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Pais de aluno bombeiro morto deverão ser ouvidos essa semana; imagens e vídeos serão analisados

Da Redação - André Garcia Santana

Os pais do aluno bombeiro Rodrigo Claro,21, morto na segunda-feira (15) após um treinamento da corporação, deverão ser ouvidos ainda nesta semana pela Corregedoria do Corpo de Bombeiros e pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). De acordo com o advogado da família, Júlio Cesar Lopes, oitivas já foram realizadas com testemunhas do acontecido e vídeos e imagens do treinamento também serão analisados ao longo da apuração.

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De acordo com ele, os familiares temem que as investigações sejam prejudicadas por possíveis atos de intimidação ou transferências, por isso seu trabalho tem sido realizado com a maior celeridade possível. O advogado também conta que a equipe responsável pelo treinamento foi afastada.“Imagine você em uma corporação onde deverá trabalhar por 20 ou 30 anos, é muito difícil fazer com que alguém deponha contra um superior.”

Na quarta-feira (16), o coronel Alessandro Borges Ferreira, que preside o inquérito militar, informou que a tenente Isadora Ledur, foi afastada dos treinamentos do Corpo de Bombeiros. “Todas as denúncias serão levadas para o bojo do inquérito. É obvio que a tenente, até pelo que ocorreu, não irá neste momento participar dos treinamentos deste pelotão. Todos os fatos serão apurados, não vou fazer um pré-julgamento. Vamos buscar a verdade. Tudo o que ocorreu no dia, será constatado. A corporação não coaduna com excessos e atos ilegais. As decisões serão tomadas baseadas em fatos reais.”

A mãe e o pai de Rodrigo moram em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), e chegam à Capital na quinta-feira (24), para dar sequência às averiguações. “O medo é que este caso caia no esquecimento assim como outros do tipo, e só venha a se resolver daqui a anos ou se torne inconclusivo. Em paralelo ao trabalho da Polícia e da Corregedoria, a família também busca elucidar o que realmente aconteceu para que isso não se repita com outros.”

Recentemente a mãe do jovem disse ao Olhar Direto que ele não apresentava nenhum indício de problemas de saúde antes do treinamento, e que estava “normal”, quando saiu de casa. Ele me mandou mensagem falando que tava indo e hora que chegou no treinamento mandou foto do local. Logo em seguida eles entraram em forma e eu não falei mais com ele. Fui falar só após ele sair da lagoa, porque ele me mandou mensagem falando que estava muito mal, indo pra coordenação que não tinha conseguido terminar. Eu liguei pra ele, tentei saber como ele estava mas não consegui falar mais.”

O caso

Rodrigo estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de de 1h40. Ele teria sido dispensado no final do treinamento, após reclamar de dores na cabeça e exaustão após passar por uma sessão de afogamentos. O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria e queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente a instituição.

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Ali ele teve duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma. O caso estava sendo tratado como aneurisma, hipótese descartada, segundo o advogado, em uma avaliação preliminar do médico plantonista do Instituto Médico Legal (IML) que esperou mais de dez horas para a liberação do corpo.

O primeiro laudo da necropsia foi considerado como inconclusivo. No entanto, segundo Júlio, informações preliminares já haviam apontado que não houve aneurisma cerebral, como cogitado anteriormente.
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