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Notícias / Cidades

A ascensão milionária de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral

Carolina Heringer, Extra

De um prédio de classe média baixa em Copacabana a hotéis cinco estrelas em Paris. Antes de se mudar para o Leblon e passar os fins de semana numa mansão em Mangaratiba, Adriana Ancelmo, de 46 anos, teve uma vida bem modesta — muito menos reluzente do que a revelada, no mês passado, pela Operação Calicute.

No fim dos anos 80, vivia num edifício de cinco andares na Rua Ministro Viveiros de Castro. Estudava a poucos metros dali, na Escola Estadual Infante Dom Henrique. Foi uma estudante mediana e colecionava notas C, bem diferente da aluna brilhante que Régis Fichtner, ex-secretário de Sérgio Cabral, diz ter encontrado no curso de Direito da PUC.

— Ela passou por uma escola pública e não se sensibilizou com a realidade que vivemos aqui? — questiona uma funcionária que, com medo, prefere não se identificar.

Antes, a ex-primeira-dama do Rio estudou na Escola Municipal Roma, também em Copacabana, onde cursou a 2ª, a 3ª e a 4ª série. Dos 11 aos 16 anos, chegou a viver com a família em Goiânia, capital de Goiás, onde também estudou em escolas públicas.

Nascida em São Paulo e filha de pais separados, Adriana e a irmã Nusia, que pediu exoneração na semana passada do Tribunal de Contas do Estado, foram criadas pela mãe, Eleusa. Nos pilotis da PUC, na Gávea, a advogada conseguiu seu passaporte para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Na universidade conheceu Régis Fichtner, que foi seu professor. Procurador-geral da Alerj, em 2001, levou Adriana para ser sua assistente.

No mesmo ano, na Assembleia, num encontro “fortuito” no elevador, conheceu Cabral. Ambos casados, separaram-se para ficar juntos em 2002. Hoje, o casal tem dois filhos. Em casa, quem sempre deu as ordens foi Adriana, chamada por Cabral de “Riqueza”. A ex-primeira-dama é conhecida por seu temperamento forte e é classificada por alguns como autoritária.

Adriana sempre optou por aparecer pouco. Não gostava de ir às agendas de Cabral. Quando aparecia, era de poucos sorrisos. Adriana é vista por assessores e secretários com certa antipatia. O ciúme que sentia do marido era capaz de tornar o semblante da advogada ainda mais sisudo. Era comum implicar com mulheres que trabalhavam com o companheiro. Brincalhão, Cabral mantinha-se mais discreto quando estava na companhia da mulher.

— Ela só falava com os secretários do grupo mais próximo do Cabral, como o Wilson Carlos e o Sérgio Côrtes — revela uma fonte que fez parte do secretariado de Cabral, mas prefere não se identificar. (Colaborou Marina Navarro Lins)

Patrimônio

O patrimônio de Adriana Ancelmo multiplicou-se por dez nos dois mandatos do marido — entre 2007 e 2014. O crescimento coincide com o aumento na receita de seu escritório de advocacia — Ancelmo Advogados — e também dos clientes.

Escritório

O escritório ocupa todo um andar — o 14º — de um prédio na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio. No meio jurídico, o nome da ex-primeira-dama era totalmente desconhecido até o marido se tornar governador.

Sociedade

Até meados de 2010, Adriana era sócia do ex-marido, Sérgio Coelho, no Coelho, Ancelmo e Dourado Advogados.

Luxo

A vida luxuosa da advogada não era segredo para quem convivia com ela. No Werner Maison, em Ipanema, costuma ser atendida pelo próprio dono da rede, Rudi Werner e seus assistentes. Um corte de cabelo do profissional sai por R$ 428.

Aplique

Adriana costuma se arrumar para festas com Rudi. Numa ocasião, pediu que comprassem um aplique de R$ 3 mil para colocar no cabelo. Usou apenas uma vez, e, no dia seguinte, deu o assessório a uma assistente de Werner. O gesto surpreendeu os funcionários do salão.

Sumida

A ex-primeira-dama não tem sido vista pelas ruas do Leblon. “Deve estar quietinha em casa agora”, diz um jornaleiro da região. Na semana passada, ela esteve em Brasília.

Silêncio

Adriana é suspeita de lavar dinheiro do esquema de desvio de verbas de obras do governo estadual. Há suspeitas de que o dinheiro tenha sido lavado com contratos de seu escritório. O EXTRA procurou Adriana em seu escritório e pediu uma entrevista. A pedido de uma advogada, foram encaminhadas perguntas para um endereço de e-mail, mas a mensagem não foi respondida até o fechamento da edição.
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