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Gasparoto critica ‘corporativismo’ no serviço público e sindicalista conclama servidores a boicotarem Decorliz

Da Redação - Laíse Lucatelli

O empresário Paulo Gasparoto, dono da rede de lojas de decoração Decorliz Lar Center e presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (FDCL), criticou a forma de atuação dos servidores públicos para conseguirem aumentos e reposição salarial, e chamou o setor de corporativista, durante audiência pública para discutir a reforma tributária, na terça-feira (29). Insatisfeito com o valor da alíquota proposta pelo governo, de 16%, o empresário responsabilizou os gastos com o serviço público pela crise.

As declarações provocaram reação, e levaram a presidente do Sindicato dos Conciliadores do Procon, Cristiane Vaz, a conclamar os servidores públicos a boicotarem as lojas Decorliz. A deputada estadual Janaina Riva (PMDB) também saiu em defesa dos servidores.

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“O serviço público está ficando aristocrata, extremamente privilegiado. E isso vem fazendo com que o gasto de todos os governos fique em situação difícil. Talvez busque até aumento de impostos para suprir a demanda que tem hoje dos poderes. E estou também indignado com isso”, disparou o empresário. 

Gasparoto focou suas críticas nas greves no setor público. “Em nosso estado, os sindicatos públicos se organizaram de tal forma, que eles conseguem fazer greve em todos os setores. É na segurança pública, na saúde, na educação. Greve de 30, 60,90 dias. E nada acontece. Botam a faca no pescoço dos governos, e muitas vezes os governos não têm condição de dar os aumentos que são reivindicados”, disse.

Ele comparou a atuação sindical dos servidores públicos com os trabalhadores da iniciativa privada. “Nós temos hoje 12% da população brasileira desempregada. Isso significa R$ 22 milhões de brasileiros sem trabalho. Eles são da iniciativa privada ou do setor público? Quem é que está desempregado hoje? Então não é possível mais continuarmos a ficar sob essa pressão permanente do funcionalismo público, dos sindicatos extremamente organizados”, disse.

“Não cumprem nem a Constituição, porque são serviços essenciais que não deveriam ter greve. Bota multa para os sindicatos e não pagam. Ainda têm seus dias remunerados. Onde isso acontece na iniciativa privada? Onde isso acontece dentro das nossas empresas?”, completou.

Gasparoto afirmou que o governo deveria trabalhar para evitar o fechamento de empresas, e não o contrário. “Temos o sofrimento, a dor de dispensar um funcionário porque não conseguimos mais pagar. Quando se fecha um estabelecimento, deixamos de pagar uma série de coisas que geram renda para o estado: a energia elétrica, o combustível, os funcionários. O estado devia se preocupar diuturnamente para não deixar fechar nenhuma empresa”, declarou.

O empresário disse, ainda, que pretende ajudar o governo a mudar a relação que o Estado tem com os servidores. “Sugiro uma audiência pública com o comércio para tratar desse assunto, desse gasto interminável, que já passou da Lei de Responsabilidade Fiscal, que nosso estado não tem mais condição de dar aumento. E vivemos pressionados quase todas as semanas recebendo greves. Nós temos que ajudar o governo a combater esse corporativismo que está instalado dentro do servidor público brasileiro”, afirmou.

“Essa semana li no Estadão que custa R$ 10 bilhões para o país só o que o funcionalismo recebe acima do teto. Os penduricalhos que estão hoje dentro da folha de todos os poderes. Nós não podemos mais. Nós somos pobres. Não temos condições de pagar isso. Será que os sindicatos não entendem que não é o momento de pedir aumentos abusivos? É melhor ficar sem reposição que ficar sem trabalho. É isso que está acontecendo dentro da iniciativa privada”, concluiu.

Boicote à Decorliz

A sindicalista Cristiane Vaz, que é conciliadora do Procon, reagiu às declarações e, em seu perfil no Facebook, pediu que os servidores boicotem a rede de lojas de Gasparoto. “De toda forma, sugiro ou melhor conclamo, todos os servidores públicos a NÃO realizar compras, especialmente no Natal na loja Decorliz, pois na iminência de termos nossos salários congelados, devemos gastar nosso suado e digno salário com empresas que respeitam a nossa condição de TRABALHADORES. A luta!”

Cristiane destacou que a Decorliz perdeu este ano seus incentivos fiscais. “Talvez tal indignação tenha sido motivada exclusivamente por sua empresa ter sido excluída do Programa de Incentivos Fiscais - PRODEIC em 2016 e agora, precisará pagar impostos como nós, servidores públicos, que sempre pagamos, SEM INCENTIVO.”

A Decorliz Lar Center saiu voluntariamente do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), e perdeu o incentivo em maio deste ano. A perda dos benefícios faz parte do pacote de retirada de incentivos fiscais do comércio que o atual governo está fazendo, para priorizar o incentivo à indústria.

Defesa dos servidores

A deputada Janaina Riva também reagiu às declarações de Gasparoto, poucos minutos depois, ainda na audiência pública. “O vilão é o poder público. Não adianta falar que os servidores são causadores da crise, como disse o Gasparoto. O peso do Estado não está nos que recebem salários ínfimos, e sim nos que recebem auxílios e verbas indenizatórias, inclusive nós, deputados”, discursou a parlamentar.

Na noite de terça-feira, durante a sessão, informou que vai pedir vistas do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2017, após sua emenda que garantia a Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores estaduais ter sido reprovada. Ela pretende debater a questão com os servidores.
 
Leia a postagem da sindicalista Cristiane Vaz na íntegra:

 
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