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Especial Enem 2017: professores de Cuiabá listam 15 possíveis temas da redação

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

De vírus e bactérias às estrelas e o sistema solar. Do ativismo na Web à realidade social na porta de casa. Nossa saúde... nosso estilo de vida... nossos hábitos de consumo... É possível listar quantos temas interessantes poderiam cair em um Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)? Todos, não, mas podemos selecionar os 15 prováveis deste ano! 

Para ajudar o estudante nesta reta final, Olhar Direto produziu uma série de reportagens com professores e orientadores de duas conceituadas unidades educacionais de Cuiabá: Colégio Coração de Jesus (CCJ) e Colégio Master.

Nesta primeira matéria, fizemos um bolão: 15 possíveis temas para a redação deste ano. Nossos professores, Juliana Poleto e Priscila Germosgeschi, fazem suas apostas e abordam técnicas de estudo, método de avaliação da banca, dicas de como produzir um texto com nota máxima e alerta sobre o que o aluno jamais deve colocar em um texto (é sério!). 

O ENEM 2017 acontece nos próximos domingos (05 e 12 de novembro), com abertura de portão às 11h (horário de Cuiabá) e fechamento às 12h. Boa Sorte!

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Tema de redação do ENEM? Um bolão de professores:

“Este ano ainda é uma incógnita, de todos os anos este é o mais difícil. Temos algumas expectativas...”, adianta Juliana Poleto, professora de redação do ensino médio do Colégio Coração de Jesus (CCJ). Vamos às apostas! 

“Pode ser tema deste ano as minorias ainda não trabalhadas, como o idoso (que seria tema em 2009 e não foi). Também destaco a questão da depressão e seus impactos na sociedade, assunto bastante debatido no início do ano! A obesidade infantil pode ser trabalhada, assim como o novo conceito de família, incluindo os direitos da homossexualidade, LGBT´s e homofobia”.

Poleto traz outras duas ideias, uma bastante provável, outra nem tanto: “Acrescentaria outros dois temas que podem, desde 2006, serem abordados: uma é a mobilidade urbana, que ainda não caiu, mas que sempre é uma possibilidade. O outro, bem... não sei se eles teriam peito para levantar tal bandeira, mas a legalização da maconha, visto tantos conflitos, como em São Paulo, relacionado aos usuários”.

“Tudo pode ser tema de vestibular e de ENEM, um assunto mínimo pode se tornar uma grande proposta!”, avalia a professora de redação do Colégio Master Priscila Germosgeschi.

No corre-corre, entre uma aula e outra, ela atende a reportagem e faz suas apostas para este ano. “Como vivemos em uma época com muitos problemas sociais no país, temos muitas possibilidades. O que se destaca? Primeiramente aquilo que nunca foi pedido; segundo: um assunto que envolva todas as faixas etárias e classes sociais; Então vamos por eliminação...”

“Podemos pensar no tema do preconceito. É possível, mesmo já tendo sido tema por muitas vezes? Sim, sobre alguma forma específica de preconceito ou de intolerância, o fato de já ter caído não significa que não possa novamente. Vejo hoje bastante possibilidade de cair questões de: inclusão (em todas as suas formas) inclusão do ser humano, do jovem e do deficiente...isso é bastante importante. Questões sobre voluntariado e solidariedade é importante também; alimentação! Mesmo já tendo sido tema de proposta anterior, mas as pessoas privadas de liberdade pode ser novamente colocado como tema, sob um novo viés, ligado ao bem estar... por exemplo”, avalia a professora do Master.

Adiante, considera a alimentação, o sistema carcerário e a saúde pública:

“A alimentação do brasileiro de um modo geral, obesidade e sedentarismo. Outra coisa que tenho trabalhado bastante com meus alunos: problemas do Brasil hoje, como sistema carcerário, (que foi bastante comentado no início deste ano, deu uma esfriada depois, mas pode cair sim). Aliás, tudo o que envolve o sistema carcerário no país, como a criminalidade infantil e a violência, pode cair também..”

“Outro viés: o ativismo político nas redes sociais, muito embora as pessoas não acreditem que possa cair uma questão política, mas pode sim, principalmente sobre o envolvimento do jovem e da sociedade com a política. Destaco a sexualidade, o combate à homofobia, a gravidez na adolescência, as doenças sexualmente transmissíveis, a AIDS entre os jovens e suas campanhas de prevenção, as campanha profiláticas que o governo oferece. Outro: os programas de vacinação, programas de saúde como o combate à dengue, como o homem se comporta perante a questão de seu quintal e seu espaço urbano”.

O que NÃO posso falar no ENEM?

Sobre o que jamais, em hipótese alguma, o candidato pode fazer na redação desta prova, os professores são unânimes: ferir os direitos humanos! Fique esperto! 

“Ferindo-os, você perde a capacidade avaliativa, o corretor desconsidera teu poder de avaliação. Ferir diretos humanos implica em aprovar pena de morte e propor combate à violência com violência. Os corretores do ENEM são flexíveis quanto ao posicionamento do candidato. Ele espera que você traga uma proposta de intervenção para solucionar a problemática. Todo tema do ENEM é uma problemática, se não é, você deve transformar em, pois eles querem que você, candidato, tente solucionar a questão. A Competência 5 avalia exatamente isso, propostas de intervenção”, avalia Juliana, do CCJ.

Veja esse exemplo: 

“Já li uma redação fantástica, perfeita, sobre a violência contra a mulher, em que no final a candidata propôs como intervenção que as mulheres aprendessem autodefesa", lamenta a professora Juliana. O que isso significa? "Indiretamente ela colocou que a violência se resolveria com violência. Na idéia dela, ela fala enquanto mulher, fala de empoderamento (compreendo), mas não foi esta a interpretação do corretor... que entendeu que ela feriu direitos humanos ao deixar implícito que violência se resolve com violência...”

Como a banca irá me avaliar, então?

A banca de julgadores do ENEM avalia um texto sob a ótica de cinco competências, que precisam ser preenchidas. Preste atenção nelas e entenda como produzir um texto que as leve em consideração. A professa Juliana explica a competência que lhe desperta atenção:
 

Competência 1

Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa

Competência 2

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

Competência 3

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista

Competência 4

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação

Competência 5

Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos



“A Competência 3 avalia se o candidato tem intertextualidade, a capacidade de associar ou agregar disciplinas e informações diferentes em seu texto, inserir referências, citações e fatos cotidianos de conhecimento geral, para agregar a seu conhecimento. Mostrar ao corretor o seguinte: ‘olha, não é somente eu quem pensa assim, existe uma pesquisa realizada pela OMS ou IBGE que confirma meu posicionamento’”, explica.

Para Priscila, do Master, “escrever na norma culta, em primeiro lugar”. O que significa abandonar o português de Facebook. “Em segundo lugar: adequação ao tema e à tese. No parágrafo de introdução isso precisa estar claro, não pode ser constatação, precisa ser juízo de valor, para mostrar à banca que você tem uma opinião, uma ideologia. Terceiro: conteúdo. Isso é muito significativo e aqui no colégio pegamos muito pesado com os alunos quanto a isso. É crucial que o aluno tenha um poder de persuasão grande, que seus argumentos estejam diretamente relacionados àquilo que ele está defendendo, então não adianta ter ótimas idéias. É como uma teia, não uma colcha de retalhos, as idéias precisam estar conectadas, é importante ter isso em mente”.

Priscila acrescenta outro tópico: “Competência 5: pego muito no pé, pois o manual do candidato hoje traz algo que até o ano passado não tinha, que são os ‘efeitos sociais’. Além de não ferir aos direitos humanos e atender as especificidades que disse anteriormente, é crucial apresentar ao final os quatro elementos: o agente, a ação que devemos exercer, o meio ou o modo detalhado e os efeitos sociais que essa proposta trará. O aluno tem que saber que não pode ir para a prova sem ter consciência de que deverá apresentar o efeito social de sua proposta. Os corretores capacitados pela UNESP agora vão olhar este viés. Às vezes agente acha que fazer redação é só escrever, mas ela tem um monte de critérios e formatações”.
 
“Tudo pode ser assunto de vestibular e de ENEM, um assunto mínimo pode se tornar uma grande proposta”
 
Começo fazendo a prova pela redação ou a deixo para o final?

Para o Orientador Educacional do Colégio Coração de Jesus, Giovani Lacerda, definir uma estratégia de produção de redação é algo muito pessoal, portanto, só o candidato saberá como iniciar sua prova. “Cada aluno tem sua estratégia, alguns alunos não gostam de nem ler o tema! Resolvem a prova e só depois começam a redação. Porém, a grande expectativa do aluno, o ano inteiro, é ver se ele acertou o tema da redação, não adianta, ele vai olhar a proposta que a prova deixou para ele ali. É até interessante para ele já começar a pensar, ao longo da prova, no assunto, em uma proposta de intervenção, enfim, criar um banco de idéias. Cada aluno tem seu jeito de fazer a prova. Têm gente que é mais rápido para fazer a prova de linguagens, outros de exatas. Com o tempo eles mesmos vão definindo sua estratégia”, avalia.

O que posso fazer nesta reta final? Ainda vale a pena estudar?

“Mesmo nessas alturas do campeonato, a leitura segue sendo importante. Ler e reler redações que você fez ao longo do ano. Refaça-as! Refazer é uma charada muito boa! Algumas intervenções poderiam ficar melhoras, faça de novo. Inclusive no primeiro ano já estamos fazendo para eles sentirem como será o ENEM, estabelecer um tempo. Por exemplo: ‘definir tantos minutos para fazer um banco de idéias, tantos minutos para escrever a introdução, etc’, visto que no ENEM, temos em torno de 1h10 para produzir a redação”, avalia a professora Juliana.

Priscila acrescenta, na mesma linha. “É preciso ter uma noção de atualidade, mas também não pode ficar só preso ao censo comum, pois às vezes essa noção de atualidade faz com que ele jogue todas as informações esperadas ali, às vezes ele vai pra prova e sabe apenas com base naquilo que os textos de apoio trazem, de modo que ele não vai além do que está ali, não foge daquilo e isso contribui negativamente ao seu poder de persuasão, pois ele não vai trazer uma reflexão diferente, um pouco mais aguçada e crítica. Aquela coisa das qualidades que um texto precisa ter: originalidade, informatividade e aceitabilidade”.
 
Reveja a lista dos 15 eixos temáticos escolhidos pelas professoras:

Sobre estes e outros temas, a professora Priscila indica seu blog: Curso de Redação.net
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