobre a prisão do atirador.
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