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"Quanto mais quente maior é a intensidade de raios ultravioleta”, diz médica sobre câncer de pele

Da Redação - Vinicius Mendes

De acordo com os dados atualizados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em Mato Grosso cerca de 4.170 pessoas vivem com algum tipo de câncer de pele. De acordo com a dermatologista Elaine Togoe o sol forte característico do nosso Estado pode contribuir com a incidência de câncer de pele, no entanto não é o único fator relevante. Em entrevista ao Olhar Direto ela também fez algumas recomendações.

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Com a intenção de estimular a população na prevenção e no diagnóstico ao câncer da pele, o mês de dezembro foi batizado como Dezembro Laranja. O Inca contabiliza os casos de câncer de pele melanoma e não melanoma de forma distinta. Em Mato Grosso a taxa de incidência de câncer de pele melanoma é de 1,97 para cada 100 mil homens e 1,57 para cada 100 mil mulheres. Já para câncer não melanoma a taxa é de 152,01 para homens e 100,04 para mulheres, também para cada 100 mil.

No total no Estado são 2.560 homens e 1.610 mulheres com algum tipo de câncer de pele. A Dra. Elaine afirma que o sol forte, característico de nossa região, contribui para o surgimento da doença, mas não é o único fator.

“O sol quente de Cuiabá com certeza contribui, porque quanto mais quente maior é a intensidade de raios ultravioleta B e A. Mas não tem como afirmar que aqui em Mato Grosso a incidência é maior só por isso. Porque existem lugares em que a incidência é maior pelo tipo de pele da população. Não está relacionado só com lugar quente, são vários fatores. Então a gente tem a exposição solar que contribui, claro, as pessoas mais brancas têm mais chances de desenvolver câncer de pele, a genética também é outro fator”, disse.

O câncer de pele não melanoma é caracterizado por feridas na pele cuja cicatrização demore mais de quatro semanas, variação na cor de sinais pré-existentes, manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram.

O câncer de pele melanoma pode surgir a partir da pele normal ou de uma lesão pigmentada. A manifestação da doença na pele normal se dá após o aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares acompanhada de coceira e descamação.  Em casos de uma lesão pigmentada pré-existente ocorre aumento no tamanho, alteração na coloração e na forma da lesão, que passa a apresentar bordas irregulares.

A Dra. Elainde disse que é importante ficar atento aos sinais e procurar um dermatologista habilitado para fazer o diagnóstico correto.

“Geralmente é uma pinta preta, que altera, que cresce, que sangra ou descama. Outra coisa que pode alterar é uma lesão mais clara, que pode estar crescendo, brilhante, que está sempre machucado no local. Estes são os sinais mais graves. O ideal é procurar um dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que são os que são capazes de fazer diagnóstico, dermatoscopia, que são os que estudam câncer de pele. E quanto mais cedo melhor para o tratamento”, disse.

Para se prevenir, a principal ferramenta é o protetor solar. A dermatologista disse que para quem passa mais tempo no sol sua utilização é indispensável. Ela percebeu que a população tem se conscientizado sobre isto.

“A principal forma de prevenção ainda é o protetor solar, mas existem outras coisas, como blusas, chapéus, óculos, insufilmes de carro, então tudo isso ajuda. Porque aquela pessoa que trabalha no sol corre mais risco. Porque tem pessoas que são fazendeiros, tem gente que trabalha varrendo a rua, outros já trabalham dirigindo, no sol, mas tem outros que trabalham em escritório e a chance é menor. E tem aumentado o número de pessoas que utilizam o protetor solar, não só em mulheres, mas homens também, que não estão só fazendo uso em pescaria, por exemplo, mas diariamente mesmo”.

De acordo com a médica, o principal fator que causa o câncer de pele é a longa exposição aos raios ultravioleta, por isso em muitos casos a doença surge já depois dos 40 anos.

“É por causa do acúmulo de ultravioleta na pele durante a vida toda, então por exemplo, o câncer surge mais entre os 45 ou 50 anos porque já são muitos anos pegando um pouquinho de sol todos os dias, acumulando ultravioleta, e chega uma hora que a célula cansa, machuca o DNA dela, e aí ela começa a proliferar de forma descontrolada, aí começa a se desenvolver um câncer. Então se vê que é um acúmulo de ultravioleta, tanto do sol, quanto da luz do dia a dia, de tudo isso, sem proteção, é nocivo”.

Mesmo para quem não trabalha diariamente no sol é recomendado o uso de protetor solar. A médica diz que até a luz branca dos escritórios pode contribuir, em conjunto com a exposição ao sol.

“A luz branca, de lâmpadas de ambientes internos, tem ultravioleta também nela, mas não tem como dizer que a pessoa que vive o dia inteiro sob luz branca vai desenvolver câncer por causa desta luz. Mas diariamente, em qualquer ambiente, é recomendado o uso do protetor solar. Claro que é mais para quem passa muito tempo no sol, mas por exemplo, aquelas secretárias que passam o dia com lustres próximos a elas também tem que usar o protetor. Dentistas também, como vivem com muita frequência com aquela luz forte próxima a eles, acumula com o sol do dia a dia e podem desenvolver a doença”.

Na época de verão, quando as pessoas têm o costume de passar mais tempo no sol, é necessário um cuidado maior com a pele. A doutora afirma que além da aplicação do protetor, alguns horários específicos devem ser evitados.

“Passar protetor de 3 em 3 horas, e o protetor tem que ser aplicado de forma correta, não adianta passar uma camadinha fina, tem que ser uma camada mais grossa. Outra coisa é preferir os horários até as 10h e depois das 15, para pegar sol, porque nestes horários é quando tem menos ultravioleta B. Mas para cuidar da saúde da pele é importante também realizar a dermatoscopia, fazer acompanhamento a cada 6 meses, usar os protetores recomendados pelo dermatologista, sempre fazer uma consulta para ter uma avaliação”.
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