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Seleção brasileira faz amistoso com pitada de várzea na Estônia

Folha de S.Paulo

Não será nada glamouroso o início da temporada que a seleção brasileira sonha em fechar com o título da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

Hoje, às 14h15, no amistoso contra a Estônia, em Tallinn, o time fará um jogo com ingredientes de confronto de várzea.

E não só pela capacidade do estádio --a Le Coq Arena, apesar de moderna, comporta apenas 10 mil pessoas, e mesmo assim ainda tinha ingressos disponíveis ontem à tarde.

O futebol na Estônia ainda é semiamador. Mesmo nos clubes da primeira divisão, os jogadores alternam o futebol com outros empregos ou, em sua maioria, com os estudos.

Mesmo em sua seleção, o país báltico tem episódios varzeanos. O melhor jogador do país, o meia Oper, não vai atuar hoje na primeira partida da história entre estonianos e brasileiros.

Mesmo amparada pela Fifa, que manda os clubes liberarem os atletas convocados por suas seleções em datas oficiais, a federação da Estônia não conseguiu convencer o clube chinês onde joga Oper a liberá-lo.

Em uma revista feita especialmente para o jogo, e confeccionada nos últimos dias, os cartolas estonianos escalaram na sua equipe um goleiro aposentado já há meses.

Caso o árbitro sueco escalado para a partida tenha algum problema, quem vai completar o trio de arbitragem será um juiz estoniano aposentado que também é chefe de polícia e que está sendo homenageado.

Nas arquibancadas, uma torcida que não é das mais violentas, mas que no ano passado protagonizou uma agressão bizarra: por não gostarem da forma como uma cantora pop interpretou o hino nacional, em confronto com as Ilhas Faroë, dois torcedores agrediram a artista depois da partida.

Na beira do gramado, no lugar das multinacionais gigantes que compram placas publicitárias em jogos do Brasil, o clima também será varzeano.

Até a dupla sertaneja sul-matogrossense Maria Cecília & Rodolfo, ainda em início de carreira, conseguiu comprar espaço no acanhado estádio.

Nesse ambiente, a seleção brasileira sabe que qualquer tropeço contra a Estônia, apenas 112º no ranking da Fifa (e atrás de países como Suriname, Barbados e Ilhas Fiji), será um enorme problema.

"Perder para a Estônia seria um desastre", reconhece o volante Felipe Melo.

"No Brasil, até quando a gente não faz gol em treino é criticado. Imagine se a gente não ganha aqui. Vocês [imprensa] vão falar disso durante meses", disse o técnico Dunga, que no entanto não quis falar que o rival é tão frágil assim. "No futebol, mais do que em qualquer outro esporte, o mais fraco pode ganhar do mais forte."

Depois do jogo de hoje, a seleção volta a campo em setembro, quando enfrenta Argentina e Chile pelas eliminatórias e deve sacramentar sua classificação para a Copa da África do Sul. Para novembro, existe a negociação para a realização de um amistoso contra a Inglaterra, que seria disputado em outro país pequeno: o Qatar.

ESTÔNIA
Pareiko; Jaager, Piiroja, Barengrub e Klavan; Puri, Vunk, Kruglou e Vassiljev; Voskoboinikov e Kink.
Técnico: Tarmo Ruutli

BRASIL
Júlio César; Maicon, Juan, Lúcio e André Santos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luis Fabiano.
Técnico: Dunga

Local: Le Coq Arena, em Tallin
Horário: 14h15
Juiz: Martin Ingvarsson (Suécia)

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