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Notícias / Cidades

Morador da Praça 8 de Abril chega a ganhar R$ 80 por dia como flanelinha

Da Redação - Fabiana Mendes

Foram cerca de 20 minutos sentada no banco da Praça 8 de Abril, no bairro Popular em Cuiabá, para a aposentada Zuleika Antônia da Silva, de 79 anos, observar que o local se tornou ‘moradia’ de muitos usuários de droga. Neste pouco tempo, apareceram ao menos cinco que conversavam e faziam o uso da pedra da morte: o crack.
 
Para sustentar o vício, muitos acabam fazendo serviços de flanelinha e chegam a arrecadar R$ 80 por dia, ou seja mais de R$ 2 mil por mês. 

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“Eles já fazem parte da praça, e creio que muita gente deixa de frequentar o local por conta disso”, conta a aposentada. Ela também expõe que a praça está abandonada. “A praça precisa de uma boa reforma e de segurança. Deste jeito eles [moradores] vão acabar tomando conta do local”, destaca.
 
A praça possui uma parte coberta. Também dispõe de banheiros.  É rodeada por bares e restaurantes e frequentadas por pessoas das mais diferentes classes sócias que se habituam a estacionar seus veículos nas redondezas, se tornando um alvo fácil para os ‘flanelinhas’.
 
Foi a partir desta perspectiva que Carlos Roberto, de 75 anos, saiu do Estado do Rio de Janeiro e viu a oportunidade de ganhar dinheiro da capital cuiabana como ‘flanelinha’. Carlos disse que ‘trabalha’ dia e noite e costuma ganhar até R$80 reais por dia.
 
Em uma das ocasiões ele chegou a receber R$ 100 reais pela lavagem de um veículo de luxo. “Eu não cobro por nenhum serviço. A pessoa me dá aquilo que achar justo. Alguns dão R$ 2, outros 5. Mas na semana passada um homem e deu R$ 100 porque eu lavei uma Mercedes”, conta.
 
Questionado sobre como gasta o dinheiro que recebe com os serviços, ele foi claro. “não uso drogas, mas tomo cachaça”, declara.
 
Entretanto ele salienta que não consome no horário de ‘trabalho’. “Tem dias que eu viro a noite. Mas geralmente nas segundas-feiras eu tiro o dia para descansar”, explica.
 
Segundo ele, foi com 13 anos que ele saiu de casa desde então já conheceu diversos Estados brasileiros. “Depois que sai de casa fiquei por dois anos do Rio de Janeiro, depois fui pra Manaus, Belo Horizonte e Espirito Santos. Estou em Cuiabá há dois anos e pretendo continuar se tudo continuar dando certo”, esclarece.
 
Insegurança
 
Os comerciantes da região reclamam da permaneciam dos usuários na praça. Um taxista que possui um ponto fixo na praça há 16 anos contou que os usuários sempre frequentaram o local e a sensação de insegurança prevalece. “Já presenciei a retirada [dos moradores] várias vezes, mas no dia seguinte eles acabam voltando”, disse o taxista que pediu para ter seu nome preservado.
Segundo ele, o ponto de táxi e vulnerável e até a televisão que havia no ponto já foi furtado.
 
“Nos, [taxistas] ficamos aqui praticamente o dia todo e vimos de tudo. Durante a noite a praça vira ponto de encontro desses usuários”, diz.
 
Segundo ele, o fato predominante para a permanência dos usuários no local é os restaurantes da região. “Os usuários ficam aqui porque é coberto. Ao redor, tem um monte de restaurante. Quando eles estão com fome o pessoal dá comida. Quando precisam usar droga, é só cuidar de um carro que eles conseguem dinheiro. A vida deles é fácil”, salienta.
 
A reportagem encontrou com a auxiliar de cozinha, Erika Camila de 29 anos, que estava com algumas crianças. Ela ressaltou que o local está desprotegido. “A praça esta precisando de uma limpeza, segurança e iluminação, pois notei que não tem”, conta.
 
Projetos
 
De acordo com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá, a Praça 8 de Abril está no cronograma de trabalho para ser completamente revitalizada.  A expectativa é de que até o fim do ano o local comece a passar pelas melhorias.
 
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