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Trabalhador morre à espera de UTI em Cuiabá; ele foi atingido por motor quando perfurava poço

Da Redação - Wesley Santiago

O trabalhador Claudinei de Miranda Pinto Messias, 34 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (07) a espera de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC). Para garantir atendimento, a família havia conseguido duas liminares, mas elas não foram cumpridas pela unidade. A vítima foi internada após um motor de 35 quilos cair sobre ele quando ele trabalhava na perfuração de um poço na cidade de Confresa (1.149 km de Cuiabá), na quarta-feira, 2.

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Amigos revelaram que a vítima estava cavando um poço de 13 metros de altura quando um motor estacionário de 35 kg, que estava sendo utilizado para iluminação do local, despencou sobre ele. O laudo médico apontou que ele sofreu traumatismo craniano, de nervos e medula espinhal cervical, queimaduras de segundo grau no lado direito do corpo (até a altura do joelho) e hemorragia dos pulmões.
 
Na quinta-feira (03), Claudinei foi transferido para a sala vermelha do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), onde aguardava uma vaga na UTI. A família da vítima conseguiu duas liminares obrigando o município e o Estado a conceder a vaga, o que não aconteceu. Na manhã desta segunda-feira (07), o trabalhador teve três paradas cardíacas e não resistiu aos ferimentos.
 
Na decisão, a juíza entendeu que devido ao quadro clínico, o trabalhador teria direito a UTI: “A parte autora necessita ser imediatamente transferida para a UTI, em hospital que disponha de condições técnicas para dar suporte ao seu caso, sob pena de vir a óbito prematuramente”. Ainda acrescenta que “em parecer, o Núcleo de Apoio Técnico (NAT) informou que há a necessidade de UTI em caráter de urgência”.
 
“Tem muitas pessoas que estão desta maneira. Eles não cumpriram duas decisões judiciais. As pessoas passam a vida inteira pagando imposto e quando precisam não tem a ajuda que é obrigação do Estado. As pessoas estão morrendo, o Claudinei morreu, por conta de negligência. Isso precisa ser debatido. O trabalhador que morreu ninguém pode trazer de volta, mas queremos que isto não se repita”, disse ao Olhar Direto Raizza Souza Matos Soares, que é amiga do homem.
 
Ainda conforme Raizza, as condições do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá são desumanas: “Entramos lá e parece uma zona de guerra. Tem gente no corredor, a sala vermelha é quente, não tem ar condicionado. A gente tinha que ficar abanando ele quase que 24 horas por dia, porque as moscas vinham nas feridas. Um colega que estava ao lado pegou infecção hospitalar e teve de ser retirado da sala. Não tem estrutura para ajudar as pessoas”, finalizou.
 
Outro lado
 
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde lamentou o fato e informou que: "O atendimento às liminares são de responsabilidade do Estado, município de Cuiabá e demais municípios de MT. São atendidas por meio da Central de Regulação (unidade de cogestão SES e SMS de Cuiabá) e cumpridas mediante disponibilidade de vagas (em todo o Estado), de acordo com as necessidades clinicas de cada paciente e o perfil de cada unidade hospitalar. Lembrando que o custeio dos leitos de UTI é de responsabilidade do Estado".

Além disto, ainda acrescentou que "no caso específico do Claudinei  de Miranda se tratava de um paciente grave com indicação para UTI com suporte em neurologia e queimadura e a melhor opção  foi o HPSMC. O paciente foi recebido na sala de emergência, avaliado pela neurocirurgia, realizou tomografia e exames necessários. Foi proposto tratamento clinico (entubado, com ventilação mecânica, uso de medicação e outros). O HPSMC atendeu de pronto, com especialistas,  e todo o suporte que ele necessitava".

Por fim, é dito que Infelizmente o "paciente FOI A OBITO EM RAZÃO DA  GRAVE CONDIÇÃO CLINICA QUE APRESENTAVA (traumatismo craniano grave, queimadura e afogamento).  NÃO FOI A FALTA DE UTI QUE PROVOCOU O ÓBITO. Porém, lembramos porem que a causa da morte será conhecida após o laudo do IML".

Confira a nota na íntegra:

Em relação ao paciente Claudinei de Miranda, a SMS de Cuiabá lamenta e informa que:

1.       O atendimento às liminares são de responsabilidade do Estado, município de Cuiabá e demais municípios de MT. São atendidas por meio da Central de Regulação (unidade de cogestão SES e SMS de Cuiabá) e cumpridas mediante disponibilidade de vagas (em todo o Estado), de acordo com as necessidades clinicas de cada paciente e o perfil de cada unidade hospitalar. Lembrando que o custeio dos leitos de UTI é de responsabilidade do Estado.
2.       É IMPORTANTE LEMBRAR QUE CADA HOSPITAL É REFERENCIA/foi contratualizado PARA UM TIPO DE PROCEDIMENTO.  O Hospital Geral (é referencia para neuro,  cardio, oncologia e materno infantil),  o Hospital Municipal São  Benedito (é referencia para neuro cirurgia e ortopedia), por exemplo.
3.       O HPSMC é o único hospital do estado é porta aberta para todos os procedimentos.
4.       Em média a central de Regulação recebe de 10 a 15 solicitações de UTI/RIA de todo o Estado  e concretiza 20% delas.
5.       No município de Cuiabá existem 182 leitos de UTI cadastrados no SUS. E no Estado 409 leitos de UTI contanto com os leitos de UTI da capital. Porem para grande parte da demanda a referencia está em Cuiabá.
6.       No caso específico do Claudinei  de Miranda se tratava de um paciente grave com indicação para UTI com suporte em neurologia e queimadura e a melhor opção  foi o HPSMC.
7.       O paciente foi recebido na sala de emergência, avaliado pela neurocirurgia, realizou tomografia e exames necessários. Foi proposto tratamento clinico (entubado, com ventilação mecânica, uso de medicação e outros). O HPSMC atendeu de pronto, com especialistas,  e todo o suporte que ele necessitava.
8.       Infelizmente o paciente FOI A OBITO EM RAZÃO DA  GRAVE CONDIÇÃO CLINICA QUE APRESENTAVA (traumatismo craniano grave, queimadura e afogamento).  NÃO FOI A FALTA DE UTI QUE PROVOCOU O ÓBITO.
9.       Lembramos porem que  a  causa da morte será conhecida após o laudo do IML


Atualizada às 18h34.
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