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Ameaçado, PM receberia promoção para ajudar no caso "grampos"; veja vídeo

Da Redação - André Garcia Santana

O tenente-coronel José Henrique Costa Soares revelou à Polícia Civil que recebeu a proposta de uma promoção caso contribuísse com a tentativa de blindar o secretário de Segurança Pública, Roger Jarbas, descreditando o desembargador Orlando Perri, responsável pelas investigações da “grampolândia pantaneira”. A informação consta em depoimento gravado pela delegada Ana Cristina Feldner, que cuidou do caso no âmbito da Polícia Judiciária Civil.

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Ao ser ouvido, o tenente-coronel contou que as negociações aconteceram em dois encontros. Em um primeiro momento o tom adotado era de ameaça, uma vez que os militares poderiam expor situações particulares prejudiciais a ele. Depois, com a avançar das investigações, os acusados teriam visto no tenente-coronel uma chance de “blindar” o secretário. A partir daí, a moeda de troca mudou e a promoção passou a ser mencionada.

“Fui bastante solicito com ele coronel Airton Siqueira], sem falar muito em promoção, mas ele pendeu pro lado da promoção. Com outras palavras: “se você fizer isso, isso está garantido.” Até no final da conversa ele pergunta: “o que você quer de garantia que isso vai acontecer?” Abri os braços e disse que nada”, afirma. Ao longo do depoimento ele destaca ainda a preocupação com o andamento das investigações e diz ter sido questionado sobre possibilidade de pedido de prisão preventiva de Siqueira.

Em um terceiro encontro, que, segundo Soares, ainda aconteceria, os suspeitos indicariam um membro do Ministério Público Estadual (MPE) para o qual ele deveria entregar as acusações contra Perri, incluindo um áudio adulterado. “O objetivo era expor o desembargador, tanto é que a farda com essa montagem, o equipamento instalado foi para monitorar, captar imagens áudio do desembargador, não tinha outra finalidade. O objeitvo era expor o desembador para que ele saísse do processso, porque ele não estava ajudando em nada o grupo, ao contrário, estava prejudicando e muito."

Operação Esdras

A operação Esdras, deflagrada na quarta-feira (27), culminou na prisão de advogados, dois coronéis e um major da Polícia Militar e também o delegado e secretário afastado, Rogers Jarbas. As investigações vieram a tona após reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, que revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.

Além de Jarbas estão presos o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, que é primo do governador Pedro Taques (PSDB); Marciano Xavier das Neves; o secretário de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e coronel PM Airton Benedito de Siqueira Júnior; ex-secretário da Casa Militar e coronel PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco; sargento PM João Ricardo Soler; o major da PM Michel Ferronato; 
 
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